Arnobio Rocha Política A Vida Humana e os desastres nucleares.

2176: A Vida Humana e os desastres nucleares.


Reação Nuclear, documentário sobre o grave acidente nuclear nos EUA, em 1979.

A vida humana, melhor, o valor da vida é quase sempre desprezado em crises graves. São feitos os cálculos em que primeiro levam em conta qual prejuízo ao Kapital em determinadas situações, ainda que haja uma grave ameaça coletiva, em regra, as decisões privilegiam a Economia, mesmo com altíssimo risco à vida coletiva e ao meio ambiente.

Bem antes do acidente nuclear de Chernobyl (tem um série na HBO espetacular sobre o acidente), na Ucrânia, 1985, houve um grave acidente em Meltdown, Pensilvânia, nos EUA. Nos dias finais de março de 1979, a unidade 2, da usina nuclear, inaugurada três meses antes, apresentou uma grave falha, com um vazamento nuclear perigosíssimo para mais de um milhão de habitantes que moravam nas imediações do complexo.

Um documentário na Netflix, Reação Nuclear, demonstra a irresponsabilidade das autoridades em promover a imediata evacuação da área atingida, meticulosamente os burocratas faziam cálculos o quanto perderiam na evacuação, o comércio, o risco de saques, roubos às propriedades, acidentes de trânsito e indenizações.

Essa realidade se repetiu na crise do Katrina, o furacão que destruiu parte de Nova Orleans, o pouco caso das autoridades, em socorrer milhares de pessoas, a demora em atender e a negligência levou à morte quase 2.000 pessoas, fora os feridos e perdas dos mais pobres.

No caso da usina Three Mile Island, a Metropolitan Edison, empresa privada responsável pela construção e operação da usina, o governo da Pensilvânia, a Agência Reguladora, davam informações contraditórias e mesmo sabendo dos riscos, negavam a necessidade de se evacuar a área ou mesmo que existisse vazamento radiativo grave.

O combalido governo Carter, apostava em energia nuclear como a saída para a dependência do petróleo, substituição do carvão e a aposta como energia mais limpa e segura, o desastre de Three Mile Island poria em xeque a principal política energética dos EUA, então era decisivo que não houvesse alarme e uma evacuação.

A ordem de evacuação parcial só veio três dias depois, e restrita, tanto na extensão, 8 km de raio, quanto aos grupos humanos prioritários, apenas mulheres grávidas e crianças na pré-escola e ainda dizendo que era por excesso de zelo, não pelo risco. Enquanto os técnicos trabalhavam sob enorme tensão e altíssimos riscos para “salvar” a usina, sem que soubesse as causas, nem mesmo como resolver a situação crítica.

Chernobyl, a burocracia soviética fez o mesmo, tentou esconder o desastre, não sabia como lidar com o acidente, não tinha ideia do que tinha acontecido, nem mesmo um plano para solucionar a situação grave, por décadas a região ficou sob efeito da radiação.

O acidente nuclear da usina de Fukushima, Japão, em 11 de março de 2011, o mais grave de todos, veio após uma combinação de terremoto com maremoto (tsunami), a elevação do mar atingiu a usina, o desastre causou quase 20 mil mortes, mais de 500 desabrigados, muitos vivem até hoje, 11 anos depois, em barraca e alojamentos.

A empresa que administrava Fukushima e a agência reguladora, mentiram sobre as causas do acidente por meses, para fugir da responsabilidade, expuseram funcionários e a população ao desastre.

A vida humana é quase sempre um mero detalhe, diante das empresas privadas, dos burocratas do Estado, das famigeradas agências que funcionam a serviço dos interesses privados.

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