Arnobio Rocha Crise 2.0 Itália e Vaticano, Quais os Signos Eleitorais?

754: Itália e Vaticano, Quais os Signos Eleitorais?

 

Vaticano e Roma, dois poderes sempre tão próximos

 

 

A Itália assiste dois dramalhões ao mesmo tempo, sem uma solução satisfatória, por enquanto. As eleições do país que está num impasse terrível, pois não há vencedor, e ali, naqueles pequenos muros, no Vaticano um outro drama se desenrola, a eleição papal. Nas últimas semanas tenho tratado dos dois temas, sem fazer-lhes cruzar, sempre abordagens e posts separados, os últimos foram: Sobre as eleições italianas – A Infecção da Crise Italiana, Ameaça a UE e, sobre a sucessão papal –  Sede Vacante – Bastidores de Guerra.

Desafortunadamente, as duas eleições, vão se cruzar em breve, pois é bem provável que a Itália tenha que voltar às urnas em breve. Aí teremos efetivamente duas eleições no mesmo espaço de tempo, é uma verdadeira festa para mídia italiana e mundial. Ambas têm pesos diversos no mundo, a italiana preocupa toda a UE, com risco de contaminação não só da crise econômica que assola o pais tem 5 anos, mas agora combinada à crise política, fazendo o roteiro ganhar ares trágicos, se bem com dois bufões ( Berlusconi e (Bicho) Grillo) ameaça virar comédia pastelão.

Segundo a Reuters, o ultimato dado por Bersani, candidato mais votado, de centro-esquerda, para que (Bicho) Grillo o apoie na formação do governo, pode levar ao fracasso à tentativa de formação de um novo governo. O cálculo é complicado, leiamos o que dizem:  “Em uma aparição no canal estatal de tevê RAI na noite de domingo, Bersani ressaltou sua oposição às duas opções que estão sendo apresentadas –outro governo tecnocrata, como o do anterior Mario Monti, ou uma grande coalizão com a centro-direita de Silvio Berlusconi”. Sendo assim, Bersani mandou o recado ao (bicho) Grillo)  de que “Agora (Grillo) deve dizer que o que quer, ou então vamos todos para casa, incluindo ele”.

Por seu lado, (Bicho) Grillo, que chama Bersani de “o homem morto que fala”, não parece nem um pouco interessado em aliança ou apoios, pois tem um cálculo, aparentemente correto, de novas eleições lhe dará maioria, pois o crescimento no final da campanha foi impressionante. O Movimento 5(cinco) Estrela (M5S) se tornou, isoladamente o partido mais votado. Com mais tempo de campanha, e mais desgaste nos “tais políticos tradicionais”, poderá dar a (Bicho)Grillo o golpe final nos tais políticos.

Ainda segundo a Reuters, “muitos acreditam que o comediante de Gênova quer voltar às urnas para acabar com a antiga ordem e alavancar sua votação. Também afirma-se que Grillo teme que seus novos parlamentares sejam subornados por políticos tradicionais cínicos uma vez que estiverem no Parlamento. “É do interesse dele voltar para as urnas o quanto antes”, disse o vice-presidente do instituto eleitoral SWG, Maurizio Pessato. “Grillo não pode receber mais de 8 milhões de votos prometendo se livrar do sistema estabelecido e depois imediatamente se aliar com a velha guarda”, acrescentou.

Enfim, não parece pouca coisa, é tragédia, vestida de ares de comédia. Ali do lado, no Vaticano, agora sem a presença de Bento XVI, o renunciante, encastelado em Castel Gandolfo, começam os primeiros conchavos e debates sobre o futuro da Igreja Católica. Mas, como sempre o exagero é a marca, ontem diziam que Ratzinger estava vigoroso, em apenas 3 dias fora do cargo já lera livros, tocara piano e vira todos os programas jornalístico do mundo, um colosso, em corpo frágil. Percebe-se que a imprensa lá, nada deve a daqui.

O que acontece nos preparativos do Conclave é o que mais nos interessa, estes dias pródigos de notícias, de tantos favoritos que acho que dará empate, em 117 votos, tem 10 candidatos fortes, é muita coisa, que não passa de exageros e especulações. O certo é que algumas podridões se tornam públicas, os escândalos sexuais, por exemplo “O cardeal escocês Keith O’Brien, que renunciou na segunda-feira passada ao cargo de arcebispo de St. Andrews e Edimburgo após ser acusado de “comportamento inadequado” nos anos 80, admitiu neste domingo que sua “conduta sexual” não foi sempre a que se esperava dele. Em comunicado divulgado pela Igreja Católica da Escócia, O’Brien reconheceu: “às vezes, minha conduta sexual ficou abaixo dos padrões que se esperavam de mim como sacerdote, arcebispo e cardeal”. A saída de Keith O’Brien deixou o Reino Unido sem representante no conclave papal.  Ainda vale lembrar, como diz a reportagem do G1,  que “O’Brien declarou recentemente que o casamento entre pessoas do mesmo sexo “seria prejudicial para o bem-estar físico, mental e espiritual dos contraentes”. Ele também é contrário à adoção de crianças por casais gays.

A hipocrisia sem fim, até pouco tempo Bento XVI fazia dobradinha “pela família” com Berlusconi, digamos assim, ninguém com caráter apropriado para tal. Os mesmo escândalos sexuais do neofascista, agora tratados abertamente na igreja. As duas eleições se cruzam neste campo moral, num país que tem uma ampla maioria católica, que ainda vota amplamente num candidato como Berlusconi, por que não toleraria mais um Papa conversador? Os signos destas duas eleições passam por este ponto comum. Nem a Itália sairá do atoleiro, muito menos o Vaticano, escolhendo conservadores e hipócritas. Eles falam em nome de quem?

O desfecho do conclave, pode ser breve, os últimos duraram pouco mais de 3 dias, uma maioria, se formou com rapidez, mas não é o que parece agora, dado o impasse, de que rumo seguir. É outra coincidência com as eleições da Itália, qual o rumo para o país, que acordos  históricos e mudanças fará para se relocalizar no cenário econômico da UE e do Mundo? Aqui, deste lado, a exemplo do fizemos na série Crise 2.0, vamos ler, escrever e debater o que se passa naquele lado do mundo.

Acompanhemos.

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4 thoughts on “754: Itália e Vaticano, Quais os Signos Eleitorais?”

  1. Este tal de Grillo me passa a impressão de que arrasta a Itália para o mesmo caminho da Espanha e o movimento 15M, já que não aceita a política patidária como instrumento de transformação.

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