Arnobio Rocha Reflexões Sumiço: O Direito ao Anonimato.

1805: Sumiço: O Direito ao Anonimato.


O direito ao sumiço, a desaparecer e não ser encontrado.

“Puluis et umbra sumus” ( “somos pó e sombra” – Horácio)

Vocês já pensaram em sumir?

De repente sair de casa, do trabalho, da cidade, estado ou país e não voltar mais, apagar tudo, RG e CPF, certidões de todas ordem, e recomeçar do Zero. Como se fosse uma segunda chance, algo assim, para que possa refazer ou reconstruir uma personalidade, uma individualidade.

O grande óbice desse sumiço, sem dúvida são as redes sociais, o direito ao anonimato se tornou impossível, absolutamente tudo sobre si, o Google, Facebook, Instagram, Uber, Tinder, antes o MSN, Orkut, essas poderosas corporações trabalham diariamente para lhe tornar “público”, como valor para eles, controle de comportamento e de consumo e, principalmente, controle político e ideológico.

Durante a ditadura civil-militar, 1964-1985, vários militantes iam na esquina comprar cigarros e não voltavam mais, grande parte sequestrados pelos milicos, outra parte foram para clandestinidade, literalmente, SUMIR. Alguns, saíram do país, mudavam de identidades, nomes, passaram a ter novas vidas, com ou sem compromissos com as lutas daquela época.

Penso que hoje estaria fora de questão, essa possibilidade, o poder de vigilância do Estado se tornou poderoso demais, obviamente, com a estreita colaboração dessas corporações que controlam as redes sociais. Nada escapa desse imenso Big Brother, nada.

A privacidade, individualidade, intimidade, personalidade, viraram conceitos do passado, quase peças de museu, o grau de exposição é total, mesmo os que não aderiram às redes sociais, de qualquer tipo, outros elementos de controle são complementados pelo Estado, não apenas registros de identidades como também a integração de sistemas que permitem conhecer totalmente o cidadão.

Nunca fomos tão expostos ao mesmo tempo tão anônimos, os 15 minutos de fama do Andy Warhol, viraram 15 segundos, o tempo máximo de “fama” instantânea de redes sociais vorazes por “novidades”, nada dura, tudo é efêmero demais.

Diante disso, sabedor de todas essas questões, ainda assim bate aquele desejo de fuga, fazer uma “harmonia facial”, Botox, e todos os recursos para SUMIR, quem sabe viver na Amazônia, no Congo, Camboja, Cuba, um lugar desconhecido e não encontrado.

É uma tentação, ou não.

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