2324: The Flash


 

The Flash (HBOMax)

Umas das melhores piadas (hoje seria memes) do falecido Casseta e Planeta era um personagem imitando o ex-presidente Itamar Franco, passeando com uma tartaruga chamada The Flash. Ou seja, mais ou menos há trinta anos curto o personagem por via indireta, mas bem afeitiva.

O filme da DC Comics aparentemente flopou nos cinemas e chegou rapidamente na HBO, meio escondido entre os títulos, até difícil de achar, numa procura rápida. Entretanto, para minha surpresa, é uma ótima história, uma viagem no tempo, literalmente.

O humor lerdo e nerd do personagem ultrarrápido, quase um homem-aranha, do concorrente, uma história de vida marcada pela tragédia da morte da mãe, com o pai preso, com todos os recursos esgotados, a caminho de uma condenação perpétua, injusta, dão um ar triste.

O jovem Barry quer encontrar provas que possam reabilitar o pai, por isso trabalha como perito científico, no laboratório da Polícia de Nova York, local onde foi contaminado por compostos químicos que explodiram com um raio, que lhe deu os superpoderes.

Nessa busca desesperada por provas o levam a uma encruzilhada terrível, aquela que todos nós que sofremos tragédias de perdas, tanto ansiamos, a de retornar no tempo, “corrigir” algo que nos faça ter de volta aqueles que tanto amamos.

É um desejo sincero, na mitologia grega Zeus permite que Héracles (Hércules) traga de volta Alceste, Orfeu, resgate do Hades sua amada, na Bíblia cristã, manda Lázaro voltar, ele mesmo retorna no terceiro dia.

Nesse retorno, a questão espaço-tempo tem uma lógica própria não é apenas uma correção secundária, pessoal, o efeito borboleta vai se espalhando, o Eric Soltz é o herói de A Máquina do Tempo, não mais Michael J. Fox, Michael Keaton é o Batman aposentado, redivivo. Até no universo produz efeitos, Karl El, não chega a terra, quem sabe Caetano seria Gil, e ele próprio, apenas um arquiteto Veloso.

A discussão ética dessas intervenções, interações de presente, mudando o passado, para que nos conforte, pode modificar todos os outros eventos, não apenas os nossos, quem dera pudesse mudar por um momento a negligência médica que matou minha filha, mas quais as consequências, as repercussões, e se eu ti vesse aceitado ir embora do Brasil, em 1999?

As questões são interessantes demais para pensarmos.

Outras questões, como os efeitos especiais da DC muito ruins, tomando a Marvel como referência, no entanto, a bela homenagem aos vários Batmans, Supermans, até a piada com Nicolas Cage, compensam, eventuais falhas.

Ótima diversão.

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