“E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Sou Messias, mas não faço milagre” (Bolsonaro, Jair Messias, sobre os 5017 morto, Brasil, 29.04.2020)
Ainda perplexos com mais uma, entre centenas de frases, que Bolsonaro comete, com seu ar de deboche e desprezo pela vida, pela humanidade.
As frases são como um teste para saber até onde ele pode ir, sempre mais fundo e mais baixo nível e de desrespeito, decoro, pelo maior cargo público de uma nação. Ele já tinha se notabilizado por esse profundo mau gosto quando era um medíocre deputado, sem jamais ser punido, deu no que deu,
O que se experimenta hoje, são consequências de vários anos, não um acaso ou coisas que só acontecem no Brasil, é um fenômeno mundial, que se acentuou com a internet e as redes sociais, que potencializaram esse comportamento deletério e formou figuras anti-humanas.
Com a Democracia em crise, o ambiente global é irrespirável, sem que o Estado dê resposta concretas, a consequência imediata e mediata é a desmoralização da atividade política, que não consegue responder tamanhas demandas, o que facilita o fácil e perigoso discurso de que nada presta, para quê política? Qual o sentido de Democracia.
As eleições em vários países confirmam essa tendência de queda da Democracia, nos últimos anos após a Crise de 2008, deu vitória aos setores mais conservadores, alguns francamente anacrônicos, como o que elegeu Trump nos EUA e Bolsonaro no Brasil.
Em torno dessas figuras, ou produto deles, juntou-se uma horda de selvagens, bizarros, que desprezam, não apenas a Democracia, mas as ciência, com enorme desconhecimento histórico, questionamento de verdades elementares, como por exemplo de que a terra é redonda, ou crendices como o kit gay, mamadeira de piroca.
Esses setores cavalgam no caos generalizado, no obscurantismo, na desinformação, tendo como palco as redes sociais, quase uma terra de ninguém, em que as fakenews suplantam qualquer pensamento crítico, com argumentação científica, criando uma vala comum, de desprezo pela ciência, pelo conhecimento humanístico e cultural, típicos de uma época de ruptura e de baixa civilidade.
A vitória de Bolsonaro, um deputado medíocre, sem nenhum brilho e que não domina os mais elementares conhecimentos sobre o Brasil, que vivia de pauta única, que azeitou sua carreira nos desprezo aos Direitos Humanos, defendendo tortura, pena de morte, negando a história, depois funde sua trajetória com os de setores neopentecostais radicais, ganhando corpo no vazio político e na divisão das forças democráticas, que ainda tentaram se unir no segundo turno, mas era tarde demais.
A posse e o desastro ministério, quase uma caricatura, com figuras que beiram ao ridículo, sem nenhum projeto de país, nação, vivendo da máquina de fakenews das eleições, o Presidente e sua família com ligações perigosas com as milícias, diuturnamente digladiam entre si, não se preocupando para situação caótica da Economia, do desemprego e da desagregação social, próximos à barbárie.
As políticas apresentadas são de ataques ao Estado de Direito, Democracia, Educação, Saúde e a Vida. Mesmo num ambiente de desagregação econômica e social, causados pela pandemia do Coronavírus, Bolsonaro e Guedes insistem em aprofundar o caos, com apoio de Maia e do Congresso.
Todos os governos de países do mundo, dos mais conversadores aos de esquerda, buscam saídas e usam sem parcimônia o dinheiro público como fonte de manutenção da VIDA, garantia de renda, de emprego, acesso à subsistência, entendem que os gastos públicos são absolutamente necessários, não há hipótese de ajuste fiscal, como a insensibilidade Genocida de Guedes e Bolsonaro, querem.
Irônico, ou trágico, com apoio da mídia, da Globo à Record, todos concordam com Guedes, ao mesmo tempo elogiam as ações da Alemanha, França, EUA, Argentina.
Neste instante, o instinto sobrevivência da humanidade nos empurra para, primeiro, resistir, depois, lutar. Retomar espaços perdidos para as forças obscurantista, aqui no Brasil, consubstanciada na onda neofascista, que assumiu o comando do país, promovendo toda sorte de retrocesso civilizatório.
A contradição dessa quadra histórica é que houve um rápido e espantoso avanço de forças ultraconservadoras, com apoio e voto de massas, ao mesmo tempo, refloresce um novo campo de esperança de luta e unidade para restaurar o Estado de democrático de Direito e das garantias fundamentais.
As verdades passam a ser coletivas, há uma clara necessidade de compartilhar ideias, experiências, acolhimento, humanismo e formas de resistência.
A despeito de todas as diferenças políticas, de análise, há uma base comum, daqueles que lutam pela Democracia, pelo direito de fazer política livremente, com as pautas e ações diversas, com respeito às lutas tão múltiplas e complexas, que dão sentido a civilização, que não aceita a ruptura social, que se apresenta no mundo e no Brasil.
A questão maior hoje é a resistência dos valores humanos, de democracia e da atividade política como forma de inclusão social e econômica, que possa fazer o Brasil voltar ao caminho da paz social e da justiça.
Afastar o risco do fascismo, da negação da vida, como o emblemático símbolo do partido o presidente e de sua família, feito com cartuchos, nada mais significativo de uma época de ruptura.
A resposta é para ontem, envolve a Esquerda, o Centro e setores da Direita que prezam a Democracia.
A contribuição e o esforço de atuação nos movimentos sociais, de diversidade de gênero e raça, que o amalgama seja a defesa da Constituição e do Estado Democrático de Direitos, das liberdades civis, religiosas e políticas.
No mesmo veio, as forças progressistas de centro-esquerda deveriam forjar uma nova ferramenta Política de luta, não apenas eleitoral, mas do cotidiano. Uma Plataforma pela Vida, democrática, popular, participativa e criativa, sem diluir os partidos, organizações, coletivos, mas aproximando programaticamente, com ideias, debates e ações comuns, candidatos comuns, programas comuns.
Essa experiência de isolamento demonstrou que é possível se conectar com as pessoas, debater com elas, ouvi-las, dialogar, num espectro muito além das estreitas fronteiras de partidos e organizações.
A Plataforma pela Vida, por Democracia e Política, abarcaria partidos como o PT, PSOL, PC do B, PDT, PSB, PCO, entidades de movimentos sociais como MST, MTST, CUT, CMP, CTB, CSP Com Lutas, associações e agrupamentos, como Marcha da Mulheres, Coalizão Negra por Direitos, ABJD, AJD, COADE, Advocacia Popular, UJS, juventudes de grupos e partidos. Personalidades, artistas, intelectuais, acadêmicos, cientistas.
Esse esforço não seria limitado ao campo institucional, eleitoral, teria compromissos mais amplos, com a Democracia a defesa da Vida, dos Direitos humanos, sociais, trabalhistas, no combate à miséria, ao caos social e a luta contra a Barbárie.
É uma utopia, é o que nos resta, sonhar.