Quase todos os dias inventamos alguma coisa que nos impulsione para seguirmos em frente, algo que no conforte e assim, vamos enganando os dias e as cruezas de nossas vidas, de nossas existências complexas, com as lacunas, faltas, ausências e perdas.
Há tantos dias em que, mesmo com as melhores criações, elas não nos bastam, pois as pancadas reais são mais fortes, e a sensação de derrota é maior, que nada parece vencer. E quando se chega ao fim do dia, já sem luz, apenas a escuridão se torna companhia, a madrugada silencia a dor e o cansaço derruba o corpo em sono.
Algumas dessas derrotas ou perdas, são difíceis de aceitarmos, isso no plano pessoal ou numa perspectiva coletiva. O vazio criado é inacreditável, não há como preencher, ou mesmo mitigar a dor, ou de transformar em luta, em perspectiva de virar o jogo, mudar a realidade, nem mesmo tentar apagar como se não existisse.
No plano geral lembro de alguns dias terríveis na minha vida, como o 5 de julho de 1982, a derrota do Sarriá, daquela mais mágica seleção brasileira. Aquele 17 de dezembro de 1989, o candidato da Globo, Collor, vence as eleições e fechou um ano horrível. Depois o 17 de abril de 2016, a aprovação do GOLPE na Câmara, aquele clima de derrota sem fim, que culminou com o 28 de outubro de 2018, com a inacreditável vitória do pior de todos os brasileiros.
Óbvio que nenhuma dessas datas se compara ao 18 de novembro de 2018, com a partida da minha Letícia, do ponto de vista pessoal, jamais terá reparação, ao contrário dos exemplos acima, apenas os dois últimos ainda não tivemos vitórias que amenizem os fatos. A perda de minha filha mais velha, não se apagará jamais.
Depois disso, viver muitas vezes é um tormento, que temos que tentar seguir um dia após o outro.
Saudades.