2580: Street Food

A comida é um elo de ligação humana dos mais sólidos e vivos.

A comida é o maior elemento de integração humana e carrega a mais íntima e legítima forma de comunicação e transmissão de cultura. A necessidade de sobrevivência foi moldando e nos transformando nos vários estágios de evolução e desde o princípio e as estratégias de resistências para conseguir alimentação uniu e foi o elo fundamental para que o ser humano se tornasse senhor das terras, mares e do espaço.

A comida cumpre esse papel ainda hoje de nos reunir, mesmo nos cultos religiosos, não importa a matriz, repartir o pão é um ato simbólico de nos sentirmos humanos, gente, o que também reflete o grau de cultura que vamos adquirindo nessa curta história da raça dos homens, pois os animas nos ensinaram muitas técnicas de se unir para lutar pela sobrevivência.

Uma infinidade de gestos de amor e de paixão se transmite através da comida, desde o ato de preparar os pratos, elaborar e depois de repartir na mesa, ou no chão, com garfos, facas, colheres ou com as mãos, passando de um ao outro, com os olhares e toques tão íntimos que nos emocionam e ali dizemos com mais segurança os nossos sentimentos, as nossas dores e angústias, pois comer aproxima e nos faz melhores.

Nesses tempos corridos, não apenas de comidas rápidas (fast foods) e que comemos quase que solitariamente, ou com completos desconhecidos, ainda assim há uma partilha, um congraçamento humano único, com todas as diferenças que nos separam, culturas, modo de vida, classe e estamentos sociais, maneirismos, gostos e variedades de alimentos.

Assistir programas de TV sobre comidas, lugares e sabores do mundo é uma das coisas que tanto me agradam, é uma forma de saber sobre os países e culturas, o elo comum é o mesmo, como a comida nos torna mais próximos das pessoas de todo o mundo, os hábitos comuns, de como chegaram aqueles pratos.

Nos diversos canais de streamings (Netflix, Prime, HBO) há muitos programas que vejo, alguns são marcantes como Street Food (Netflix) teve 3 temporadas: Ásia, América Latina e EUA, curtos rápidos e deliciosos, um corte mais humano (proletário), lugares e pessoas simples, que trazem um recorte tão digno dos que fazem a comida e daqueles que a consumem.

Há uma visão de resistência cultural e de que algumas daquelas comidas continuem a existir, de como aqueles pequenos, minúsculos espaços para servir comida, trazem lições de sobrevivência familiar, de dignidade das pessoas, suas lutas pessoais e de como aquele trabalho tão importante para vida, é um elemento de resistência cultural, não importa se na Índia, Japão, ou na Bolívia e Peru.

É tão simples, emocionante e humano, quiosques, barracas, pontos em mercadões, ou simplesmente improviso nas calçadas, no Brasil a cidade escolhida foi Salvador, feliz escolha, poderia ser Rio ou São Paulo, Fortaleza ou Recife, mas foi uma bela ideia, sem cair no lugar comum, conseguiram fazer sem cair no estereótipo. Num outro seriado, Somebody Feed Phil (Netflix), excelente, a cidade brasileira foi o Rio de Janeiro, a proposta do Phil é um pouco mais sofisticada, mas a escolha aqui foi mais popular.

Recomento ainda o excelente Midnight Diner: Tokyo Stories, que faz um certo recorte cultural do Japão, em que a comida num pequeno restaurante que abre a meia noite, mostra os vários tipos humanos e os vários pratos elaborados de forma tão maravilhosa nos envolve com os personagens e a comida ali servida de forma tão íntima.

Era isso para um domingo.

 

 Save as PDF

Author: admin

Nascido em Bela Cruz (Ceará - Brasil), moro em São Paulo (São Paulo - Brasil) e Brasília (DF - Brasil) Advogado e Técnico em Telecomunicações. Autor do Livro - Crise 2.0: A Taxa de Lucro Reloaded.

Deixe uma resposta