From morning to night, I stayed out of sight
Didn’t recognize I’d become
No more than alive, I’d barely survive
In a word, overrun
(Wearing the inside Out – Richard Wright)
O tempo parecia que não passava quando tinha 8, 10 anos, na pequena Bela Cruz, lentamente fluía na enorme Fortaleza, dos meus 15, 18 anos, mesmo que corresse contra o tempo, em manifestações, reuniões, embates, lutas, sonhos e arrogância juvenil.
O tempo passa a ser presente, passo a passo, andando comigo em São Paulo, Rio, Florianópolis, Porto Velho, ou em Tóquio, pelos 24, 27 anos. Move-se lindo com Mara, com os primeiros gracejos de Letícia e seu olhar doce, pelos cabelos e olhos verdes de Luana, seu desejo de andar aos 10 meses, o que passei a sentir a pressa dele e dela, não a minha, coisa de 35, 40 anos.
O tempo se torna curto, os dias e as noites, aos 45 anos, pelo desespero de fazer, acontecer e viver, tudo que tinha se prometido e não se cumpria, já dominado por não ter mais controle dele e de mim, ele é escasso, doloroso porque parece perdido, o que não se viveu.
Olho em perspectiva, pois tenho mais do tempo anterior, do que o porvir, um dia tem apenas 2 ou 4 horas, as noites não passam de um par de horas, tudo corre, veloz e apressado, sem o segundo de dar bom dia ou boa noite, ele nos venceu, a consciência disso pesa.
O tempo voa, nunca se sabe para onde e quando, apenas que não é mais seu, ele se foi.
(Ainda há descoberta, como essa de Romany Gilmour)