O Blog nasceu, como escrevi anteriormente, para ser uma espécie de livro de memórias, arquivar digitalmente meus artigos, na verdade “fichas de leituras”, que carregava comigo pelos anos, viagens, por onde morei, alguns perdidos, outros guardados de forma precária, folhas velhas, rasgadas, anotações em cadernos, outras nos próprios livros.
O certo é que depois de um ano e meio, com a experiência do portal colaborativo “Teia Livre”, ideia do Marcos Biruel e Marinilda Carvalho, que reunião artigos, posts, ideias, de quase 50 blogueiros, ativistas digitais, naquela época, o Twitter era nossa trincheira, na campanha de 2010, nos unimos ao portal e foi uma baita experiência e de ótimos companheiros como Ricardo Queiroz, Victor Amatucci, Lufeba e Marinilda.
O blog mudou substancialmente, de literatura, cinema, mitologia grega e Política (conjuntura), voltei aos estudos sobre Crise em Marx, principalmente porque em 2011 os primeiros efeitos de uma grande mutação do Capital estava em curso, com a aparente “revolta”, as tais primaveras árabes, os indignados na Europa, Occupies, depois Praça Maidan (Ucrânia).
Dessa ideia comecei a escrever uma série chamada Crise 2.0, que se propunha a entender e debater a gigantesca Crise de Superprodução de Capital, seus reflexos na nova economia e na política, um retorno mais direto ao método de Marx de ler a história humana, tendo como primado a Economia Política, as ações humanas e a luta de classes, a produção de valor e a Crise quando há compressão da taxa de lucro.
Por dois anos escrevi cerca de 300 artigos e deles, graças a insistência da minha saudosa companheira Marinilda Carvalho, virou o livro Crise Dois Ponto Zero – A Taxa de Lucro Reloaded, lançado em maio de 2013, quase um prenúncio das jornadas de junho de 2013, ali, antes delas, já trabalhava com o conceito de que as revoltas que surgia pela esquerda, mas eram capturadas por uma nova ideologia, o ultraliberalismo (inclusive a esquerda de verdade).
O livro foi uma tentativa de produzir debate sobre um novo mundo que surgia, tem sua validade, pelo menos para mim, pois sistematizou ideias e uma intensa colaboração com Marinilda, escrevia dois, três artigos, ela os revisava, apontava problemas, ajudava na leitura de jornais dos EUA, Inglaterra e Alemanha, os relatórios e dados da OCDE, do FED, do BCE.
A série Crise 2.0 tem hoje 462 e sua continuação, o “volume 2” do livros, está na série Estado Gotham City, com 89 artigos, na aba Política (695 artigos, grande parte no mesmo sentido das duas séries, mas são mais conjunturais) que trata da questão do Estado, de como a ultradireita capturou o Estado, além de corações e mentes, conquistando a hegemonia política e ideológica, impondo uma lógica baseada na destruição, disruptiva, contando com a força dos algoritmos, da segregação em bolhas nas Redes Sociais, dividindo para conquistar.
Por duas ou três vezes ensaiei lanças o Volume 2 do Crise 2.0, e volume 1 do Estado Gotham City, mas questões alheias, pessoais, impediram, há material suficiente, mas a Marinilda já não está conosco, a quem confiava plenamente numa revisão, fiz o “cozidão”, mas falta coesão e organização final, quem sabe um dia?
São essas minhas contribuições “sérias” para o debate político.
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