“É que os deuses mantêm escondido dos humanos o sustento.
Pois senão trabalharias fácil, e só um dia,
e, mesmo ocioso, terias o bastante para o ano”
(Os trabalhos e os Dias – Hesíodo)
Parece que há tantas coisas para fazer e acontecendo ao mesmo tempo, sem que possamos dar contra de tudo e nem de nada.
Há dias em que a vontade que tenho é “meter o louco”, largar algumas coisas de lado, simplesmente deixar quieto. Voltar ao meu pequeno mundo, e deixar correr a vida, com alguma paz, tranquilidade (se é que existe), não me chatear com as situações em que vamos nos metendo, sem respostas ou com as expectativas sendo frustradas, nada demais, apenas cansam a beleza (ou a feiura).
Geralmente uma atividade, uma conversa, vai puxando outra, que leva para outra, e vamos nos ocupando, nem que seja no vazio, sem que se concretize algo mais certo, que possa definir a vida. Tudo exige tempo, disponibilidade e dedicação, o que nem sempre é possível, muitas vezes a necessidade de sobrevivência, ganhar o pão de cada dia, fala mais alto.
Do meu lado, procuro sempre fazer tudo com a máxima intensidade, à medida que vamos nos envolvendo com as atividades políticas e que precisam ser feitas, dependem de nós, são, em tese, “paralelas” ao trabalho real, que podem nos garantir a subsistência, a dignidade por trabalhar, como sentimos recompensados pelos outros trabalhos voluntários.
Entretanto, às vezes, bate um certo cansaço quando há descompasso entre as duas vertentes do trabalho, ou quando um ou outro, deixam a desejar, se tornam contraditórios, que impedem a satisfação do que fazemos, por obrigação ou voluntariamente. Especialmente no segundo, que deveria ser apenas prazer e desafogo.
Nem mesmo a literatura, minha grande companheira, oferece respostas, volto aos velhos sábios gregos, seus ensinamentos, se não a paz, pelo menos uma solução de continuidade.