Arnobio Rocha Reflexões Anátema Ideológica

1693: Anátema Ideológica


O Paraíso Perdido de John Milton por Gustav Doré

“Perdida toda a sombra de esperança!
Em vez de nós, expulsos, exilados,
Criada já existe a prole humana,
Prazer novo de Deus, e este amplo Mundo
Para morada deleitosa dela”
(Paraíso Perdido – John Milton)

De alguma forma a humanidade sobreviveu de que foi expulsa do Paraíso pelo “pecado”, sendo condenada a viver na terra, e, desde aqui, contemplar o Olimpo e dele não participar. Uma vã escatologia lhe diz que se for “bom” na terra, um dia irá à olha dos bem-aventurados.

As dores, doenças, misérias, fruto da Caixa de Pandora, uma vez aberta, desceu sobre nós, como vingança dos deuses mais lindos, sem redenção, nem mesmo o fogo de Prometeu, ou facho de luz do santo espírito, que iluminou a inteligência humana, não nos salvará.

As várias tragédias, as guerras, os genocídios, os vários povos tornados escravos, vistos como bárbaros, sem direitos políticos, de cidadania, atravessam a história, como parte fundamental deste cenário, do passado longínquo ao mais próximo, o tráfico dos nossos irmãos da África, e o recente tráfico de mulheres e crianças do leste europeu.

As modernas sociedades hiperconectadas, criarão uma nova era de escravidão, a de expulsão humana dos desconectados, dos sem direitos.

A era do ultraliberalismo que fala em nome de uma “Liberdade”, onde não existe nenhum ser Livre, exceto o punhado de bilionário, hoje trilionários, com suas marcas e seus fetiches, cada dia maiores e mais ricas, que chegam ser maiores e poderosas do que países com milhões de habitantes.

Que tipo de mulher/homem é livre nessa era de exclusão de Direitos Humanos e de garantias elementares de vida? Como falar de Liberdade? E é mais assustadora a pergunta: Por que no nosso campo ideológico o canto da sereia que não derrotou Odisseus, seduziu gente tão boa, mas que se deixou ir em nome de uma etérea “liberdade”?

A reafirmação de uma ideologia se torna fundamental no momento de dispersão política, de desprezo pelos Direitos Humanos e pela Vida.

É isso ou a Barbárie.

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