Arnobio Rocha Política O Vale tudo do 7 de Setembro: O Risco de Ruptura Institucional.

1883: O Vale tudo do 7 de Setembro: O Risco de Ruptura Institucional.


Um Governo em frangalhos que quer a ruptura política como sobrevivência.

A defesa de Democracia, do Estado de Direito e dos Direitos Humanos, não se dão no abstrato, apenas e tão somente no campo das ideias e formulações, que são fundamentais, e ajudam nos enfrentamentos, entretanto, são nos embates da vida real (ah, luta de classe, pois não) que se materializam essas conquistas civilizatórias, as defesas precisam de ter o norte da prática, ou melhor da práxis.

Obviamente, em outra mão, não se pode cair na mera visão de que só importa a militância prática, desprezando os elementos subjetivos, conceitos, elaborais teóricas, estudos acadêmicos, teses jurídicas e políticas que balizam uma conduta militantes, o método, aquele caminho que nos permite chegar a determinado fim.

A síntese está naquilo que se assimila dos conhecimentos humanos desenvolvidos, que se transformam em ação, em vida real, na preparação do que fazer, como fazer e como mediar as ideias ao dia a dia da lutas e defesas, no campo, na cidade, nas periferias, nas zonas de exclusões sociais, entre os mais vulneráveis e onde o Direito raramente chega.

Estamos a viver uma quadrada de grandes mudanças, em tempo veloz demais, em menos de uma década o mundo em geral, o Brasil em particular, sofreu com as hordas do ultraliberalismo, o ataque às conquistas civilizatórias, de direitos sociais, políticos, ganhos econômicos históricos, fruto das lutas sociais, sindicais, além dos desprezo aos Direitos Humanos.

A década de 10, deste novo século/milênio foi caracterizado pelo profundo retrocesso para as instituições democráticas, a carta política foi rasgada, houve uma ampla criminalização do Direito a se fazer política, a antipolítica, se tornou a mais perversa forma de se fazer política, ameaçando gerações de conquistas sociais, bem-estar e modo de vida.

Grupos francamente fascistas, protofacistas, cresceram, saíram dos esgotos e se tornaram maioria em países continentais como o Brasil e os Estados Unidos. Essa onda venceu eleições partindo de ideias e conceitos absolutamente medievais e ao mesmo tempo em que implantaram um programa econômico selvagem e amplamente excludente.

A ideologia neofascista, antihumana, foi levada ao extremo, uma fusão de conceitos religiosos, com formulações contra a ciência, o modo de vida moderna, as relações humanas, a diversidade sexual, as emancipação das mulheres, e conteúdo absolutamente racista e contra as religiões não cristãs, tudo isso tendo como amálgama o ódio ao Estado e suas instituições.

A ruptura dessa lógica começou com a derrota de Trump nos Estados Unidos, o que fez do Brasil o centro ideológico e de viabilidade dessa extrema-direita radical.

Os embates políticos promovidos por Bolsonaro, um celerado, um cidadão desprovido de qualquer sentimento humano, faz parte da tentativa  de manter a influência mundial dessa ideologia excludente que ameaça a vida humana no planeta.

O débil governo Bolsonaro, fruto de uma extrema-direita despreparada politicamente, sem nenhuma qualidade administrativa, faz com que o desastre econômico e social se acentue, a pobreza e a extrema miséria, voltaram com força, ao mesmo tempo, que cresceu a quantidade de bilionários, em tão pouco tempo.

A queda de popularidade colocou o governo nas cordas, a saída calculada por Bolsonaro, Bannon, e os ideólogos do ultraliberalismo é provocar a ruptura institucional e impor um governo ditatorial, o dia 07 de setembro virou o centro da tática, reunificar a “tropa”, demonstrar força e se possível romper com o que sobrou de Democracia.

O 7 de setembro passou a ser questão de vida ou morte de Bolsonaro, não economia de dinheiro para arrebanhar gente, especialmente no meio dos militares, policiais militares, para, inclusive, emparedar governadores de estado.

O que não parece pouca coisa, alguns políticos, como Ciro Gomes, propõem se esconder (quem sabe Paris?), ficar em casa, não aparecer nas ruas. Grupos de esquerda mantiveram atos públicos como forma de visibilidade política de oposição, com todos os riscos por serem atos com perspectiva de público limitado, até pelo “medo” espalhado em redes sociais.

Dias 07 de setembro pode acontecer tudo, ao mesmo tempo que pode não ser nada. A ruptura, as ameaças às instituições e à Democracia, são feitas publicamente por um político desesperado, sem compromisso com o país, com a economia, com a vida da população.

É esse o cerco, não dar para defender as instituições escondidos, ou apenas escrevendo belos artigos, tem que sair da toca.

 

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