Arnobio Rocha Política #Ocupe: Novo, Velho (Post 143 – 97/2011)

144: #Ocupe: Novo, Velho (Post 143 – 97/2011)

 

 

Viajando nos seus pensamentos o carro rola pelas ruas no frescor da manhã de São Paulo, as imagens que se formam na minha mente são de uma época não vivida, mas parece familiar, a voz rouca e provocativa da Pearl toca mais forte meu coração e os versos são estranhamente complementares ao que vivo, no real e imaginário:

Time keeps movin’ on,

Friends they turn away.

I keep movin’ on

But I never found out whyI

keep pushing so hard the dream,

I keep tryin’ to make it right

Through another lonely day, whoa.

Realmente meu diálogo interno é buscar razões e explicações para determinados fenômenos de hoje, que aparentemente, parecem novos, mas são tão antigos e com resultados já previsíveis, mas não se pode chocar os que vivem esta viagem, a música da Janis Joplin não veio ao acaso, saída diretamente daqueles anos em que “Paz e Amor” eram as palavras de ordem rebelde.

Mergulho em 1968

Os vários movimentos sincronizados ou não sacudiu, o mundo em 1968, sem internet, sem facebook, twitter, saindo de Praga e sua primavera, que durou até seu tórrido verão, da resistência das rádios livres que não colaborava com a invasão soviética e seus tanques nas ruas. Dubcek é preso em Moscou renuncia e finda o sonho libertário.

Passa pela rebeldia do maio francês, um país sublevado, as assembléias gigantes que todos falam, todos decidem, ninguém da ordem, estudantes secundaristas e universitários e depois ampla massa trabalhadora em greve, De Gaulle se escondendo numa base militar alemã, e do jeito que veio se foi esta onda revolucionária, contraditoriamente os Gaullistas no calor da rebelião convocam eleições, vencendo-as de forma arrasadora.

Os ventos libertários chegam aos EUA, que vivia uma intensa guerra interna, assassinato de Martin Luther King e Robert Kennedy, a guerra de massacre no Vietnã, as manifestações pelo fim da guerra, os festivais alternativos de rock, a juventude se rebela e balança as estruturas das universidades, os hippies, frutos de uma época que questionou o país, mas não fez a revolução. No fim do ano Richard Nixon se elege nos EUA.

O Brasil mergulhado na ditadura não passou incólume aos ventos de 1968, as manifestações estudantis após a morte de Edson Luís ainda em março sacudiu a agitou a sociedade, nomeadamente os estudantes e intelectuais no seu auge a passeata dos cem mil, mas, sob forte pressão da ditadura, o movimento sofre um duro golpe com a queda do congresso da Une em Ibiúna, 1200 estudantes são presos, em dezembro o xeque-mate: AI5 e golpe dentro do golpe.

Don’t expect any answers, dear,

For I know that they don’t come with age, no,

no.
Well, ain’t never gonna love you any better,

babe.

And I’m never gonna love you right,

So you’d better take it now, right now.

Acordando no 2011


Começam a sair os primeiros escritos dos movimentos de #ocupe aqui no Brasil, mas o que leio é que, os que agora se rebelam, aqui no Brasil,  pensam:

1) A história acabou, começa com eles;

2) São refratários a qualquer ordem política (capitalista ou socialista);

3) Rejeitam os partidos políticos;

4) Tudo é autônomo;

5) Não têm plataforma política, o que querem constrói na discussão;

Este movimentos são fundamentais, a revolta contra o sistema, em especial no coração do capitalismo, que há uma massa de desempregados, uma base social clara que o define, como venho analisando na série sobre a Crise 2. 0, em particular o que trata o Desemprego, Juventude e Rebelião , mas a falta de plataforma a rejeição à história e aos partidos me deixou preocupado para que rumo seguem, mas o dialogo é fundamental para avançar na luta atual.

Assim como são os primeiros manifestos, lembrei das antigas comunidades hippies de Arempebe e nos velhos Hippies que viraram chatos Yuppies incorporados pelo mercado, consumindo como se não houvesse passado ou futuro. Pergunto-me, para onde irão os novos filhos da Era de aquário, que rejeitam a história e o mundo?

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=wVMMUNYnBDo[/youtube]

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0 thoughts on “144: #Ocupe: Novo, Velho (Post 143 – 97/2011)”

  1. Em 68, eu tinha 14 anos, hoje estou com 57 e parece-me que a luta é contínua, árdua e pouco frutífera, mas persisto na busca da utopia porque sem ela, de que vale viver? O sonho de um mundo melhor e mais justo não acaba nunca.

  2. Em minha humilde opinião eles são, já são… o que precisam é de pais, conrosto, nome e identidade individual e coletiva.
    Minha grande esperança, como educadora, é que a partir desse caos contemporâneo, consigam reconstruir histórias, suas histórias e rostos, consigam subverter o que hoje os subverte de cara dura, e coração no centro do iceberg…

  3. Belo texto, amigo, não acredito mais nessa coisa de que não se pode rejeitar a historia, sim, acredito que não temos mais em quem e o que acreditar, é o inicio de uma revolta de maneira como ainda não se viu.
    Esse ultimo episódio separa bem os apaixonados por posições partidarias, os que ficam apenas na historia e defendem uma certa ordem pra seguir dos que querem mudança já. não pra mim, nem pra voce e sim pra todos. Não dá mais pra acharem que quando reclamamos estamos pensando nas nossas crenças, não é isso…

    desculpe se atropelei…

    Valeu, adoro ler seu blog.

  4. O ano de 1968 foi rico em manifestações, tanto políticas, quanto culturais, em todo o mundo, que me dá a esperança de que o sonho não acabou, está apenas passando por uma fase de “esquecimento”,como que acontece várias vezes de a gente acordar sem se lembrar de ter sonhado. Um belo dia, a gente acorda com a sensação nítids de que o sonho foi real, realíssimo, daí vindo, inclusive, momentos de inspiração. Hoje em dia o pessoal anda meio adormecido, meio esquecido do sonho, mas pode despertar de uma hora para outra…Basta que se tenha um contra ponto forte à mídia anestesiante, que pode estar na internet e nas redes sociais.Tenho ficado admirada de ver na Rússia um saudosismo crescente da URSS. Se você pergunta para muitos deles se quer o renascimento da antiga união, te respondem que não, mas o saudosismo está lá, manifestado na moda, nos foruns virtuais, nas canções, na TV.Todos se recordam do período em que eram felizes, na infância,na adolescência.Todos reclamam que a educação piorou, decaiu…Isto me dá forças para sonhar e acreditar no sonho: 1968 não acabou e o estamos revendo, aos poucos, nos acontecimentos recentes.
    Você diz ” lembrei das antigas comunidades hippies de Arempebe e nos velhos Hippies que viraram chatos Yuppies incorporados pelo mercado, consumindo como se não houvesse passado ou futuro”, o que me levou a me perguntar:para a esquerda e o movimento socialista ganharem novos adeptos no século XXI, não seria necessário atualizar um pouco o discurso? Atrair adeptos com o discurso da Revolução Bolchevique pode ter efeito contrário, num cenário onde a mídia faz lavagem cerebral na turma… Pelo que já ouvi de muita gente, este velho discurso soa ‘chato’ aos ouvidos acostumados com a sociedade de consumo, com o mundo capitalista e manipulados pela mídia. É tudo uma questão de “marketing” e o socialismo precisa de um marketing muito bom para fazer frente à montanha de dinheiro injetada pelo capital na mídia, à favor da manutenção do sistema….
    Desculpe ter me estendido, mas me empolguei.
    Abraços

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