Arnobio Rocha Esportes O Futebol e os seus Desenganos.

2227: O Futebol e os seus Desenganos.


O Futebol brasileiro vai renascer das cinzas?

O futebol não guarda verdades absolutas, leis inflexíveis e não aceita regras definitivas, isso é o que o torna sensacional, pois a imprevisibilidade é que move a emoção e faz com que as torcidas se permitam vibrar por times medianos que se superam com uns “encaixes” surpreendentes e mudam o curso modorrento da história e do inexorável.

Por isso o futebol, mais do que qualquer outro esporte, derruba teses científicas, estatísticas mirabolantes, números redondos, comentários e comentaristas pernósticos, ou cheios de razões e empáfias. O futebol derruba as Linha de Passes, Mesa Redondas, Bem amigos, ou mesmos os mais sofisticados e politicamente corretos do UOL e de outros portais.

Para não recuar muito, em 2014, quando a ótima seleção alemã, que fez um apenas um jogo “sobrenatural”, o 7 x 1, acachapante contra o Brasil, imediatamente se esqueceu os perrengues anteriores de vitórias no sufoco, mesmo a final, que teve mais sorte do que juízo e os péssimos pés argentinos, não derrotaram a Alemanha projeção dos sonhos dos comentaristas e do vira-latismo da mídia brasileira.

A situação era tão paranoica que até o lugar que a Alemanha se hospedou no Brasil virou sinônimo de acerto e de cientificismo, uma mera coincidência, nada extraordinário, mas para a mídia local tudo era perfeito. O futebol alemão era sinônimo de excelência, categoria de base, seleções intermediárias e a seleção principal, as próximas copas, teriam a Alemanha como CENTRO.

Apenas quatro anos antes, já tinham incensado a Espanha e seu futebol ultramoderno e superior. 2014, a Espanha não passou da primeira fase, foi mal em 2018 e pior em 2022. A Alemanha foi mal em 2018 e péssima em 2022, mas por onde andam os geniais jornalistas construtores dessas verdades? Estão no Sportv, na ESPN, no Uol, sem uma única auto-crítica.

A França foi tratada com certa cautela em 2018 e super valorizada em 2022, com certa razão, mas o futebol trata de desmentir os arautos de novas eras. A Argentina se moldou à disputa, começa com uma derrota desmoralizante, para terminar fazendo um dos maiores jogos da história do futebol de todas as copas.

Balizada em três “velhos” com 35 anos, considera-se como “fim de carreira”: Messi, Di Maria e Otamendi, um jovem técnico de 46 anos, quase um interino, mas com duas joias, Enzo Fernández (o melhor da copa, Messi, não conta) e Julian Alvares, com 21 e 22 anos, um goleiro espetacular, Martinez, criou-se um ciclo virtuoso em 28 dias, saíram da eliminação ao título, o que derruba teses esdrúxulas de copa é preparação, ciclo de longo prazo, etc.

A vitória da Argentina não pode ser considerada surpreendente, mas também não era uma certeza, subiu muito de qualidade durante a copa, se impôs e se superou nas grandes adversidade da final, quando tinha o jogo ganho e quase perdeu, teve força e muita energia para vencer a excelente França, com Mbappé genial, se confirmando como o maior craque do mundo, considerando o outono de Messi.

Da esquerda à direita, dos comentaristas brasileiros, a mesma ideia fixa de que o futebol brasileiro se acabou, um fatalismo, um complexo de inferioridade que dá medo.

O excelente Casagrande vaticina: “O futebol brasileiro está anos-luz atrás do futebol mundial. Não temos ídolos de verdade. Aquele cara que se entrega, que tem espírito de luta e que usa a sua técnica e todo seu dom para vencer as partidas, e não para querer aparecer.”…( – Veja mais em https://www.uol.com.br/esporte/futebol/colunas/casagrande/2022/12/19/a-copa-acabou-foi-triste-ver-a-diferenca-dos-finalistas-e-dos-brasileiros).

Mesmo concordando com esse diagnóstico, não posso deixar de pensar que é momentâneo, ao sabor dos ventos. Entretanto, há um certo desequilíbrio quando exagera e perde a dimensão histórica do futebol no Brasil, como também quando cria algumas regras morais que o Futebol não aceita e em breve pode desmentir. Lembro que na Argentina, Messi, foi muito contestado, por quase uma década, hoje é unânime e se igualou ao maior, Maradona.

Por isso, é importante deixar florescer uma nova geração, que tem: Vinícius Jr, Rodrygo, Vitor Roque, Endrick, Robert Renan, confirmar um Rafael Veiga, um Guilherme Arana, quem sabe mesclar com o ADULTO/Veterano Neymar. Com um novo técnico que possa captar essa nova geração e conviver com alguns consagrados e experientes.

Impossível condenar previamente todo o futebol brasileiro, ver apenas a terra arrasada, isso não combina com o que é o futebol e suas sutis lições, aquelas que derrubam esses analistas, até mesmo os mais bem-intencionados, ou os mais canalhas, que defendem nosso fim, como forma de catapultar as transmissões do futebol europeu e matar de vez o futebol local.

Afinal, numa frase “nova”: O Futebol é uma Caixinha de Surpresas.

 

 Save as PDF

Deixe uma resposta

Related Post