Arnobio Rocha Crise 2.0 Crise 2.0: UE – O faz de conta, que não acontece

Crise 2.0: UE – O faz de conta, que não acontece

Monti:UE pode se dividir ainda mais entre - Norte(ricos) e Sul(pobres).

 

Uma semana sem escrever aqui na série sobre a Crise 2.0, desde que publicamos os três últimos artigos, pois eles deram a tônica dos passos que se seguem na Europa, o caminho do abismo “consciente” de Espanha, depois do sacrifício de Portugal, Irlanda e Grécia. A sequência dos posts:

  1. Crise 2.0: 30 anos da Crise das Dívidas da América Latina
  2. Crise 2.0: A Recessão da Zona do Euro
  3. Crise 2.0: O Resgate “envergonhado” da Espanha

Demonstra que, guardadas as devidas proporções, temos uma história que se repete como tragédia, um modelo que se torna repetitivo, inclusive na queda violenta.

 

Hoje a frase lapidar de Monti,que não é Belo, primeiro-ministro biônico da Itália, confirma o que dissemos : A maior tragédia para a Itália e para a Europa seria ver o euro se tornar, por conta de nossos erros, um fator que desperte preconceitos do norte contra o sul do bloco, e vice-versa. Esse risco existe”. A situação se agravou de tal forma, que os líderes, mesmo os mais comprometidos com a Troika,como Monti, não conseguem esconder suas frustrações e fracassos.

 

Como diz a nota da agência dow jones:  “A Itália, terceira maior economia da zona do euro, está mergulhada em uma profunda recessão e os italianos tem visto uma série de pacotes de austeridade, reformas e aumentos de impostos para tentar conter o débito fiscal do país. Mario Monti já havia alertado o restante da Europa que o país precisa de “espaço para respirar no mercado” para ter alguma chance de se afastar de uma crise da dívida, além de resistir ao contágio de nações mais fracas, como a Espanha”.

 

O apelo é dramático, mas não só de Monti, mas principalmente da Espanha, que mesmo os indicadores “acalmando” nestes duas semanas, ainda são alarmantes, Prêmio de Risco tinha chegado aos 649 pontos está em 470 e Yelds que bateu 7% agora em 6,3%. O ambiente é de pré-resgate, o que levou a este “respiro”, nos níveis tão corrosivo que estava, levaria a Espanha a uma queda à la Grécia, agora pode ficar numa situação intermediária, algo como Portugal. Mas não há outra saída, pelo menos visível até agora.

 

Por parte da Alemanha, não há qualquer recuo, ao contrário, semana passada Merkel ameaçou violentamente a Grécia, caso viesse a pedir renegociação de qualquer ponto. Mas a questão é, nem precisa pedir, a Grécia não vai cumprir os pontos, é fato. Na prévia do encontro entre Samaras, primeiro-ministro grego e Merkel na próxima sexta, a chanceler mandou seu Ministro da Economia, Philipp Rösler, falar grosso com os gregos, mais uma vez os ameaçando e humilhando, como reporta a Der Spiegel: “Quem exerce uma política decisiva de reforma ganha a Solidariedade Europeia. Quem não seguir as regras e quebrar compromissos assumidos não pode esperar ajuda financeira”.

 

Ainda não satisfeito, Rösler, afirmou, mais uma vez na Der Spiegel: “a zona do euro só alcançará uma nova confiança na moeda única se as regras e regulamentos estiverem presos a uma resolução maior. A Europa e o euro não podem falhar por causa de pessoas que recusam reforma”. Pouco se preocupa em quais condições miseráveis se encontra o país, o burocrata que apenas que CUMPRAM, não importa o custo social, humano e político da resolução. Estes países entram num jogo de faz de conta, cujo resultados são desastrosos.

 

Desconfio que não há qualquer liderança na Europa, nem fora dela, capaz de criar um novo ambiente, pactuado, para socializar as grandes perdas, um novo plano Marshall, que faça renascer o velho continente. Nesta toada insana, há poucas, ou nenhuma esperança. O risco maior é contaminar o mundo inteiro, inclusive o Brasil.

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0 thoughts on “Crise 2.0: UE – O faz de conta, que não acontece”

  1. Bem disse a grande Tânia Bacelar de Araújo, da Universidade Federal de Pernambuco, numa palestra espetacular em que falava das mazelas da nossa era, entre as quais a globalização, que tem natureza seletiva, desigual, escolhendo mundo afora os países, os segmentos, as pessoas que interessam.
    “Natureza seletiva social, mas também
    econômica: a África é menos do que
    a América Latina, o Brasil é mais do
    que a Colômbia, e o Brasil de Belo
    Horizonte para baixo interessa
    mais”.
    Essa divisão sempre existiu na Europa; o brilho do euro disfarçou por um tempo, mas agora, né?, a verdade ressurgiu.

  2. Olá, Arnóbio!
    Os liberais insistem, porque para eles esse cenário é o melhor possível. Quem sofre é sempre o mesmo: população.
    Continuo acompanhando por aqui para saber até onde vai…sabendo que vai dar em nada…
    Abraços e boa semana
    Elaine

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