Arnobio Rocha Reflexões Por que Escrever?

1405: Por que Escrever?


Escrever é um constante desafio para o cérebro para a alma.

“Pois saibas sem sombra de dúvida
que eu não trocaria minhas misérias
pela tua servidão; acho preferível
estar escravizado a este penhasco
a ser o mensageiro fiel de Zeus teu pai.
A injúrias responde-se assim, com injúrias”
(O Prometeu Acorrentado – Ésquilo)

Certo dia tive a certeza de que jamais escreveria uma página sobre qualquer coisa, tal era o medo de enfrentar as palavras, pior, das críticas de qualquer um que se desse ao trabalho de ler o que saísse dali. Foi um parto, a vaidade ou medo, quem sabe os dois, travavam tudo em mim, era assustador. Passei anos e anos lendo e lendo, acumulando algo apenas para meu deleite, incapaz de transformar em algo novo.

Tomava nota, mentais ou pequenos apontamentos sobre centenas de livros que ia lendo e enfileirando na memória, alguns diretamente no coração. Os mais estranhos ficaram tatuados na minha alma, com dois comportamentos absolutamente distintos, jamais os abrir de novo, outros ler dezenas de vezes. Aqueles pela dor causada, quase destrutivos, esses outros, para dominar e sugar suas palavras repetidamente.

Dos apontamentos e notas, nasceu esse blog, tem mais de sete anos, mais de 1400 artigos, um livro publicado aqui, três outros prontos, mais um tomando formato, para um dia quem sabe lançar (ou não), mas confesso, o pânico é o mesmo. As palavras me assustam, talvez até mais do que os erros de português, essa língua tão linda, mas tão castigadora, que pune os mais incompetentes, como eu, pois ela nos derruba em uma palavra ou frase, ela é implacável.

A luta é terrível e injusta, apenas a teimosia (ou seria vaidade?) é que me faz seguir em frente, espalhando mais pequenas pílulas, com erros que afastou alguns, alguma graça que atraiu novos leitores e seguimos.

De certa forma, como disse mais de uma vez, esse blog, o ato de escrever, acabou me salvar da loucura da vida e de fados tão pesados pelos quais tenho vivido. Pode não ser nada, todos nós temos milhões de problemas, mas nem todos conseguem fazer algo que lhes liberte, ainda que por alguns momentos, para que se sinta livre e capaz de sonhar com outra vida.

É fato que esse tolo ato de escrever aqui assuste amigos, nem consigo entender a razão. Alguns insistem em censurar a si e aos outros com suas prisões sociais, seus medos e seus grilhões, para garantir sua escravidão eterna ao sistema, ao permitido e o que os seus senhores permitem. Nessas horas o Prometeu Acorrentado se torna tão real e os versos tomam conta de mim.

Escrever como se não houvesse amanhã (será que haverá?) é o que mais tenho feito, nos últimos anos. Lembrar de fatos pretéritos, viver o presente, sem se arrepender do que foi feito ou dito, afinal tudo faz parte desta aventura, chamada vida. Alguns elementos fundamentais, que alinham as ideias, entrelaçam nossos pensamentos, dentre estes a música e a literatura realçam as minhas mais tenras lembranças e minha sensibilidade.

Quando isto acontece, o ato de escrever se torna simples e rápido.

Sons of Anarchy: Bohemian Rhapsody – The Forest Rangers

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