Vamos passar a escrever de forma mais espaçada sobre a Crise 2.0, chegamos a mais de 100 artigos, o assunto não se esgota, porém quero estudar mais e elaborar com mais tempo, ou com maior fôlego, eventualmente quando surgirem informações mais quentes e relevantes.
EUA e Alemanha: tendência de alta
Algumas tendência se consolidam, no deslocamento da Crise, já apontei em alguns artigos que o EUA estão saindo do fundo do poço, apenas para rever o que agora novos números confirmam sobre o que venho escrevendo desde fim de dezembro e início de janeiro/2012:
- Crise 2.0: Um novo desenho econômico
- Crise 2.0: um novo ciclo se abre?
- Crise 2.0: O Fim da Crise?
- Crise 2.0: EUA saíram da crise?
Hoje a agência Dow Jones publicou os dados de empregos formais nos EUA, confirmando uma recuperação significativa da atividade econômica, que tem no emprego um dado mais que importante:
“O setor privado criou 233 mil empregos no mês passado, enquanto o setor público cortou seis mil vagas em fevereiro. No total, foram criadas 245 mil vagas em média nos últimos três meses nos EUA, mais que o dobro do ritmo de criação de vagas registrado entre maio e novembro de 2011.
O crescimento do emprego no mercado americano em fevereiro foi observado em diversos setores, incluindo serviços, saúde e lazer. O setor industrial agregou 31 mil empregos no mês passado, enquanto o setor de construção permaneceu estável”. (tradução do Estado de SP 09/03/2012)
O desemprego ainda permanece alto, 8,3%, mas já caiu 10% nos últimos seis meses, mesmo a crise na Europa tendo entrado numa fase mais aguda, com a quebra total da Grécia.
Outra tendência que apontamos que estar cada vez mais consolidada é o completo domínio alemão sobre toda Europa, nestes três artigos tentei demonstrar como isto acontece:
Hoje , recorremos mais vem a Dow Jones, os números do comércio exterior da Alemanha mostram mais uma vez um crescimento no seu superávit:
“O superávit comercial da Alemanha subiu 2,16% em janeiro, para € 14,2 bilhões, de € 13,9 bilhões em dezembro, de acordo com dados ajustados sazonalmente e ao calendário do Escritório Federal de Estatísticas (Destatis).
As exportações da Alemanha subiram 2,3% em janeiro, em bases mensais, para € 88,7 bilhões, após recuarem 4,4% em dezembro, na comparação com novembro.
As importações subiram 2,4% em janeiro, em bases mensais, para € 74,5 bilhões, e reverteram o declínio mensal de 3,9% registrado em dezembro”.(tradução do Estado de SP 09/03/2012)
Enquanto os demais países da Zona do Euro afundam, a Alemanha continuar a fazer superávit, parece uma transfusão de sangue, sendo que do mais fraco para o mais forte. Krugman, um crítico mordaz da política de Frau Merkel, alertava que sem a Alemanha parar de produzir superávit os demais países da Zona do Euro não sairão da crise, exceto se romperem com o próprio Euro.
Grécia e Espanha: tendência de Baixa
Sobre a Grécia apenas temos que comentar que hoje se consolidou a maior reestruturação de uma dívida de um país, muito superior a da Argentina em 2001. Os gregos renegociaram 206 Bilhões de Euros, contra 60 bilhões da Argentina, mas tanto numa como na outra o país sairá devastado. O nível de imposição, no caso grego, beira ao inaceitável, sem a menor chance de que se cumpra o que é exigido. Além do que, nem tudo foi renegociado.
Mas como bem diz Krugman, num artigo publicado ontem, “Finalmente, Espanha”, aponta ele que “Eu sempre vi a Espanha, e não a Grécia, como o país quintessencial da crise do euro”. Ressalta que a Espanha demonstra que o problema não é a dívida pública, um problema fiscal, apresenta o seguinte gráfico:
E arremata, com o que concordamos desde sempre:
“A Espanha precisa claramente ficar mais competitiva; talvez as reformas no mercado de trabalho que ela está tentando implementar façam o truque, embora eu tenda a ser cético; se não, a questão será de deflação relativa gradual – ou saída do euro e desvalorização”.
A tendência agora é que as baterias se voltem para a península Ibéria, a combalida Portugal e a claudicante Espanha, estes países, que saíram do foco da Troika, durante a crise grega, voltarão ao centro, numa repetição da crise do ano passado.
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