Arnobio Rocha Diário de Redenção 13 anos de dores e emoções.

2287: 13 anos de dores e emoções.


Um momento nos 15 anos da Letícia e os primos e os avós paternos

 

Era uma sexta-feira qualquer, olhei o relógio 11:11, num 11 de junho de 2010, a única coisa que queria era terminar o expediente logo, a noite teria abertura da copa do mundo na África do Sul, um momento histórico para a humanidade, o significado maior da luta contra o Apartheid, a vitória de Mandela, mas tudo mudou para nossa família, naquele dia.

Pouco depois do almoço, recebi uma ligação de casa informando que nossa filha Letícia não estava bem, abatida. Havia um mês que ela vinha sentido dores lancinantes, principalmente a noite, consultamos vários médicos, acreditando se tratar de problema ortopédico, coluna, quadril.

Finalmente nesse dia, ela foi ao Hospital Santa Catarina e por uma coincidência no pronto socorro, o médico fazia mestrado em oncologia infantil, na anamnese ele foi identificando os sintomas como compatíveis com Leucemia, um pedido de um hemograma completo, horas depois, constatou que as plaquetas estavam baixíssima, assim como leucócitos, além de presença de blastos.

Dali em diante foram anos de luta pela saúde, momentos de dores extremas, mas também de grandes vitórias, emoções, os 15 anos em setembro de 2012, a aprovação no curso de Odontologia na USP e tantas coisas que fizemos juntos, os apoios, o crescimento de uma mulher especial, uma figura humana linda, lutadora, forte e de uma sensibilidade ímpar.

Sua vida adolescente e já adulta foi de luta, infelizmente abreviada, quando teve diagnóstico da terceira leucemia, mas não deu tempo de tratar, uma série de intercorrências inexplicáveis no Hospital Samaritano (depois de quase uma duzia de reuniões conosco, nesses 4 anos e 7 meses, jamais esclareceram as circunstâncias que levou-a a óbito, em 17 ou 18.11.2018, até isso é incerto), depois bronco aspirar, no centro cirúrgico, após a anestesia, para implantar um acesso, apenas uma semana depois de se internar para se preparar para um possível transplante.

São 13 anos, 25% de minha vida, em que entramos nesse pesadelo sem fim, tantos traumas que nos trouxe, a mim, a Mara e a minha doce Luana, as dores e sofrimentos, nossas vidas nunca mais foram as mesmas, muitas vezes apenas sobrevivemos, uma sombra tomou conta de nós.

Estou há 15 dias em Brasília, uma espécie de recomeço, uma nova chance para nós, buscar um sentido e ter dignidade para que continuemos, para que nossa Luana esteja protegida e possa ter uma vida plena e feliz.

Nesses anos todos, os meses, dias, horas, não houve um único momento em que Letícia não esteja conosco, em nossas mentes, pensamentos e de agradecimentos por Letícia ter nos honrado (nossa sorte) em ser a nossa filha e irmã de Luana.

Obrigado, filha, te amamos todos os dias.

 Save as PDF

Deixe uma resposta

Related Post