(tagesschau – Der Spiegel )
Fugir de uma crítica moral é uma tarefa árdua nesta série sobre a Crise 2.0, mas cada novo lance que analisamos ou estudamos bate este sentimento, que o cinismo e a imoralidade é a regra das relações capitalistas, em particular no tratamento dado aos países que estão em extrema dificuldades, casos da Grécia, Portugal e Irlanda, estes vivem num processo de humilhação sem fim.
A cada notícia que sai sobre o acordo grego, invariavelmente, vão se revelando uma série de imposturas que nem o mais impassível dos homens consegue ficar calado. Durante a audiência de apresentação da condições para emprestar os 130 bilhões de Euros para Grécia o ministro das finanças da Alemanha,Wolfgang Schäuble, jogava Soduku, como se o plano de austeridade e metas aprovados à ferro e fogo no parlamento grego fosse apenas uma brincadeira.
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Nem precisa entender alemão para saber como a imagem é destruidora os principais jornais e revistas do mundo, condenaram a atitude, o desprezo do ministro à audiência no Budenstag, a insensibilidade para o momento que vive a Grécia e o pior o desrespeito ao parlamento, como se a atividade parlamentar não tivesse nenhuma importância.
Novas Imposições à Grécia
A reunião de cúpula em Bruxelas ratificou o acordo, que antes havia sido aprovado no parlamento alemão, naquela audiência do ministro jogador de Soduku, mas não sem antes perder a oportunidade de humilhar mais uma vez a Grécia, segundo reportagem do Estadão de hoje:
“A União Europeia deu ontem uma amostra de como pretende tratar o governo da Grécia daqui para a frente. Em reunião de cúpula aberta em Bruxelas, chefes de Estado e de governo sacramentaram o acordo para a concessão de um pacote de € 130 bilhões em socorro a Atenas – mas anunciaram o bloqueio de € 71,5 bilhões até segunda ordem.
O objetivo da medida foi pedir garantias ao governo de Lucas Papademos de que implantará 38 medidas previstas no plano de austeridade imposto pela UE e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
Caso as garantias sejam dadas, os recursos devem ser liberados em até uma semana”.
A forma sugerida de tratar a Grécia é esta: Humilhar, chantagear, empurrar para o limbo o país e seu povo, que vive uma situação dramática. O Ministro Soduku, Wolfgang Schaueble, tentou demonstrar otimismo dizendo: “O que ouvi até aqui parece indicar que a Grécia está progredindo. É a razão pela qual eu creio que vamos dar um grande passo à frente hoje.” Sendo apoiado pelos colega “Jean-Claude Juncker, coordenador do Eurogrupo – o fórum de ministros -, o país havia “preenchido todas as condições para obter uma ajuda”. “A Grécia tomou as medidas que pedimos, e as coisas avançam bem”, disse o luxemburguês”. (Estadão 02/03/2012)
O Papagaio Privado
Mas o fundamental mesmo, como sempre, é que o falido Estado grego vai assumir as dívidas das empresas privadas, no informe do Estadão parece mais uma vez bem claro para que serve o desprezado ESTADO:
“Na mesma sessão, os líderes políticos deram aval para o programa de reestruturação da dívida privada da Grécia, um montante que chega a € 206 bilhões. Destes, € 107 bilhões serão “perdoados” por um programa de troca de títulos soberanos antigos por novos, que estão sendo oferecidos pelo Tesouro grego”.
Mesmo em situação de falência, o Estado, que os neoliberais gritam pelo fim, agora usam-no, como sempre fizeram, para salvar o Capital Privado, esta crise põe a nu esta ideologia mentirosa, que a iniciativa privada é tudo, que o “Mercado” resolve tudo. Se assim fosse, por que o Estado é chamado para salvar as dívidas privadas? Cadê o Deus Mercado?
Só mesmo jogando Soduku, fingindo-se de morto, para não enfrentar o debate, a questão do Estado voltou forte ao centro da luta de classes, a forma como ele foi quase que totalmente destruído, demonstra o erro fatal dos anos 80/90, aqueles que queimaram irracionalmente o Estado em nome da ideologia, hoje, pagam caríssimo pela ausência dele.
O que me impressiona mais é forma canalha de tratar o problema, primeiro implantaram na mídia mundial que os gregos são preguiçosos, que se aposentam ainda na maternidade, etc. Depois vem o castigo. Não é preciso dizer mais nada.
Revoltante demais, indigno, uma nova forma de escravidão. Que ódio e que impotência…
Francamente deixando de lado qualquer partido a Grécia fez falcatruas de toda forma e agora quer dinheiro? Vai trabalhar já pensaram se o Brasil tivesse que pagar a conta de paises populistas como os nossos vizinhos Sul americanos com nossos impostos?