Depois de uma bela abertura das Olimpíadas que uniu humor, rock e criatividade, todas expectativas se voltaram para o dia seguinte, o primeiro dia oficial dos jogos. A delegação brasileira começou sua caminhada, tendo como objetivo geral ganhar 15 medalhas, uma delegação de 258 atletas. Parece modesto, mas é o que possível, muito ainda há para se fazer, algumas categorias o Brasil já domina bem o ciclo olímpico, noutras estar aprendendo.
O desafio maior é o financiamento dos atletas e esportes, sem ser paternalista, mas ao mesmo tempo buscando massificar o esporte como pratica social, de incentivo ao desenvolvimento social e humano. Poucos atletas, que não estejam vinculados, por exemplo ao futebol, conseguem se manter de sua atividade, ou ter patrocínios que financiem profissionalmente suas vida. Podemos lembrar do voleibol, tanto masculino como feminino, que tem uma vida própria, com campeonatos e uma ampla visibilidade.
Outros esportes, considerados individuais, como judô, que é tradicional no Brasil, muito pela influência da comunidade japonesa, mas ganhou um tempero local incrível, produziu grandes campeões olímpicos como Aurélio Miguel, Ouro em Seul e Bronze em Atlanta, Rogério Sampaio em Barcelona. A luta se disseminou nas escolas, ganhou dimensão nacional, com centros formadores em São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Cresceu muito nos últimos anos, tornando-se uma escola respeitada no mundo. A pioneira medalha de bronze Chiaki Ishii foi o começo de nossa trajetória.
Este ano, o Brasil chegou a Londres com boas perspectivas no judô, encabeçando a lista de favoritas, por liderar seus rankings, Leandro Guilheiro, duas vezes Bronze, Mayra Aguiar, também é líder. Esta é a equipe se suas posições no ranking mundial:
Ligeiro: Sarah Menezes (48kg / 2a do ranking mundial) / Felipe Kitadai (60kg/11o)
Meio-leve: Erika Miranda (52kg / 3a) / Leandro Cunha (66kg/4o)
Leve: Rafaela Silva (57kg/3a) / Bruno Mendonça (73kg/10o)
Meio-médio: Mariana Silva (63kg/14a) / Leandro Guilheiro (81kg/1o)
Médio: Maria Portela (70kg/8a) / Tiago Camilo (90kg/6o)
Meio-pesado: Mayra Aguiar (78kg/1a) / Luciano Correa (100kg/15o)
Pesado: Maria Suelen Altheman (+78kg/7a) / Rafael Silva (+100kg/3o)
A grande aposta era a pequena guerreira Sarah Menezes, judoca de 22 anos, de Teresina, Piauí, um dos estados mais pobres do Brasil. Sarah, tem uma trajetória incomum, mesmo se destacando no judô, não abandonou sua cidade, longe dos grandes centros e das principais equipes, com mais recursos técnicos e financeiros. A Confederação Brasileira de Judô e o Ministério do Esportes, resolveram ajudar a ideia de Sarah de permanecer em Teresina. O bolsa atleta e o envio de equipamentos para que ela tivesse condições de treinar forte.
O treinador Expedito Falcão, que descobriu Sarah Menezes, virou auxiliar da Técnica da Seleção Brasileira do judô feminino, Rosicleia Campos, o que deu mais confiança a atleta, que vinha numa constante melhora nos seus resultados, nos últimos 2 anos, depois de uma participação nas olimpíadas de Pequim. Ela conquistou duas medalhas de bronze no Campeonato Mundial (Tóquio, em 2010, e Paris, em 2011), bronze nos Jogos Pan-Americanos (Guadalajara, em 2011), conseguiu uma medalha de prata no Campeonato Mundial (Paris, 2012).
A grande vitória de Sarah Menezes, a primeira medalha de Ouro feminina no Judô, mostra o crescimento do esporte, também entre as mulheres. Ketleyn Quadros havia ganho a importante medalha de bronze em Pequim, um bom prenúncio do que estava por vir. Mayra Aguiar melhorou muito seu desempenho e lidera o ranking mundial, será nossa grande esperança de mais uma medalha nesta olimpíada.
No Masculino, o tímido Felipe Kitadai, surpreendeu com um grande desempenho e ganhou a medalha de bronze, no dia em que completou 23 anos, fazendo do Judô, por enquanto, o esporte mais vencedor do Brasil. Kitadai se desenvolveu no judô em São Paulo, no projeto futuro. Atleta da Sogipa, e apoiado pelo Ministério dos Esportes com a Bolsa Atleta. Longe de ser favorito, mas soube ter garra e vontade para ir ao pódio, como ele mesmo disse no dia seguinte: “Tenho medo de dormir e acordar sem a medalha, que me digam ‘hoje você tem que lutar de novo”, de acordar e que tudo seja só um sonho”.
O Judô brasileiro é amplamente vencedor, desde Munique são 17 medalhas, 3 Ouro, 3 de pratas e 11 de bronze, o que torna o Brasil o oitavo maior vencedor mundial da categoria, em Olimpíadas, como segue abaixo:
- Chiaki Ishii – Bronze (Meio-Pesado)
- Douglas Vieira – Prata (Meio-Pesado)
- Luís Onmura – Bronze (Leve)
- Walter Carmona – Bronze (Médio)
- Aurélio Miguel – Ouro (Meio-Pesado)
- Rogério Sampaio – Ouro (Meio-Leve)
- Henrique Guimarães – Bronze (Meio-Leve)
- Aurélio Miguel – Bronze (Meio-Pesado)
- Tiago Camilo – Prata (Leve)
- Carlos Honorato – Prata (Médio)
- Leandro Guilheiro – Bronze (Leve)
- Flávio Canto – Bronze (Meio-Médio)
- Leandro Guilheiro – Bronze (Leve)
- Ketleyn Quadros – Bronze (Leve)
- Tiago Camilo – Bronze (Meio-médio)
- Felipe Kitadai – Bronze (Ligeiro)
- Sarah Menezes − Ouro (Ligeiro)
Sarah Menezes encheu os piauienses de orgulho. Mas, não podemos esquecer que o esporte está debilitado no Estado, com parco apoio governamental e empresarial. Urgem planejamento e profissionalismo.