Arnobio Rocha Política São Paulo, o Epicentro da Ameaça Golpista.

1879: São Paulo, o Epicentro da Ameaça Golpista.


Dória Jr: A ameaça de ruptura institucional se avizinha.

O Governador de São Paulo, João Dória Jr, desde domingo, 22 de agosto, dispara frases pesadas sobre os riscos golpistas no país, das ameaças extremadas propagandeadas pelos organizadores dos atos do dia 7 de setembro, inclusive, por coronéis de SP, da ativa e da reserva, que em tese são subordinados ao governador do estado bandeirante.

A razão de São Paulo ser o epicentro das ameaças mais forte pela ruptura institucional é evidente pela sua força econômica, seu peso no PIB nacional, a concentração de riquezas, produzidas aqui ou de empresas, bancos que são sediados no estado, o que torna a disputa do Poder Político de São Paulo determinante para o Brasil.

O PSDB dirige São Paulo desde 1994, sem nenhuma alternância, controle absoluto da Assembleia Legislativa e em boa parte das prefeituras do estado. A força hegemônica não é monolítica, há graduações diferentes, inclusive, geracional, isso se reflete nas composições e opções políticas locais e nacionais.

A política de segurança pública foi mudando de acordo com essas frações do tucanato no governo estadual. Há uma clara distinção entre a gestão Covas e as demais, que foram seguidamente optando pelo endurecimento, quase próximo do malufismo, do “bandido bom é bandido morto”, “ROTA na Rua”, em contradição com a convivência no mínimo esquisita com PCC.

São Paulo foi palco das grandes manifestações de 2013 e posteriores a elas, com domínio da Direita e extrema-direita, os verde-amarelos que tiravam selfies com PMs, numa relação de simbiose entre classe média branca e forças públicas que reprimem de forma violenta e letal nas periferias, prendendo e matando a juventude negra.

O crescimento desse sentimento de Direita mais radical embalou a candidatura do desconhecido Dória Jr a prefeito, vencendo de forma acachapante o PT no primeiro turno, mesmo Fernando Haddad tendo sido muito bem avaliando.

Dória Jr, passou pouco mais de 1 ano no governo, saiu formalmente do cargo, mas tutelava o apagado Bruno Covas, controlado seus secretários de mandando na prefeitura.

Para se eleger governador, Dória Jr, levou o PSDB para Direita sem nenhum pudor, seus velhos líderes foram deixados de lado, o próprio Alckmin foi abandonado nas eleições presidenciais. Ainda não satisfeito, Dória se aproximou da extrema-direita, o famoso BolsoDória, tendo como pilar, a visão de uma PM forte, dura e mais letal.

A promessa de campanha de endurecer ainda mais a PM de São Paulo foi cumprida, trouxe um general para Secretária de Segurança, e as primeiras ações duras da polícia foram premiadas pelo governador, parecia a mesma concepção do Witzel de atirar na cabecinha.

Entretanto, Dória Jr, rompeu com Bolsonaro, ou teria sido o oposto?

Essa ruptura exigiu uma ajuste de rumo, com clara alteração na segurança pública, no entanto, o estrago estava feito, os acertos e nomeações de campanha não foram revistos, e essa correção de rota, não é bem-vista na segurança, os setores mais à Direita passam a confrontar o governador, a questionar seu comando.

O confronto se dá nos bastidores, nas associações que representam oficiais que tentam emparedar e pôr em Xeque o governador, o poder civil, não aceitar as ordens da secretaria de segurança, criando um risco institucional permanente, o que explica as falas desses coronéis, agora, mas mais ainda, as ações no judiciário pedindo “independência” da Polícia em relação ao governo.

A reação do Governador Dória Jr de afastar um comandante da PM na região de Sorocaba e a exposição pública da crise de segurança, na verdade, crise de autoridade, é de maior preocupação para Democracia e do Estado de Direito.

É fato que Dória Jr, sua ala no PSDB, são os responsáveis por essa crise, no entanto, a quebra de ordem e hierarquia não pode e nem deve ser tolerado. Todos que defendem a Democracia têm o dever de defender o poder civil, independente de quem o governe. Não se deve aceitar as ameaças, a chantagem de uso de força, de manifestação armada e militarizada.

A despeito das responsabilidade próprias do governador e de seu partido, temos que defender as instituições e a soberania do voto popular.

Tempos difíceis se avizinham.

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