“Ah, mas que sujeito chato sou eu que não acha nada engraçado
Macaco, praia, carro, jornal, tobogã, eu acho tudo isso um saco”
(Ouro de Tolo – Raul Seixas)
A baixa autoestima de Bolsonaro é alimentada por uma ruidosa claque de seguidores que merece um estudo mais profundo, essa claque faz lembrar aquela turba que comparece aos programas de auditório, e que é controlada com placas levantadas instruindo: Riam, aplaudam.
Receberão um lanche depois? Uma foto, um afago?
As pessoas estão sempre ali, como estavam nos aeroportos durante a campanha, parecem e são as mesmas. Elas, pagas ou não, se equivalem ao personagem, ao “mito”, não estão ali para refletir, apenas para ser parte de um cenário distópico, celebram suas mediocridades próprias, de suas infelizes vidas, com um ídolo francamente canastrão, a canalhice típica aplaudida, sorridente, falsa.
O transe é a magia da coisa, nada os incomodam, a “sinceridade” do Mito que os chama de “cabeça grande, tipo cearense”, “você fede”, “que feiura”, isso parece reforçar a conexão. A certeza da “empatia” entre ambos os lados, reforçam o pior de cada um.
O que importa é o espetáculo, os 15 segundos de fama. como da falsa professora que pede intervenção militar para que as crianças voltem à escola e tem sua fala republicada nas redes sociais do Presidente, quanta honra.
O resultado geral é assustador.
Bolsonaro se sente num churrasco de domingo em que ele é o “tiozão do pavê”, não o presidente, pois sabe que, qualquer desatino cometido por frases e por por seu humor de piadas de 5ª série B, as suas falas mais estúpidas, desumanas, serão respondidas com risos e aplauso, incentivos entusiasmados.
Ontem, 29.04, o jornal nacional, da Rede Globo, uma das responsáveis por esse estado de coisas, que rompeu com Bolsonaro na Política, mas lhe é fiel na Economia, publicou uma série das piores declarações sobre a crise do coronavírus, lado ao lado com a evolução das mortes e aumento do desemprego, do desespero, invariavelmente, após cada frase desconcertante, risos, apoios e incentivos, um: “Isso aí, Presidente” ou “mito, mito”.
“Todos vão morrer um dia, paciência, por que não por coronavírus?” , “Essa gripezinha não pega, brasileiro precisa ser estudando, mergulha no esgoto e saí vivo, sem nada”. “É preciso enfrentar de frente, ser homem diante desse”. “Não sou coveiro”. “E daí? Lamento. Que é o que posso fazer? Sou Messias, mas não faço milagres”.
Na verdade o país vive dentro de um filme serreal, algo como “O Show de Truman”, protagonizado por Lloyd, Uma realidade paralela e que é alimentada por redes sociais e massacres virtuais, pouco importa o mundo real, o que conta é a repercussão que terá no Facebook, no Twitter.
As “lives presidenciais” de profundo mau gosto, das piadas de duplo sentido, como “agora Moro fará troca-troca com ministro Salles, haha, brincadeirinha”.
É uma representação que encontra ressonância num público que o vê como um igual, como alguém que vai contar piada suja, racista, sexista e todos vão bater nas costas.
É essa claque presencial ou virtual que destrói o país, criando um monstro, um ser malicioso, sem limites, sem pudores e pruridos, autoritário e que sabe manipular essa gente simples, que entrou em modo ZUMBI.
Vão acordar?