2572: Qual nosso Legado?

Terra
Por mais distante o errante navegante
Quem jamais te esqueceria
(Terra – Caetano Veloso)

O que vamos deixar para posterioridade?

O mais certo e provável é que nada, seremos apenas um nome qualquer entre bilhões que passaram pela terra, na curta história humana por aqui, que parece que estamos tratando de abreviar essa aventura, por nossa ambição e sistema econômico e social que trabalha contra a humanidade, mesmo quando se aproxima de conquistas incríveis e avanços tecnológicos e de uma imensa capacidade de transformar a vida mais segura e cheia de sentidos, sem fome, miséria e doenças que assolam e assombram a humanidade nesses poucos milênios.

É claro que o placar humano atual é absolutamente desfavorável à utopia de uma vida melhor e abundante, de ócio criativo, para que possa aproveitar todas as nossas potencialidades, nossos sonhos. Com a possibilidade real de  construção de uma sociedade de iguais, assim como cada um de nós, pois nascemos iguais, sem nada, depois morreremos e não levamos nada, no entanto nesse hiato, que é a vida, nos dividimos e exercemos toda sorte de poder e força, de acordo com a classe a que pertencemos.

Para muito além das questões gerais e coletivas, a mesma pergunta se impõe, qual nosso legado (pessoal) para os que virão, nosso papel na sociedade e na busca das utopias, como também na nossa micro existência, as relações pessoais, familiares, os pequenos sonhos e realizações, visto que os grandes nomes e destaques que fazem a diferença em várias épocas, mas estes são exceções das exceções, a maioria de nós nasce e vive no mundo pequeno, mas que é importante dentro de nossas comunidades em que nos tornamos gente.

Obviamente que há uma aceitação de mundo, grande e o pequeno, nesse último raramente essas preocupações (ambições) de legado, de ser lembrado (a) é bem menor, no máximo dizer que criamos bem os nossos, lutamos pelo melhor e que os nossos nos superem, não passem pelas nossas dificuldades, pois cada momento histórico novos desafios, novos valores e até os sonhos de sobrevivência digna, também mudam e nos adaptamos para seguir em frente.

O que meus pais conseguiam olhar para frente era menor do que nós enxergamos, os avanços humanos permitiram isso, muitas doenças que eles e nós enfrentamos, por exemplo, nossos filhos netos nunca ouviram falar, menos ainda passar por elas. Aliás, o tempo heroico deles e em parte nosso, permitiram um tempo melhor (não mais jutos, claro).

Nesse termos, nessa quadrada histórica, nos últimos cinco anos, nem tanto pela Pandemia, mas por um sentimento mais amplo, penso que a vida de nossos filhos, construída e preparada para ser melhor, ameaça não ser, pois as grandes mudanças apontam para um aumento das diferenças e novas dificuldades mais complexas se apresentaram, tanto do ponto de vista geral, como das micro relações humanas e sociais. Essas novas contradições e dores ameaçam a vida e, principalmente, a saúde mental de todos.

A preocupação com nosso legado é cada dia mais urgente, no geral e no particular.

Águas que movem moinhos
São as mesmas águas que encharcam o chão
E sempre voltam humildes pro fundo da terra
Pro fundo da terra
(Planeta água – Guilherme Arantes)

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Author: admin

Nascido em Bela Cruz (Ceará - Brasil), moro em São Paulo (São Paulo - Brasil) e Brasília (DF - Brasil) Advogado e Técnico em Telecomunicações. Autor do Livro - Crise 2.0: A Taxa de Lucro Reloaded.

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