236: Crise 2.0: Grécia em chamas

 

 

(Foto Estadão)

Todos sabem de minha ligação sentimental/cultural com a Grécia, sempre que escrevi sobre ela na série sobre  Crise 2.0, fiz com dor no coração, pois o berço da democracia e da civilização ocidental, mais uma vez será tragada pelos invasores bárbaros. São muitos posts :

  1. Crise 2. 0: Presente Grego;
  2. Crise 2.0:Heroico Povo Grego;
  3. Crise 2.0: Os Sátrapas;
  4. Crise 2.0: A Nova Tragédia Grega
  5. Crise 2.0: Grécia – a 70% de desconto
  6. Crise 2.0: Efeito Dominó – Grécia, Portugal…de novo
  7. Crise 2.0: A Rendição Grega
  8. Crise 2.0: Por que “salvar” a Grécia?

Desde Janeiro de 2010 a economia grega está se esfacelando, vítima de um ataque pesado por parte dos seus credores, os mesmos sedutores de 20 anos atrás que emprestavam dinheiro fácil, sem nenhuma fiscalização, que usufruíam os bons juros pagos, com novos empréstimos. As empresas que corromperam e se locupletaram com a burguesia local nas faraônicas obras das Olimpíadas, que juntas festejaram a adesão ao Euro, agora cobram à conta com o chicote na mão.

Os trabalhadores e o povos grego são açoitados em praça pública. Mais uma vez sua burguesia local, serviçal dos interesses da Troika (Comissão Europeia, BCE e FMI) aprovaram num parlamento sitiado as piores medidas possíveis ao país. Estrangulando de vez qualquer chance de independência e soberania. Perdidos na noite, vagavam pelas ruas 80 mil gregos, que puseram em chamas instituições estrangeiras, em particular bancos e empresas europeias.

O pacote aprovado é draconiano (ironia por Drácon ser um Ateniense) os cortes de 22 % no salário mínimo, com agravante de que para os trabalhadores jovens até 24 anos o corte será de 35%, corte funcionalismo, aumento de impostos, são receitas que levaram a uma crise mais forte, os otimistas falam em 20 anos para se recuperar, os outros, francamente admitem que a Grécia como nação se acabou.

A burguesia local, sustenta no parlamento que nada pode fazer a não ser aceitar, o governo tecnocrata liderado por PapaDEMos cumpriu seu papel, o mesmo que este personagem já cumprira no swap dos títulos gregos em 2008. Vejamos como ele “convenceu” o parlamento, segundo o Estadão de hoje:

“o premiê grego, Lucas Papademos, havia advertido, em um comunicado televisionado, que a não aprovação das medidas de austeridade forçaria a Grécia a declarar a moratória de suas dívidas, o que “levaria o país por uma aventura desastrosa”.

“O custo social deste programa é limitado em comparação com a catástrofe econômica e social que aconteceria se não o adotássemos”, disse”. Estadão 13/02/2012

 

O passivo político que ficará é um país profundamente dividido e em chamas. A perspectiva que se houver eleições é que a extrema-direita vença e um crescimento do bloco comunista, mas o que irão administrar?

 

Onda de Direita assombra a Europa

 

O perigo neofascista ronda a Europa, as últimas eleições foram um claro sinal: Finlândia, Hungria, Espanha, possivelmente Grécia, são vitoriosos. Na Alemanha a coalizão de Merkel é de Direita, somada à Extrema-direita. Exceto França, com PS favorito contra o Sarkhozy, o capacho de Merkel, há uma onda de direita, que pode restringir mais a democracia.

A Itália ficou mergulhada no Neofascismo nos últimos 16 anos, com breve hiato,  com Berluscone, com sua queda, a Alemanha e os “mercados”(leia-se Goldman Sachs) impuseram um “tecnocrata” Mario Monti, apenas para cumprir os planos da Troika. A saída nem foi a eleitoral, foi um novo tipo de governo, que não tem nada de tecnocrata, é a versão europeia dos “biônicos” amplamente usado na ditadura brasileira.

Portugal não fez eleições, mas caiu o governo, assumindo uma coalizão de Direita. A Espanha que fez eleições com baixa participação popular, elegeu um governo de extrema-direita ligado à Opus Dei. As primeiras medidas deste governo foi aprovar com facilidade no parlamento o pacote imposto pela Troika.

 

 

 

 

 

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Author: admin

Nascido em Bela Cruz (Ceará - Brasil), moro em São Paulo (São Paulo - Brasil) e Brasília (DF - Brasil) Advogado e Técnico em Telecomunicações. Autor do Livro - Crise 2.0: A Taxa de Lucro Reloaded.

0 thoughts on “236: Crise 2.0: Grécia em chamas

  1. Dá tristeza ver o rumo que o mundo está tomando.Platão, pobre coitado, a estas horas, deve estar se remexendo no túmulo…Não só a sua Grécia, como boa parte da Europa, estão retornando a viver na sua Caverna mítica.Só nos resta esperar que alguém saia da caverna, veja a luz e traga a verdade para os que ficarem, verdade esta que se resume na “expulsão” dos Merkel, dos Sarkhozy e de toda influência da extrema direita, que só sabe viver vampirescamente,com o sangue do povo. Quando a gente pensa que as massas estão se conscientizando, eis que um Sarkhozy ganha as eleições num país como a França, esquerdista por tradição…Isto me jogou um balde de água gelada nas minhas esperanças de ver uma Europa cada vez mais progressista e melhor.A União Europeia, principalmente para países mais fracos economicamente, como é o caso da Bulgária,por exemplo, é o caos e este caos está bem visível, agora. Lamento pela Grécia, lamento pelos que ainda poderão passar pelo que ela está passando.

  2. Inacreditável ver a grobosta news ecoando a Troika! O povo na rua enlouquecido é apenas um detalhe. Hoje Silio Boccanera entrevistou Zygmunt Bauman para falar dos limites do crescimento do consumo, e o sociólogo polaco comentou que todos condenaram os jovens ingleses que saquearam lojas de produtos de marca, mas ninguém reparou que eles queimaram esses produtos, numa vingança contra a humilhação permanente a que são submetidos (a propaganda maciça que diz que só é gente quem tem esses badulaques). Mas povo sofrendo não interessa a essa imprensa vendida e comprada às teses neoliberais, são incapazes de lançar um olhar pelo menos curioso aos “baderneiros”. Ainda bem que existe o Boccanera. Ele precisa ir à Grécia! (Ou você, né?)

  3. Arnobio, sabemos que a História somente se repete como farsa ou tragédia. Esse quadro que você descreveu muito bem não faz recordar a Alemanha e a Itália do pós 1ª Guerra Mundial retratado por Ingmar Bergman em ‘O Ovo da Serpente’?
    Aquele que foi o caldo de cultura do fim da República de Weimar, do surgimento do lumpenproletariado, da marcha sobre Roma, etc. Sinto uma semelhança enorme com a triste Europa de hoje…
    Viva a América Latina!
    Abraço

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