Arnobio Rocha Reflexões O Brasil Sacana

1694: O Brasil Sacana


O País que se sabota porque é legal dar errado.

“Quanta gente aí se engana
E cai da cama
Com toda a ilusão que sonhou
E a grandeza se desfaz”
(Pecado Capital – Paulinho da Viola)

É preciso saber que somos o suprassumo da calhordice, já dizia nossa primeira carta, escrita por Pero Vaz Caminha: “Nessa terra, tudo que se  planta, dá”.

Os fundadores, os portugueses, cedo perceberem que o negócio por aqui era só espoliar, nada de pensar no futuro, levar o que desse, exportar de lá o que não prestasse.

Inclusive a fugitiva família real aportou aqui com o peso de suas fanfarronices, seus costumes de corte pequena e cheia de apaniguados, aspones e vícios, todos ávidos para serem servidos pela colônia perdida no Atlântico.

Partiram, mas na dúvida, deixaram um príncipe para tomar conta e ficar, “antes que um aventureiro” usasse a coroa. Entre muitas farras e diversão, ele próprio foi-se para a terrinha tomar posse da sede, deixando um herdeiro infante.

Nada foi sério no longo reinado de um dândi, eis que de repente um general lhe toma a coroa, criando um novo vício nacional, o da tutela militar, entre uma ditadura e outra, uns respiros de democracia.

A vida democrática aqui é sempre com medo, e criou-se um desejo, quase uma tara, por uma governabilidade, essa desculpa “republicana” para deixar como estar e ver como fica.

É impressionante como temos a capacidade de nos sabotar, parece que é melhor conviver com o fracasso ou na meia boca, pelo risco de sucesso, é pecado vencer.

De tantas contradições do nada ,de vez em quando algum filho (a) da terra ganha o mundo, um Santos Dumont, uma Maria Ester Bueno, um Guga.

Até um deus , como Pelé. Gênios como Garrincha, Zico, Sócrates, mas sempre haverá um 7 x 1, no entanto, sempre um pilantra mediático para nos lembrar que o mais importante é fracassar, pisar na bola, cair e farrear, sem demonstrar seriedade, apenas com “parças”.

Claro que tem um Noel Rosa, uma Maria Bethânia, a genialidade maior de Chico Buarque, de Tom Jobim, da Elis e do Cartola. Vozes divinais como as de Milton Nascimento e Tim Maia. Violões e bandolins de Raphael Rabelo, Jacob, Valdir Azevedo.

Entretanto caímos nuns esgotos tão nossos, como Figueiredo, Bolsonaro e Jânio, frutos daquela  caravela que trouxe Sarney, ACM, Ademar, Malufs e outros menos afamados.

Infelizmente descemos ao último estágio do inferno, porque gostamos do inusitado, como estas seitas neopentecostais, os extremistas religiosos, essa extrema-direita que baba e morde, vestidos de camisas falsas da CBF. Que conseguiram em pouco tempo apagar uma pequena possibilidade de sair do destino cruel.

A tragédia é transformada em memes, pois somos espertos e rir de nós é uma saudável forma de não querer sair do destino reservado pela coincidência da chegada de Cabral.

Ah, naus errantes cabralianas, depois os navios negreiros, por que aportastes aqui?

Que pesadelo.

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