Arnobio Rocha Crise 2.0 Crise 2.0: UE – Buraco Sem Fundo

Crise 2.0: UE – Buraco Sem Fundo

 

Olii Rehn, comissário da UE para Assuntos Econômicos – Números Piores

 

 

Depois das declarações de Merkel, de que a Crise terá pelo menos mais 5 anos de duração, como analisamos no post Crise 2.0: Mais 5 Anos de Crise, agora, o Comissariado da UE, seu braço executivo, um dos tripés da Troika, publica um relatório revisando para baixo as perspectivas de 2013, inclusive desmentindo dados do Governo Espanhol que apontava queda menor. Aqui, na série sobre a Crise 2.0, tratamos os relatórios com devido cuidado, para não sermos enganados pelos números, mais ainda, para demonstrar que eles seguidamente são piores do que os previstos anteriormente.

O relatório da UE é pessimista, no geral, sobre 2013, apontando um “crescimento” de 0.1%, com a expectativa de que em 2014 seja de 1,4%, números pobres demais para uma Crise que já perdura, na UE, os 5 anos, pois, a superprodução de capitais se deu em 2007, um pequeno hiato em relação aos EUA, que teve seu ápice em 2005. São longos anos, que fez o encanto do Euro se quebrar, aquela leva de festas, de que agora a Europa iria dominar o mundo, começou a despencar, com uma desagregação social, Econômica e política. O clima de ajuda mútua pragada pelos idealizadores da UE foi substituída pelo autoritarismo das relações internas, imposições por parte da Alemanha de sanções e sacrifícios inimagináveis aos “cidadãos iguais” do bloco.

O centro do relatório dos burocratas vai direto ao assunto: “O agravamento da crise da dívida soberana no primeiro semestre do ano, com o aumento das preocupações do mercado sobre a viabilidade de longo prazo da zona do euro, e as respostas negativas entre as pressões de financiamento dos bancos e a atividade econômica são as principais razões para o decepcionante desempenho do crescimento em 2012”, afirmou a Comissão. Segundo a Reuters, o “fraco ponto de partida irá manter o crescimento baixo para não-existente em 2013, disse o órgão, e qualquer expansão acontecerá principalmente por causa das exportações líquidas, que se beneficiarão de uma recuperação da demanda global” ( Reuters, via Estadão, 07/11/2012).

Diz mais ainda, a matéria,  que “a demanda doméstica não dará contribuição ao crescimento até 2013, ao passo que as famílias diminuem os gastos em meio ao alto desemprego e aos impostos mais altos como parte dos esforços de consolidação fiscal dos governos. Os cortes de gastos dos governos, feitos para retomar a confiança do mercado, trará o déficit orçamentário total da área para 3,3% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, ante 4,1% em 2011. O déficit cairá mais, para 2,6% no ano que vem e para 2,5% em 2014, segundo a Comissão”.

Mas as palavras do comissário de Assuntos Econômicos e Monetários da UE, Olli Rehn, não demonstram tanta confiança, são mais para ver se cola: “A Europa está passando por um processo de reequilíbrio macroeconômico difícil, que irá durar algum tempo” e que ” tem que continuar a combinar políticas fiscais fortes com reformas estruturais para criar as condições de crescimento sustentável para diminuir o desemprego dos atuais níveis inaceitáveis”. Parece palavras de quem não tem bússola alguma.

Os números, apresentados por Olli Rehn, entram em conflito com os dos países, assim descritos pela Reuters, começando pelos mais fortes:  A Comissão fez previsões de crescimento menos otimistas para todos os grandes países da zona do euro em relação às estimativas de seus governos. A Alemanha, a maior economia europeia, irá crescer 0,8% em 2012 como Berlim espera, mas apenas 0,8% em 2013, em vez da estimativa de 1% do governo, informou a Comissão. A economia número dois do bloco, a França, crescerá apenas 0,2% este ano, 0,4% em 2013 e 1,2% em 2014, em vez das previsões de Paris de 0,3%, 0,8% e 2%, respectivamente. O déficit orçamentário francês ficará em 4,5% do PIB este ano e em 3,5% em 2013 e 2014, a menos que as políticas mudem, em vez de 3,7% este ano e 2,5% e 2,0% projetados por Paris para 2013 e 2014″.

Não dando trégua para os países mais pressionados, os números de Itália e Espanha assim mostrados no relatório: “A Itália irá contrair 0,5% no ano que vem, depois de uma recessão de 2,3% em 2012, mais que o dobro da queda de 0,2% que Roma prevê para o ano que vem. O déficit orçamentário italiano irá diminuir para apenas 2,1% no ano que vem, sem uma mudança da política, em vez de 1,8% esperado pela Itália. A Espanha, sob pressão do mercado para buscar ajuda do fundo de resgate da zona do euro, irá sofrer uma recessão quase três vezes mais profunda – de 1,4% em 2013 em vez de contração de 0,5% prevista por Madri -, a menos que haja ações adicionais. O déficit orçamentário da Espanha não irá atingir as metas, caindo para 6% em 2013 ante 8,0% previstos para este ano, e subindo para 6,4% em 2014, informou o braço executivo da UE”.

O que parece ruim, agora, em 2012, não se resolverá tão rápido, as políticas usadas não parecem adequadas, como tratamos no post Crise 2.0: Austeridade Piora a Economia, no entanto, eles insistirão na mesma toada, tanto pior, mais crise, o que nos leva a concluir, em breve nova revisão para baixo destes número. Infelizmente, tem sido assim. Sem mudança à vista, nem a prazo!!!

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