Arnobio Rocha Reflexões CANCELAMENTO (Post 2144 – 207/2022)

2144: CANCELAMENTO (Post 2144 – 207/2022)


O Cancelamento como prática de exclusão social e política.

 

De repente você se sente CANCELADO, ou se auto cancelou.

Muita gente pensa que a cultura do CANCELAMENTO é uma moda recente, uma nova tendência nas redes sociais, nos grupos, etc. Não, não é. A prática é comum desde o bloqueio, unfollow, e é bem antiga, houve apenas uma certa atualização, ao invés de individual, virou comportamento coletivo de apagar pessoas, por qualquer razão que seja.

Repassando minhas experiências pessoais de cancelamentos, principalmente os mais tensos Cancelamentos e consequências para minha vida pessoal e profissional.

Um dos primeiros foi no grupo blogprog, aquela iniciativa de unir blogueiros “progressistas”, por volta de 2009, 2010, acabou por virar uma espécie de hierarquia de blogs e influência, e quase um lobby para que aqueles blogueiros fossem reconhecidos como a mídia do B, a ideia de combater o PIG (Partido da Imprensa Golpista), formulação do saudoso Paulo Henrique Amorim, acabou “cancelando” os que não se afinaram com eles.

No meu trabalho (grupo Claro-Embrael), o primeiro grupo de whatspp “oficial” foi constituído em 2014, pela gerência da minha área, basicamente seria para comunicação interna, compartilhar as informações. Entretanto, nas eleições de 2014, logo na segunda-feira, que começava o segundo turno, um longo vídeo do Aécio atacando o PT, compartilhado pelo “diretor”, imediatamente respondi que se aquele grupo era para proselitismo eleitoral, não era obrigado a participar e saí. A vingança veio 2 anos e meio depois, com minha demissão, sei que teve relação quase direta com a minha rebeldia.

Num grupo de whats de uma comunidade que frequentava, que não se discutia política partidária, havia certa tolerância e quando alguém escorregava, era lembrado do compromisso de não derivar para o tema. Não obstante, no dia que a lava-jato decretou a prisão de Lula e havia um chamado para manifestação na Paulista, contra o STF para que não concedesse um HC ao Lula, esse grupo virou o caos, mais uma vez, respondi com minha posição e caí fora, para nunca mais retornar.

Mais recentemente, em dois grupos de esquerda, o debate degringolou, especificamente sobre as eleições na OAB/SP, tomei a mesma atitude, preferi me auto CANCELAR, me retirei. Por fim, hoje, saí de mais grupos de juristas (aliás nem me sinto como tal) por entender que a Democracia pressupõe a capacidade criticar, inclusive, como forma de repensar práticas viciadas, mandos, incapacidade de ouvir.

De certa forma, esses Cancelamentos, produzem dores, uma reflexão de que às vezes somos incapazes de tolerar, suportar debates inglórios, ou mesmo que eu esteja sendo muita ranzinza, de que poderia aguentar mais, enfrentar mais o debate. Ao mesmo tempo, penso que ao sair, estou a ajudar esses grupos a seguirem em frente, sem tensões provocadas por mim, causa um alívio, defini melhor seus conteúdos, com minha presença, dificultaria, sou bem ciente disso, a maior prova é que não há desejo para que volte, simples assim.

Somos apenas mais ou um, ou menos um.

Vivemos a época das rupturas, melhor não causar muita marola, consciente de que minha presença é indesejada, nem vou mais insistir, sigo onde ainda posso colaborar, enquanto precisam de alguma coisa que possa oferecer (a cada dia tenho menos), sem perturbar o tal “consenso” que tranquiliza as almas piedosas.

O Cancelamento é direto, ou por situações que te obrigam ao auto cancelamento.

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One thought on “2144: CANCELAMENTO (Post 2144 – 207/2022)”

  1. Você comentou que talvez pudesse aguentar um pouco mais. Aquela “juíza” perguntou àquela menina se não poderia esperar (ou aguentar) um pouco mais.

    Há momentos, Arnobio, que não dá mais para tolerar. Isso vale para todo o espectro político, para todas as áreas em que eventualmente participamos.

    De minha parte, saiba, você tem todo o meu respeito por ser como é.

    Bola pra frente!

    Abraço fraterno!

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