Arnobio Rocha Crise 2.0 Crise 2.0: Europa – uma nova fase de Incertezas (Post 144 – 98/2011)

Crise 2.0: Europa – uma nova fase de Incertezas (Post 144 – 98/2011)

 

 

“tudo em medonho caos rui e se precipita,

trovejando e silvando até o fundo abismo

das voragens que atulha o horrendo cataclismo.”

( Fausto – Goethe)

À beira do Caos

Agora não se trata mais de fazer jogo de cena, a situação da EU veio definitivamente à nu,  depois de um mês de intensas negociações e promessas, os sócios majoritários resolveram jogar ao mar os pesos “mortos”, sem dor nem piedade. Já não se trata mais de salvação das economias periféricas, agora é salve-se quem puder.

Depois de duas cúpulas amplas, algo inédito, na última quarta-feira, dia 26 de outubro, o que parecia um salvamento para Grécia, perdão de 50% da dívida, olhando mais de perto, foi apenas a desculpa para que os bancos credores recebam os valores “perdoados” através de o Fundo de Estabilização Europeu.

Nada mais mascara a situação, vou repisar alguns grandes número para que fixemos o tamanho real da crise 2.0 no lado Europeu:

1)   Houve um encolhimento de 2 Trilhões de Euros na Economia da Zona do Euro, algo como um Brasil e meio;

2)   A Economia cresceu próxima de Zero em 2008, encolheu 4,3% em 2009, cresceu 2% em 2010, e perspectiva de crescimento inferior a 1% em 2011;

3)   1 em cada 2 jovens espanhóis está desempregado;

4)   Em 2007 a Espanha tinha 1,7 milhões de desempregados(7%), hoje tem 5 milhões (21,5%);

5)   A Grécia perdeu 11% do PIB nos anos de 2009 e 2010. Sua dívida pública saltou de 120% do PIB para 180%;

6)   A França, segunda maior acionista da EU reduziu sua previsão de crescimento de 1,75%, para 0,9%;

7) a Itália tem dívida pública maior que seu PIB, seus títulos tiveram antecipação de vencimento ou não rolagem da dívida devido ao desastroso governo Berlusconi;

Década Perdida

O ex-presidente do Banco Central Suíço, Jean Pierre Roth, disse: “A Europa está entrando em uma nova fase de incertezas que pode durar uma década” (Estadão, 30/10/2011). No mesmo jornal uma longa entrevista do ex-Economista-Chefe do FMI, entre 2001 e 2003, Kenenth Rogoff, deu uma visão sombria sobre a Europa: “É muito provável que um ou até mais países deixem a Zona do Euro”. Inclusive o que dizíamos seguidamente( Ver Crise 2. 0: Estados Unidos da Europa ) , ele confirma, de que só restou aos governos europeus pedir que China e demais membros dos BRICS que os salvem.

Mas a conclusão mais forte e contundente dita e repetida na cúpula da Zona do Euro é que os anos 10, do atual século, será uma década perdida. Vejam bem, estamos ainda no mês 10 do ano 1 desta nova década e o pessimismo é que os próximos 9 anos e 2 meses serão apenas para recompor o que foi/é a Zona do Euro.

A alemã Der Spiegel, vai mais fundo na análise e diz que os políticos europeus manipulam os seus cidadãos, não expondo claramente o tamanho da Crise, e nos bastidores só enxerga duas opções para Zona do Euro:

A)     Governo central forte, algo como Estados Unidos da Europa, um tiro no escuro, pois nenhum político sabe o real significado disto, fora a falta de um Bonaparte que os lidere;

B)   Reduzir a Zona do Euro apenas àqueles países que realmente têm economia e padrão de consumo comum, excluindo os que não se adéquam além de erigir novas barreiras a eles;

Ambas as soluções possíveis são de apenas desespero e com graves conseqüências, políticas e no segundo caso, Social. Abandonar, por exemplo, a Grécia a própria sorte, seria provocar um caos sem tamanho, piorando ainda a sua crise.

A pressa europeia de salvar os bancos é inversamente proporcional à preocupação com o empobrecimento e miséria que volta a grassar na Europa, um desemprego explosivo, principalmente entre os jovens, uma situação desesperadora que atingem países inteiros.

E assim a cena fecha, mas os próximos atos prometem sangue e tragédia…

 Save as PDF

0 thoughts on “Crise 2.0: Europa – uma nova fase de Incertezas (Post 144 – 98/2011)”

  1. Mais uma vez Arnobio nos brinda com uma matéria magnífica, no sentido de
    informação, esclarecimento, história.

    “tudo em medonho caos rui e se precipita,

    trovejando e silvando até o fundo abismo

    das voragens que atulha o horrendo cataclismo.”

    ( Fausto – Goethe)

    Goethe foi a pá de cal.

    Tomara o povo brasileiro, em peso, perceba a grandeza dos novos tempos brasilis.
    E #VivaLula!

    E Vivam os jornalistas blogueiros que militam no lado ético da nossa história.

    abraços Arnóbio, náo é a toa que sou tua fã de carteirinha.

  2. Brilhante o jeito e a forma que o Arnobio expõe a questão.

    Nos meus poucos 50 anos rrs, sempre que ele tem problemas financeiros, a guerra é o caminho. Por que não travam a batalha que vale a pena ? Moralizar este sistema corrupto bancário que comando a política mundial ?

    É minha visão simplória, mas por trás de todas as crises dos últimos 20 anos sempre esteve atrelada a Bancos, bolsas e especuladores. Se estou errada, por favor me corrija.

    Hoje li uma matéria que me deixou desolada.

    EUA cortam financiamento da Unesco após aprovação aos palestinos http://migre.me/61W0M via @estadao #FreePalestine

    Preciso falar mais alguma coisa ?

    E depois dizem que eu Marly sou racial rsrs

    Beijos Arnobio

  3. Tão desolador… Todos esses caras se reúnem, pensam, pensam, pensam… e nada medianamente razoável. Dá tristeza toda essa intelig~encia voltada para o mal.

Deixe uma resposta

Related Post