Arnobio Rocha Crise 2.0 Crise 2.0: O Futuro Incerto do Euro

541: Crise 2.0: O Futuro Incerto do Euro

 

 

Burocratas da Troika visitam Portugal

Desde julho de 2011 acompanho com mais empenho o desenrolar da Crise que atinge o coração do Capital, os artigos se sucedem naquilo que denominamos de a série sobre a  Crise 2.0. Quase que toda semana aparece um “cronograma” de reuniões, encontros, seminários e/ou acordos bilaterais que estampam que neste ou naqueloutro se fechará solução para a Crise, em particular o futuro do Euro. Lembro que no ano passado Sarkhozy, ex-presidente francês, era o campeão de “salvar o Euro”, a maior prova de seu fracasso, foi sua derrota para um quase azarão, François Hollande.

 

Com a queda de Sarkhozy, que cumpriu este papel, nem Hollande, muito menos Merkel, não tomaram para si, esta bandeira, o que acaba nas mãos inapropriados, de tipos medíocres como, Monti ou Rajoy. O primeiro é um premier biônico, imposto pela Troika à Itália, em substituição ao bufão Berlusconi, mas, em seu quase um ano de mandato, é um fracasso completo, já o segundo, eleito graças ao boicote dos “indignados”, com ampla maioria, afundou a Espanha a um patamar jamais visto na democracia, a economia e a sociedade em frangalhos. Temos assim um quadro em que as quatro maiores economias não têm líderes capazes de retomar com respeitabilidade a bandeira do Euro, ou da Europa unida, eis o centro do problema.

 

Sobrou então aos burocratas da Troika, FMI, BCE e Comissariado da UE, semanalmente dizer que quer “salvar o Euro”. O italiano Mario Draghi, Presidente do BCE é o que mais alenta o sonho de ser “salvador”, mesmo com suas desastradas declarações, como no caso espanhol, de que não era função do BCE salvar países. Draghi, agora parece decidido a encarar com mais afinco o papel, a sua delegação de poderes é precária, os constantes vetos da Alemanha, limita suas decisões, sem autonomia, ele tem se especializado em marcar reuniões, que marcam novas reuniões, para que destas possa sair alguma solução de consenso, o que parece ser um ganhar tempo, uma acomodação, para ver o que acontece.

 

No auge da crise espanhola, Draghi deu uma declaração de que faria todos os esforços para ajudar Espanha e Itália, dias depois de negar ajuda, mas desde 26 de julho, virou uma espécie de fiador, em particular no caso do resgate espanhol, o prazo dado foi 06 de setembro, mas um lado e outro ficam marcando posição. Rajoy diz que pode pedir o resgate, mas quer conhecer o plano de resgate do BCE, já Draghi diz, que mostrará o plano de resgate, desde que Rajoy peça a ajuda, neste meio tempo, ganham tempo, até o início de setembro, mais de 40 dias nestas idas e vindas. Agora se publica que a situação não se resolverá em 06 de setembro, nem em 14 de setembro na reunião dos ministro das finanças da Zona do Euro, talvez em fim de setembro, em nova reunião da comissão europeia. São muitos adiamentos, prova de que não há solução alguma.

 

A última semana foi uma prova de como há um vácuo de lideranças, o primeiro-ministro grego, Antonio Samaras, fez sua mini-turnê de “beija-mão” em Berlim , Paris e Bruxelas, com objetivo de pedir mais tempo para começar a cumprir as obrigações do ajuste draconiano imposto ao país, ou em suas palavras: “quero ar, me deixem respirar”, que se a Grécia sair do Euro o padrão de vida cairá 70%, que em apenas três anos de crise, a economia caiu 35%. Mesmo com este apelo,ele foi amplamente rechaçado por Merkel e Hollande, ambos defendendo a posição dos banqueiros de seus países que detêm 66% da dívida grega, mesmo tendo recebido uma parte via resgate, querem a integralidade do falido estado grego, daí exigem mais rigor no ajuste.

 

Dois dias depois, novamente Merkel e Hollande, declaram que não querem a Grécia fora da Zona do Euro, é uma “sopra e morde” terrível, mas que eventualmente há alguma declaração sincera, como retrata o El País, h0je, de que“o alemão Jörg Asmussen, um dos seis membros da Comissão Executiva do BCE, disse ontem em uma reunião em Hamburgo que os detalhes técnicos e operacionais da compra de dívida estãi “em desenvolvimento”. Asmussen disse que “os mercados estão a colocar um preço sobre um rompimento da zona do euro” e que qualquer intervenção do BCE tem de ser paralela a uma intervenção similar de fundos de resgate europeus”.

 

Cada vez mais se percebe que há uma luta de bastidores das mais terríveis, sem nenhum sinal de solução, apenas a consciência de que o “Deus Mercado” continua a especular e ganhar, que seja na queda grega, espanhola ou italiana, que os custos se tornam mais altos, quanto mais se adia uma tomada decidida de posição, o futuro do Euro é incerto, pior para Europa, pior para o mundo.


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