Arnobio Rocha Reflexões Exílio de si

2401: Exílio de si


O sol se perde no horizonte, assim como nossas energias num dia de domingo.

“Eu já me acostumei com a chaminé bem quente
Do Expresso do Ocidente
Seguro que eu me safo até muito bem
Andando pendurado nesse trem
As luzes da cidade-mocidade vão
Guiando por aí meu coração”
(Feliz por um triz – Gilberto Gil)

Há dias em que ficamos tão pequenos, que ameaça de quase sumirmos, bate uma coisa estranha de que nosso tempo passou, levado pelas dores, burradas, incompreensões, ou mesmo uma falta de sensibilidade, minha, para não perceber o todo e o particular, do que é a vida, de como ela nos escapa, nos falta e nos exila de todos os que amamos.

Essa sensação de isolamento, de falta de laços, razões de que há pessoas que nos acolham, mesmo os nossos, que, por muitas questões não se tornam presentes, pois não permitimos que mais próximas fossem, uma mesquinharia própria, íntima de não querer, ou de não sabermos como manter, paciência, paz e acolhimento, por ser muito (aparentemente) suficiente o bastante.

São reflexões que veem mais fortes aos domingos, pelo dia em si, por ser o dia fatal da partida de Letícia, nesses dias, por outras dores, derrotas pessoais, no momento em que estou me reerguendo, aparecem forças que procuram te derrubar, uma ordem de volta para o “seu lugar”, os espaços são restritos e destinados apenas para poucos.

Passei o dia indo e voltando ao documentário sobre Gilberto Gil e sua família (Em casa com Gil), que é grande quanto a minha foi, que foi se perdendo, definhando, observo daqui distante. Entre lágrimas, muitas, admiração por ele, pela forte identidade, contexto, inteligência e sopro de amor, emoções e brilho intenso.

Não há em mim nenhum sentimento de inveja, ou qualquer outro negativo, é contemplação, ao mesmo de que nada de especial me aconteceu, de que amanhã tenho que levantar e seguir, os compromissos, as obrigações, estarão ali cobrando de mim, como acontece com qualquer de nós, não é este o ponto, mas o que será depois de amanhã…

Assim, sigamos, ou não.

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