O fenômeno de ondas gigantes, que superam uma simples ressaca, elas se formam longe da praia e chegam enorme na costa, devastando tudo o que tem pela frente, não há diques que salvem.
Vivemos algo parecido nas eleições, um tsunami de fakenews, combinada com uma frenética loucura de repasse indiscriminado de todas elas, sem nenhum filtro possível. Não há diques que contenham. O efeito é estrondoso, combater hoje as mentiras, produzidas por um centro de inteligência eficaz e com imensa capacidade profissional de ação, é enxugar o gelo, tolice usar racionalidade em algo dessa magnitude.
A questão que vejo é exatamente o pós-tsunami, o estrago causado levará a uma rebordosa indescritível. Até para os padrões Trump, essas mentiras locais superam em larga escala e com a vantagem da idiotia coletiva.
Pouco adianta buscar culpados, vejo que é um trabalho meticuloso de pelos menos 12 anos, mais ou menos depois de 2006, pois o ensaio “mensalão” foi incapaz de derrotar o PT. O plano B tem como característica fundamental a paciência.
Todas as tentativas eleitorais foram combinadas com campanhas dominadas por robôs, esquemas cada vez mais sofisticados, inaugurados com Serra e seu guru indiano.
As primaveras digitais e a explosão de acessos de internet via celular criaram o campo fértil para que essas loucuras coletivas tivessem vazão e um sentimento de repulsa anti-sistêmico se aprofundasse, A questão não é de âmbito local, insisto nisso, as jornadas de junho tinham como foco “0,20”, terminaram pedindo a cabeça da presidência, azedando de vez a relação da esquerda com as pessoas.
O modo de campanha suja foi azeitado com Aécio, no nascente Whatsapp, os primeiros grupos, ali se percebia para onde a coisa começa a caminhar. Saiu-se da rede exposição pessoal (Facebook e Twitter) para um tipo de comunicação coletiva, que não se consegue produzir qualquer contraditório. As correntes antigas de Orkut, Facebook e Twitter, eram brincadeiras de crianças, diante da tragédia atual.
Trump se elegeu numa sofisticada campanha que teve como centro a mudança de algoritmo no Facebook, mas a maior lógica de acesso imediato sem intermediários foi o Whatsapp.
Nessas eleições se experimenta uma campanha absolutamente inédita, um “não-candidato” que não se submeterá a nenhum contraditório, se comunica com seus adoradores, sem nenhum filtro ou possibilidade de debate. Pouco se pode fazer, não adianta lamentações, o trabalho deverá ser de outro nível, A própria grande mídia se viu perdida, sem conseguir prever, intervir ou tencionar as eleições.
O campo do autoritarismo, da comunicação direta, sem que haja qualquer retorno ou crítica favorece uma candidatura que não precisará, a princípio, prestar contas a nada ou a ninguém. Inclusive poderá chantagear o congresso, o judiciário ao seu bel-prazer.
A reflexão é: O que fazer?