A parte dois do artigo sobre a Crise 2.0: UE – Mais Austeridade vai tratar da questão da resistência do povo e dos trabalhadores, conforme dissemos ali, os dirigentes dos países, seguindo a ordem da Troika (FMI, BCE e Comissão da UE), repetem o mantra de mais Austeridade, ou seja, de que se faça mais sacrifício, entretanto, como vimos aqui, na série sobre a Crise 2.0, todos estas políticas restritivas visaram apenas a arrancar as conquistas dos trabalhadores, tornando-os mais frágeis, desorganizados, para que não possam resistir e lutar.
Países inteiros, como a Grécia, foram devorados pela crise, os seguidos planos de Austeridades só fez piorar a economia, os números dizem muitos mais, segundo o Estadão de ontem “a economia da Grécia contraiu-se em um ritmo mais acelerado do que o estimado anteriormente, confirmando que o país permanece em recessão, em meio à queda dos gastos do governo e das exportações. Segundo dados divulgados pela agência de estatísticas Elstat, o Produto Interno Bruto (PIB) grego encolheu 6,3% no segundo trimestre deste ano, em relação ao mesmo intervalo ano passado. A estimativa inicial, divulgada no mês passado, era de queda de 6,2% no período. Ainda na mesma base de comparação, o PIB grego caiu 6,5% nos três primeiros meses de 2012 e teve contração de 7,3% entre abril e junho de 2011.
A abertura dos números mostra que o consumo total caiu 7,2% no segundo trimestre deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado, após recuar outros 7,1% nos três primeiros meses de 2012, na mesma base de comparação. Entre abril e junho deste ano, o consumo do governo caiu 3,7% e o consumo das famílias recuou 8,0%, também em base anual. Já as exportações recuaram 4,1% no trimestre passado ante um ano antes, enquanto as importações cederam 12,3%. Os dados ilustram a fraqueza do consumo interna e da externa por produtos gregos”.
Semana passada o Primeiro Ministro grego, eleito recentemente, pela coalizão de Direita, esteve em Berlim e pediu clemência a Chanceler Alemã, Angela Merkel, que “precisava de ar, para respirar”. A resposta foi dura por parte de Merkel “A Grécia tem que cumprir os acordos”. Ambos sabem que é impossível um país que os trabalhadores já perderam 35% do salários, exigir mais sacrifícios. Agora a Troika propõe que a Grécia imponha 6 dias de trabalho, com o mesmo salário, como parte do ajuste de competitividade. É uma situação descabida, em junho o país igualou o índice de desemprego da Espanha, com 24,4%, agora exigem que trabalhem mais dias, ou seja não se abriria novas vagas, por óbvio.
Neste fim de semana grandes manifestações, as primeiras mais fortes desde as eleições de junho segundo a agência Dow Jones “milhares de manifestantes marcharam neste sábado nas ruas da cidade grega de Thessaloniki, no norte do país, marcando o primeiro protesto em massa contra as próximas medidas de austeridade do governo. De acordo com a polícia, mais de 15 mil protestantes participavam de cinco marchas diferentes convocadas por sindicatos e organizações de esquerda, enquanto mais de 3 mil policiais foram mobilizados em todo o centro da cidade para manter a ordem e fazer cumprir a lei.
O aparato policial foi mobilizado, é a única coisa que o Estado mantém forte , mas não intimidou os manifestantes que mesmo “com a forte presença policial, os protestos foram pacíficos, com os manifestantes gritando slogans contra os cortes e carregando faixas que traziam escrito: “Pare com as políticas neoliberais.” . As marchas são o primeiro teste real do sentimento popular desde que o governo de coalizão formado por três partidos assumiu o poder depois das difíceis eleições de junho. As manifestações também surgem num momento em que representantes da troica – um grupo formado por União Europeia (UE), Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Central Europeu (BCE) – chegam a Atenas para negociar mais cortes dolorosos. A troica se reúne neste final de semana na capital grega para avaliar o progresso das reformas feitas pela Grécia e determinar se o país se qualifica para receber a próxima parcela de ajuda multibilionária. As negociações acontecem após a pausa de verão e devem durar até o fim de setembro.
Diante das manifestações o “primeiro-ministro da Grécia, Antonis Samaras, inaugurou a feira anual de comércio internacional na cidade de Thessaloniki, prometendo que não haverá mais medidas de austeridade no futuro. “Esses são os últimos cortes”.
Na Espanha, diante de novos ajustes, com expectativa de um pedido de resgate, que levaria a perda total de soberania, já tão abalada, neste tempo de crise, uma “revolução”, está sendo chamada para dia 25 de setembro, que será uma grande manifestação em frente ao congresso, os movimentos que deram origem aos indignados da Plaza de Mayo, voltarão com força às ruas. Em várias províncias, os sindicatos estão convocados atos e greves dia 26/09. Uma pesquisa do El País, entre os eleitores do PP, a Direita Espanhola, 70% se dizem contra os rumos do governo Rajoy. Há uma enorme insatisfação com os rumos do país, que pode por abaixo o governo da direita. A oposição do PSOE, propôs um plano alternativo ao pedido de resgate, mas este é apenas um aprofundamento dos sacrifícios internos.
Os governantes recém-eleitos se desgastam numa velocidade cada vez maior, mas não se gestou uma ampla alternativa aos planos neoliberais da Troika, por enquanto são movimentos de resistência, para esta realidade precisa-se de muito mais. Os trabalhadores terão força para barrar os ajustes?
Enquanto isso, em Portugal, o mais submisso dos europeus, o primeiro-ministro posta no Facebook arroubos patrióticos pelos sacrifícios impostos agora, dizendo que irão ser a redenção para as futuras gerações. Assina com um singelo “Pedro”. É o mesmo sujeito que quando assumiu aconselhou aos jovens saírem de seu país. É de se vomitar.
Esses também votaram na direita. Vou te contar…