764: Invictus?

 

 

 

Leio e releio várias vezes a poesia Invictus de William Ernest Henley, em todos os trechos me enxergo em cada linha, confesso que nunca fui bom leitor de poemas, é defeito grave, trauma de péssimos sonetos juvenis, que jamais ousaria publicar, mas há alguns poemas que me dominam, ficam a me hipnotizar, exercendo um fascínio ainda maior, em tempos de graves e profundas reflexões. Em busca do que sou e meus caminhos, velhos, presentes e quem sabe de algum futuro, não me torturo, apenas reflito.

 

Estas reflexões, não iniciada ontem, como poderiam imaginar, devido o post mais duro e autoral, Retrato em Branco e Preto, em que me localizo no tempo e espaço, porém é uma maturidade do que já vinha elaborando, um ajuste de contas com uma práxis, que se encontra em mais de uma centena de artigos, mas que poderia ser condensados neste sete que segue abaixo:

  1.  A Perda da Inocência (Partido) I
  2.  A Perda da Inocência (Revolução) II
  3. A Perda da Inocência (Ideologia) III
  4.  As Margens do Rio
  5.  O Deserto Ideológico
  6. Aos Que Partem, Ideologicamente, Sem Avisar
  7. Retrato em Branco e Preto

 

A conclusão que cheguei ontem, talvez nem seja de ontem, é que meu “tempo passou”, não é uma metáfora, é uma constatação, não é clichê ou Blasé, é, porque é, assim. Fruto central disto, vem da convicção de que, quem militou, sonhou , viveu com a utopia do Leste Europeu, ruiu, foi ultrapassado, não adianta mitigar, se achando vitorioso com a derrota atual do Velho “novo” liberalismo, simplesmente não possuímos alternativa aos dois. Hoje sabemos negar o que não queremos, é um passo gigante.

Viver sem uma utopia de sociedade é viver apenas ao sabor dos ventos, recolhido numa realidade medíocre, continuo a escrever sobre sonhos e utopias, mas é apenas analítico, sem forças para criar, inventar. Dificilmente posso dizer e repetir os versos finais da poesia:

“Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma”.

Infelizmente, ou felizmente, não sou mais.

Original:

Out of the night that covers me,
Black as the Pit from pole to pole, 
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.

In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud. 
Under the bludgeonings of chance 
My head is bloody, but unbowed. 

Beyond this place of wrath and tears 
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds, and shall find, me unafraid.

It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll,
I am the master of my fate:
I am the captain of my soul.

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