Arnobio Rocha Crise 2.0 Crise 2.0:Semana Francesa

363: Crise 2.0:Semana Francesa

 

 

Esta semana, sem dúvida, foi francesa, aqui no Crise 2.0 refleti todo o desenrolar desde a eleição de Hollande aos debates que se seguiram, um conjunto de posts escrevi dedicados ao tema:

  1. Crise 2.0: Caminhos para França
  2. Crise 2.0: A nova França
  3. Crise 2.0: O Pós-Sarkozy
  4. Crise 2.0: A questão do Poder na UE
  5. Crise 2.0: França x Alemanha
  6. Crise 2.0: Austeridade x Crescimento
  7. Crise 2.0: Desafios de Hollande

Aqui, busquei mostrar as pequenas fissuras e contradições que trouxe ao cenário da crise a eleição de um socialista na França, que assumiu um ar de derrota maior de toda Direita europeia em particular da Chanceler Alemã, Angela Merkel, que tinha em Sarkozy seu ajudante-de-ordens.

Com a saída de cena de Sarkozy, o consenso imposto pela Alemanha de que todos os países deveriam seguir os planos de Austeridade, começou a ruir, as palavras por uma nova alternativa, o crescimento, ganhou corpo de forma rápida, apenas isto, para mim, já é a grande vitória, advinda com Hollande. As contradições se tornam pública, não dar mais para Merkel falar como se fosse a dona da verdade.

 

A própria Chanceler começa adequar o discurso, ontem no parlamento já foi mais brando, mesmo os jornais captando apenas a parte que lhes interessa, de ela não abriria mão da Austeridade, mas não percebem que a menos de sua semanas, ela jamais mencionava a palavra – crescimento – ontem assim se pronunciou: “Crescimento através de reformas estruturais é sensato, importante e necessário. O crescimento com crédito só nos levaria de volta ao início da crise, e é por isso que não deveríamos fazer isso, e não vamos” .

 

É significativa esta mudança de discurso, antes rejeitava categoricamente qualquer menção, os próprios deputados de centro-esquerda na Alemanha se animam a cobrar Merkel, inclusive porque podem ganhar importante eleição regional no próximo fim de semana, quebrando, assim, mais ainda a imagem de invencível da Chanceler. Outras vozes também se levantam por mudanças,  como nos informa Celso Ming, no final de sua coluna hoje, no Estadão:

“O banco central da Holanda divulgou nesta quinta-feira uma análise sombria da economia europeia. Embora seja uma das instituições mais ortodoxas do Continente, sugeriu que o Banco Central Europeu “atue agressivamente para impedir eventual deflação”. É um outro jeito de pedir emissões de moeda para salvar Estados endividados. O risco, diz o relatório, é o de a Europa mergulhar numa estagnação de longo prazo, parecida com a enfrentada pelo Japão”.

 

A fórmula defendida por Krugman, de que um pouco de inflação, é mais benéfica do que ficar perseguindo metas, ganha adeptos, pois até agora os planos de ajustes nada conseguiram, só foram positivos na Alemanha, em condições bem específicas, como o Krugman demonstrou esta semana, e analisamos no post Crise 2.0: Austeridade x Crescimento. Num ambiente amplo de crise, é impossível reproduzir o que se conseguiu na Alemanha, mais ainda mais que a conjuntura era outra, com possibilidade de crescer o comércio exterior , que foi o contraponto ao ajuste interno alemão.

 

Hoje Krugman retoma a análise sobre as eleições na Europa e mais uma vez explica com precisão, o por que da rejeição aos planos de austeridade: “O problema é que as políticas responsáveis nada têm de responsáveis – o programa de austeridade que definiu o significado de `seriedade’ na Europa é um abjeto (e previsível) fracasso. Por isso, os eleitores descontam a raiva nas urnas, votando contra os partidos no poder. E como todas as pessoas respeitáveis estão dentro da tenda política, apoiando políticas fracassadas e sendo identificados com elas, isto dá aos extremistas de esquerda e direita um número expressivo de votos”.

 

Sem retoques, estamos chegando ao fim de uma semana intensa, cheia de novidades, que abre várias possibilidades, o próprio Crise 2.0 voltou à ativa, continuemos…

 

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0 thoughts on “363: Crise 2.0:Semana Francesa”

  1. Concordo com a marinildac.
    A impressão que tenho é que Hollande ainda não acredita que ganhou, por isso a empolgação que transparecia antes do pleito, agora parece ter se transformado em medo.
    Que sejam apenas impressões equivocadas.
    Abraços

  2. Parabens Arnobio, acho que realmente estas no rumo certo desta prosa.
    Com toda dificuldade e temores advindos do momento histórico pelo qual a Europa atravessa, Hollande é uma mudança de rumo. Uma mudança simbólica do núcleo duro da UE com relação as políticas fiscais e o sistema financeiro. Um contraponto, mesmo que de inicio assuma uma postura mais branda, as posições da Alemanha, que quer garantir o pagamento aos bancos e da Inglaterra, favoravel a desregulação completa. Vejo esta nova chance dos socialista na França será muito melhor aproveitada.

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