A situação da Espanha vai se deteriorando num caminho sem volta, a casa post que escrevo, a memória vem de imediato o que aconteceu na Grécia, que caia dia a dia, os últimos artigo são um crescente, senão vejamos o que escrevi desde semana passada, aqui na série sobre a Crise 2.0 :
Crise 2.0: A Luta de Classes na Espanha
Crise 2.0: Para onde vai a Espanha?
Crise 2.0: O caminho do desastre espanhol,
Crise 2.0: Espanha ajoelhada diante da Troika
Em cada uma, destas matérias, percebemos a que os números pioram como a na “tele sena”, de hora em hora. Num dos artigos tive que colar o gráfico do prêmio de risco 4 vezes.
O que estamos acompanhando quase como um BBB é a queda de uma nação, o caminho do desastre, começa com aparente medidas para amenizar, que horas depois pioram. Apenas de fevereiro até julho o prêmio de risco subiu 50%, nos últimos 23 dias 33%, o descontrole parece total. As manchetes de um mês atrás era de que a Espanha apenas enfrentaria um “Resgate Parcial”, restrito a seus bancos. Duas semanas depois é que “talvez o resgate não seja suficiente”. Sexta passada, era que havia uma possibilidade de resgate total.
Hoje o El País, já diz que Espanha já está tecnicamente no limbo, o Resgate Total é inevitável. De quinta para hoje houve um aumento de 10% do prêmio de risco, e os yelds(títulos da dívida pública espanhola) de 10 anos, estão acima de 6,5% tem um mês, e desde semana passada acima de 7% ao ano, hoje está 7,3%. Apenas para comparar, Irlanda, Portugal e Grécia, caíram quando estes títulos ficaram acima de 6% por mais de um mês. O “mercado” simplesmente não aceita mais rolar a dívida pública, ou quando aceita cobra um valor inviável. O governo fica refém do mercado, não tem como emitir moeda, não recebe ajuda do BCE, tem que pegar dinheiro privado, com custo altíssimo.
Lendo agora no El País: ” Não há um momento de descanso desde o pedido de resgate da comunidade de Valência, disparou o alarme”. Agora cedo um desesperado Luis Guindos, ex-FMI, era o número 2 de Rodrigo Rato, foi ao congresso dizer: “Para o Governo, a situação mostra a “irracionalidade” dos mercados,como observou o Ministro da Economia , Luis de Guindos, no início de seu discurso no Congresso. “Os mercados reagem de forma exagerada”, acrescentou antes de ressaltar que em tais momentos, você tem que ajustar seus balanços. Guindos, perguntado por repórteres, ele acrescentou que “é claro” descartar um conjunto de intervenção estatal.
Todos os especialistas apostam que a Espanha entrará em Default nesta semana, e carregará consigo a Itália, hoje seus títulos e prêmios de riscos dispararam, é um efeito dominó. A situação é complexa pois um pedido de resgate retira das mãos do Estado espanhol o poder de definir os rumos da economia, na prática a Troika (UE, BCE e FMI) passam a dirigir o país, determinam a política, em alguns casos como a Grécia, exigiu a troca do primeiro ministro, impondo PapaDEMos, num mandato biônico de mais de 6 meses. Rajoy pode cair, sem quase não ter assumido. Outro fato que pesará enormemente, as empresas e bancos locais perdem a prioridade de ajuda do governo, nem emitir qualquer título.
Um exemplo disto, da perda de autonomia/soberania, é que Irlanda e Portugal foram impedidos de lançar títulos no mercado, agora na sexta-feira o BCE comunicou que a Grécia não terá mais seus títulos com lastro, como diz a matéria da Reuters: “O Banco Central Europeu (BCE) afirmou nesta sexta-feira que não irá mais aceitar como garantia os títulos soberanos da Grécia ou outros ativos garantidos pelo governo do país a partir de 25 de julho. O BCE ainda informou que irá revisar a situação assim que a troika –grupo formado por representantes da União Europeia (UE), Fundo Monetário Internacional (FMI) e BCE– finalizar sua visita à Atenas.O BCE acrescentou que os bancos gregos continuarão capazes de conseguir financiamento durante esse período junto ao banco central da Grécia.
A situação espanhola, porém, ao contrário das economias menores de Portugal, Irlanda e Grécia, assusta a Europa, além de trazer para o olho do furacão a Itália. Prova disto é a reportagem do Estadão de ontem mostrando que o “presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, alertou neste sábado que a crise econômica da Espanha pode desencadear uma “explosão social” na Europa. “As demonstrações na Espanha mostram que uma explosão social está se aproximando, em função do alto nível do desemprego entre os jovens na Europa”, comentou ele em uma entrevista para o jornal alemão Bild. Schulz pediu uma rápida implementação “dos novos programas europeus, para finalmente criar mais empregos para essa geração”. Mesmo assim, ele afirma que a Espanha está em uma situação melhor do que a Grécia para lidar com a crise, já que “tem uma sólida base industrial e uma administração pública bem organizada”.
O medo é pela reação da população espanhola à aprovação do pior e mais radical plano de ajuste feito na democracia o que levou às ruas milhares de pessoas “na sexta-feira, o governo da Espanha afirmou que a recessão no país deve se prolongar para 2013, o que vai causar um aumento no desemprego, que pode chegar a 24,6% este ano. Centenas de milhares de pessoas foram às ruas na quinta-feira para protestar contra a aprovação de novos cortes no orçamento e aumentos de impostos, enquanto o governo tenta equilibrar as contas públicas. Hoje, novos manifestantes chegaram
de diversas partes da Espanha a Madri. Eles chegaram um dia após o grupo de ministros de Finanças da zona do euro (Eurogrupo) aprovar o pacote de resgate para os bancos espanhóis, de até 100 bilhões de euros.
No El Pais de hoje, Joaquim Estefánia, escreve um artigo “Verão 2012” em que faz um paralelo do aconteceu com Grécia e Portugal em relação aos fatos espanhóis e diz “se repete passo a passo, o mesmo roteiro que o da Grécia ou Portugal” e concluí com tristeza “Não há saída honrosa”. Até velhas raposas voltam ao palco, Felipe Gonzalez, ex-presidente do país disparou: “Rajoy está obrigado a convocar uma convenção nacional para acabar com a crise”. E foi mais longe, quando falou grosso que “Estamos indo à deriva e espanhol e, como os europeus.”
Também, segundo o El País, Gonzalez foi enfático ao afirma que “não acredita no governo de tecnocratas , mas requer um consenso nacional “para sair da crise e agir na Europa.” Considerado tolo para acreditar que “a Espanha é grande demais para soltá-lo porque isso iria destruir o euro.” A Europa não foi capaz de destruir a si mesmo, Ele lembra. Apenas uma proliferação de vozes de nacionalismo não solidário. A entrevista de Felipe Gonzalez,é muito significativa, vale a leitura, pois confirma muito do que estamos a afirmar nas nossas investigações. Leia aqui na íntegra .
Por enquanto, fechemos as cortinas…