Arnobio Rocha Reflexões O homem que (não) amava os cachorros

1265: O homem que (não) amava os cachorros


Virgilio lendo a "Eneida" para Augusto e Octavia (Jean-Joseph Taillasson - National Galery - Londres)

Virgílio lendo a “Eneida” para Augusto e Octavia (Jean-Joseph Taillasson – National Gallery – Londres)

“Ao triste, que varado expira chamas,
Num torvelinho em rocha aguda o crava” (Eneida – Virgílio)

Bom dia, bom ano novo, a cada dia mais distante desse caminho, porém ainda estou por aqui, mesmo que parecesse que tinha sumido, ainda visito esse blog, nem que seja para constatar a sua enorme importância para meu ego e, ao mesmo tempo, ser completamente desimportante para minha vida prática e mundana.

Talvez seja assim para a vida de vocês, eventualmente, para alguma coisa ele serve (ou serviu). Mas, enfim, alguém tem que manter um estoque de bobagens ou colações de obviedades que muitas vezes se perdeu com a velocidade e volatilidade das informações/ideias. Reafirmar velhos conceitos, implicâncias e impertinências, sem dúvida, é o que me restou na jornada.

Bom exemplo disso são as velhas músicas de que gosto, sempre velhas, ou meus livros prediletos, também de séculos passados. Incidentalmente acontece de descobrir algumas preciosidades no presente, como o livro do Leonardo Padura “O homem que amava os cachorros”, o mais ácido relato sobre o stalinismo, em suas variedades, russa, espanhola ou cubana. Quem sabe um dia faça um apanhado melhor sobre o grandioso livro, pois ele me jogou num grande vácuo, ou seria vazio?

Em 2009, ao sair o primeiro artigo aqui, a ideia era trazer memórias, nada conjuntural, preocupações presentes ou apontar tendências futuras. Descumpri seguidamente o propósito, pois a minha (velha) alma militante aflorou e me enfronhei na terrível tarefa de “ser o blogueiro do seu tempo”, uma porcaria, pois não somos nada além de palavras ao vento, duro constatar, mas é a realidade.

Algumas de minhas tragédias pessoais, que só deveria interessar a mim, a minha família, acabaram também expostas nesse espaço, não me arrependo, entretanto, hoje, não faria igual, nem de longe, nem nada próximo. É a armadilha da internet que caímos, por vaidade ou apenas por falta de reflexão, também fruto de ter fugido da ideia original do blog, de não ter compromisso com o “presente”. Já passou, foi o que foi, sem mais comentários.

Pronto, quebrei o gelo, o “titanic” já pode afundar.

WILLIE NELSON – THE SCIENTIST (ColdPlay)

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