Arnobio Rocha Crise 2.0 A Ruptura do Kapital: O Efeito Trump

1375: A Ruptura do Kapital: O Efeito Trump


Trump e Soros: As faces do Kapital se fundem na Crise.

“Filhos meus e do pai estólido, se quiserdes
ter-me fé, puniremos o maligno ultraje de vosso
pai, pois ele tramou antes obras indignas” (Teogonia – Hesíodo)

Por que Trump Venceu?

Para 99,9% dos analistas (Esquerda ou Direita) a resposta é apostar no acaso, no improvável, até mesmo no lugar-comum da esquisitice do americano médio, etc. Sinto muito ter que repetir James Carville que a resposta é uma só:

É a Economia, Estúpido!

Mas o abandono do método de análise, acaba se perdendo o principal e ficamos apelando para o secundário para explicar fenômenos tipicamente de Economia Política, uma grudada à outra, uma unidade indivisível. Vamos dá continuidade ao artigo anterior A Ruptura do Kapital: A Barbárieolhando mais de perto as razões da vitória de Trump, pois 2017 se avizinha perigosamente.

Meu velho amigo, o professor Jose Antônio Martins, que produz a quase trinta anos o boletim “Crítica Semanal de Economia”, no início de novembro, ainda antes das eleições elencou as verdadeiras razões da virada de Trump. 

Aqui sempre lembro que nos filiamos ao método de análise usado por ele e seguimos seus passos, ainda que distantes, nossas análises e levantamentos sobre o estado do Kapital, convergem para o mesmo ponto: A Crise do Kapital é cíclica e de Superprodução de Valor. Mais uma vez indico o brilhante trabalho que ele desenvolve no site Crítica da Economia, vale a assinatura e a leitura.

Vamos localizar em que momento estamos. A taxa de lucro que caiu radicalmente no EUA, entre 2008 e 2009, o Pico de superprodução foi em 2005, começou um processo de recuperação continuo desde o Segundo trimestre de 2009, atingindo um novo pico de superprodução no último trimestre de 2013. Mantendo-se em alta em 2014, mas observa-se em ligeira queda já em na segunda metade de 2014 e com uma tendência clara de pressão para baixo da taxa de lucro em 2016.

As incertezas sobre os rumos da Economia ecoam no coração, mente, principalmente no estômago da “América para os americanos”. Sem nenhuma garantia de que os Clintons umbilicalmente vinculados ao Kapital Financeiro dessem uma resposta satisfatória ao Kapital como um todo, fez com que a opção Trump passasse a ser vista como uma aposta real, a despeito de suas inacreditáveis idiossincrasias fascistoides.

Parece claro que em 2017 uma nova grande crise cíclica se avizinha, não como resposta ao Trump, ou por causa dele, ao contrário, Trump, é a consequência final de mais uma crise de superprodução do Kapital, como também a falta de alternativa fora dele. A aparente saída ilógica, tem uma dinâmica mais sofisticada do que quer crer nossa filosofia.

Continuamos patinando e olhando apenas a superestrutura do Kapital, poucos se interessam em descer ao mundo Real, dos dados que o próprio Kapital fornece, o que, em última análise empobrece nossa luta. Muitos de nós acabam por comprar as ideias mais esdrúxulas.

As mais simplórias são de que o Capitalismo vai cair por si mesmo porque vive uma Crise Terminal, essa visão quase religiosa e escatológica da Kapital jamais explica a razão dele não terminar nunca. A outra visão, também nociva demais a Esquerda, é a de que o Kapital vive em crise permanente, algo tão sem sentido que leva muitos à desilusão política, pois não consegue dar uma resposta quando há recomposição e porque não houve sua queda final, ainda.

A resposta dessa tendência política é mais tola de todas: a revolução permanente, o ativismo sem reflexão e análise de perspectiva ampla, que no fim das contas decepciona e quebra bons quadros.

Livrando-nos dessas duas armadilhas, buscamos retomar o método de Marx para compreensão da Crise, os ciclos de produção de Valor e a superprodução como o gerador da Crise, pois só no pico é que se reduz drasticamente a taxa de lucro, a mais-valia e o poder do Kapital.

Assim poderemos gestar uma política mais clara de ruptura de paciência e de nenhuma conciliação de classe. O que também nos auxilia a ver esses fenômenos Políticos, tipo Trump, como decorrente da Economia e saída que o próprio Kapital gesta para manter por longos anos, entre uma crise e outra, seu Poder sobre os explorados do Mundo.

Martins concluiu sua análise provocando: “Na perspectiva de uma catástrofe econômica e de seu desdobramento em uma também provável 2º guerra civil americana, as ameaças da plataforma do acelerado Trump serão lembradas apenas como um refresco. Serão lembradas como medidas limitadas, quando forem postas em prática as futuras medidas políticas e geopolíticas no coração do sistema. Tudo em nome da salvação da propriedade privada, do mercado, do Estado e da civilização”. (Breaking Bad(Temp.1 Ep. 18)“É a economia, estúpido!” EDIÇÃO 1318 1319 – Ano 30; 1ª 2º Semana de Novembro 2016.)

O que estamos de pleno acordo. Que tal voltamos ao debate?

 Save as PDF

Deixe uma resposta

Related Post