Arnobio Rocha Esportes Dr. Sócrates, 70 anos, um Derby Heroico em sua Homenagem!

2358: Dr. Sócrates, 70 anos, um Derby Heroico em sua Homenagem!


Sócrates e Garro, a mística de uma camisa.

O Dr. Sócrates faria 70 anos hoje, infelizmente, ele nos deixou dia 04.12.2011, numa manhã em que a tarde houve um Corinthians e Palmeiras, e o Timão confirmou seu quinto título brasileiro, prenuncio da Libertadores de 2012 em que se sagraria campeão invicto, coincidentemente nas primeiras horas do dia
05.07.2012, uma espécie de libertação pelos 30 anos da tragédia do Sarriá, em que o Dr. Magrão foi um dos protagonistas.

A figura do Dr. Sócrates é ligada ao Corinthians, sua chegada em 1978 ao Corinthians e fez dupla com Geraldão, depois com Palhinha, e é campeão paulista em 1979, que na verdade termina em 1980, numa joga de mestre Vicente Mateus se opões as semifinais em rodada dupla adiando-as para ano seguinte.

Sócrates mais do que um gênio da bola, era um cidadão, um homem da política, das grandes causas, um ícone da defesa da Democracia, que levou à Democracia aos campos, aos vestiários, um personagem tão grande como sua estatura imponente, de uma figura magra e frágil. O que me faz lembrar Maradona, gênios em campo e fora dele, mas com tragédias pessoais e que se foram tão cedo.

É quase impossível dissociar a Democracia Corinthiana, da imagem de Sócrates, a figura que foi uma das mais lúcidas e vibrantes porta-vozes. Ele jamais aceitou as visões autoritárias de técnicos e esquemas do futebol. Os parceiros de campo como, Wladimir, Casagrande, Zenon, e o querido amigo Adilson Monteiro Alves, mudaram a visão de jogador e de futebol como ópio do povo.

Sócrates foi um grande jogador, mesmo jogando no meio de campo é um dos 10 maiores artilheiros da história do Corinthians, campeão, líder em campo, a sua forma cerebral de jogar, aparentemente frio, no início não era compreendida pela torcida, depois virou um dos maiores ídolos do Corinthians, uma idolatria que se renova a cada ano.

Os mais novos não imaginam o que é um jogador de um clube de massas, de repente passar a falar de política, em plena ditadura e lançar uma plataforma de liberdades, Democracia Corinthiana, participar ativamente do movimento pelas Diretas Já, subindo em palanques, comícios, em shows de artistas, levando faixas aos gramados.

Ontem, na véspera dos 70 anos de Sócrates, um jogo épico, um Derby, o maior clássico da terra, os velhos rivais se encontram, e em momentos distintos, o Palmeiras vem de 5 anos de grandes vitórias, uma diretoria forte, um grande treinador, um time forte e ajustado, do outro lado um Corinthians que depois de
10 anos grande, ressurgido com Ronaldo, campeão de tudo, entrou em espiral de queda, tenta renascer esse ano, diretoria nova, troca de treinador, chegada de jogadores.

O jogo reflete os momentos dos clubes, mas o Derby tem uma mística própria, não responde a fria lógica dos números do PVC, que hoje domina a mídia esportiva, como se o imponderável não acontecesse nesses jogos especiais, entre rivais que se amam e se odeiam, como escrevi meses a atrás, um não existiria sem o outro, mesmo quando um está enorme, o outro respeita e teme ressuscitar o rival.

Por 87 minutos a lógica prevalecia, 2 x 0 para o Palmeiras parecia pouco diante da superioridade técnica, de organização tática, entrosamento.

O imponderável aparece, o contestado Yuri, se movimenta entre 4 zagueiros e completa a bela jogada de Gustavo Mosquito. Entretanto, 2 minutos depois, um chutão para frente do excelente Werventon, encontra Rony sozinho, Cássio atabalhoado, o derruba, é expulso, um zagueiro veste a camisa e vai pro gol.

Falta na meia lua da grande área, um grande cobrador e “sem” goleiro, será o terceiro gol certo, mas o peso do clássico faz Piquerez chutar para fora. Chutão para frente do “goleiro” Gustavo Henrique, falta criminosa de Murilo em Yuri, que saiu com a costela fraturada. 9 contra 11, mais 3 minutos, pela frente, não tem chances, o jogo recomeça e mais uma falta, muito distante do gol. O argentino Rodrigo Garro, usando a 16 (duas vezes o 8 do Sócrates), vai com a canhota, estilo Neto, e manda no ângulo, o grande goleiro do Palmeiras colabora com a magia de um Derby e falha, gol de empate, mas não acabou. Nova falta perto da área do Corinthians, a bola vai volta, passa pelo “goleiro”, mas aparece Raniele, a melhor contratação do ano, tira a bola em cima da linha.

Que jogo!

Que homenagem ao Dr. Sócrates, que heroico empate, o desafio à lógica e as estáticas, pois o futebol é poesia, não é reto, a vida tem muitas cores e a teoria é cinza.

Viva Sócrates, viva o Corinthians, bem-vindo, Garro e a garra argentina!!

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