Arnobio Rocha Esportes Paulinho e Riquelme – Lances Geniais

Paulinho e Riquelme – Lances Geniais

 

Paulinho – Corinthias

Dois lances genias ontem definiram grandes jogos da Libertadores de 2012, o primeiro um passe mágico de Riquelme, do Boca Jr, no jogo contra o Fluminense. O outro a subida de cabeça de Paulinho, do Corinthians, contra o Vasco. São explosões que faz o futebol algo mais que imponderável, que nos mata de emoção, muitas vezes perder até a razão com lances assim, que transforma completamente a emoção de um jogo, tornando-o épico, superior à outros também ou melhor jogados.

Explico-me melhor. O jogo Fluminense e Boca Jr caminhava lentamente para os penais, 1 x 0 na Bombonera, na Argentina, para o envelhecido Boca Jr, e ontem o inverso 1 x 0 para o Fluminense no Brasil, levaria a decisão para cobranças fatais, aquele momento que separa emoção da razão, sobrevive apenas o sangue-frio. Mas eis que numa jogada já sem muito interesse, o genial Riquelme ao invés do “toca-mi-voy” tão característico do futebol argentino, mais ainda desta verdadeira lenda, ele não devolve a bola para quem lhe passou, gira o corpo e toca com o peito do pé para o lado oposto, uma visão periférica sensacional, encontrando um atacante que entrava livre, a jogada redundou no gol.

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Mas o instante crucial, foi a percepção e o passe perfeito, inesperado, improvável(se fosse um jogador comum), mas este lance revela o atributo essencial dos grandes craques, a faísca que o separa dos comuns, que faz a verdadeira diferença entre jogadores, cada vez mais fortes, mas menos habilidoso e surpreendentes. Riquelme ali foi iluminado, a sorte da partida seria decidida no pênaltis, mas faltando não mais que segundos para o fim do jogo, ele mudou completamente o resultado. Fiquei estupefato na cadeira, não acreditando, mas revi longamente o feito do craque argentino, já velho, com pouca mobilidade, mas com a frieza e cérebro de sempre. Fantástico e trágico ao mesmo tempo.

A outra jogada aconteceu duas horas depois, o jogo Corinthians x Vasco seguia mais uma vez o destino de terminar zero a zero, a entrega incansável das defesas, superando os ataques, os lances mais lúcidos dos atacantes acabaram nas traves ou nas mãos dos excelentes goleiros. Fernando Prass fez uma defesa cinematográfica numa cabeçada de Paulinho, ainda no primeiro tempo. Depois, aos 17 do segundo tempo, Diego Souza parte com a bola dominada, sozinho, desde sua defesa, chega inteiro frente a frente com o jovem Cássio, escolhe um cantinho, bate de letra, mas o gigante goleiro toca na bola com as pontas do dedo. Parecia destino que aquele jogo não houvesse gols.

Quase no fim, assim como no jogo do Fluminense, quando treinadores já pensavam quem cobraria os penais, um escanteio na esquerda do ataque corintiano, era bem o décimo no jogo que nada acontecia, jogadores literalmente esgotados. Alex vai para bola, cobra de curva rumo a marca do pênalti, que tira a possibilidade do goleiro tirar, uma subida gigantesca de Leandro Castan não chega na bola, mas a bola vem descendo, aí a beleza plástica: Paulinho pula alto, os músculos do atleta explodem na subida, ele gira bem o corpo, meneia a cabeça, acerta a bola, faz com que ela atinja o chão à 20 centímetros das mãos salvadoras do grande goleiro vascaíno, ela repica e encobre caprichosamente  os dedos do goleiro entrando com muita velocidade estufando às redes.

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A poesia da cabeçada, perfeita, os movimentos nos ar, o capricho da bola tocar no chão no ponto exato que não dessem chances de defesas, vistas no vídeo não demora mais que 2 ou 3 segundos, é realmente genial, toda a jogada, fruto do treino à exaustão, a repetição, mas depois de toda adrenalina do jogo, a jogada ser executada faltando não mais 2 minutos do fim, é assombrosamente fantástica do lado corintiano e ao mesmo tempo trágica ao Vasco.

Estes dois lances tornaram os jogos épicos que as quatro torcidas lembraram por muitos anos, ecoam na alma, encantam, machucam e dão graça ao futebol. É impossível ficar imune à jogos e jogadas tão emocionantes, mesmo os torcedores de outros times.

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