Arnobio Rocha Estado Gotham City Vitória do PS em Portugal e novos embates contra o Ultraliberalismo.

1975: Vitória do PS em Portugal e novos embates contra o Ultraliberalismo.


A vitória dos socialistas portugueses anima a esquerda na luta contra o Ultraliberalismo

O mundo experimenta 10 anos de Ultraliberalismo, a Economia Política sofreu uma drástica mudança em dois sentidos: 1. Na Economia, o aprofundamento de formas exploração mais radicalizada, com o avanço da uberização, com novos fluxos de capitais, em sentido contrário, os EUA trazendo de volta os dólares para casa; 2. Na Política a negação da Democracia, Política e Estado, com regimes autoritários e de extrema-direita, xenofobia, guerras regionais e retomado do EUA como centro.

O Ultraliberalismo é uma experimentação política mais radical do que o seu irmão anterior, o Neoliberalismo. Ele nasceu da enorme crise de superprodução de Capital que se deu no centro da Economia Mundial, os EUA. A crise iniciada em 2005, justamente no ápice da Economia dos EUA, com alto crescimento, pleno emprego e crescimento da massa salarial, a classe média favorecida pela facilidade do crédito abundante na ciranda financeira e das hipotecas, como parte de seus ganhos para alimentar seu consumo nababesco.

A crise se dá exatamente no pico, ao contrário do que pensa os economistas vulgares, com todos os índices favoráveis, a taxa de lucro começa a diminuir, pressionando preços e lucros do ciclos.

A Globolização que serviu para incorporar novos mercados, mão de obra farta e barata, favoreceu a exportação de capitais, as torneiras dos bancos de investimentos, como o BIRD e BIC, foram generosas para endividar governos e empresas pelo mundo, mantendo uma espécie de proteção aos EUA, UE e Japão, quase um regulador de crises, desde que o centro estivesse “bem administrados” e mantendo suas guerras regionais, que ajudam num dos polos mais dinâmicos da economia, a de guerra: Armas, tecnologia, segurança e reconstrução.

Essa lógica foi quebrada em 2005-2008 nos EUA e 2009-2011 na UE. A grave crise econômica, sem que houvesse um processo de ruptura/revolução contra o sistema, fez com que a fração mais restrita do Capital, o capital financeiro, passasse a controlar diretamente o Estado e as empresas, impondo um duríssimo ajuste visando um novo ciclo amplo do Capital.

Esse ajuste foi feito para varrer qualquer conquista histórica que tinha sobrevivido ao Neoliberalismo, nos ajustes entre 1982-1989, 1989-1997, 1998-2005. Ao tomarem as rédeas, não apenas da Economia, mas também da Política (o Estado), o Capital Financeiro partiu para uma guerra ideológica sem fim, produziu governos neofacistas, com uso de forças para impor leis, formas de funcionamento mínimo do Estado, negação da Política e de Democracia, desmoralização de Partidos e de Instituições.

Obama-Biden, são os precursores dessas políticas, financiando guerras, derrubadas de governos, impondo acordos aviltantes e exigindo funcionamento de estado sem direitos sociais, trabalhistas, produção de uma série de derrotas aos sindicatos e movimentos sociais e de cidadania. A Criminalização da Política teve no Judiciário o seu veio principal. O auge dessa loucura institucional se deu com Trump, nos EUA, no Brasil, com Temer-Bolsonaro.

Foram 10 anos de retrocessos, incalculáveis, é quase uma obrigação de que se tenha uma espécie de Refundação do Estado, da Democracia e um pacto civilizatório. Nos EUA, o débil Biden venceu uma dura disputa contra Trump, em parte graças as últimas loucuras de negar a Pandemia, vacinas, e combate às mortes.

As vitórias de Alberto Fernandez, na Argentina, de Boric, no Chile, dão um alento para que o Brasil possa romper com o ciclo vicioso catastrófico iniciado por Temer e aprofundado por Guedes, em nome do inepto Bolsonaro. O que se fez nesses 6 anos no Brasil foi inacreditável, destruíram pelo menos duas décadas de relativa estabilidade, ainda que as forças neoliberais tenham sido determinantes na Política econômica nos governo de FHC e nos governos do PT.

Na Europa, as vitórias dos sociais democratas na Alemanha, depois de 16 anos de Angela Merkel, centro-direita.

Em Portugal, depois da queda espetacular entre 2008 e 2016, iniciou-se uma série de governos de coalizão de centro-esquerda com a esquerda, mas o voto de desconfiança no final do ano passado, obrigou que se fizesse nova eleição parlamentar, com uma vitória significativa do Partido Socialista, centro-Esquerda, mas também do crescimento das franjas de extrema-direita.

Em breve as eleições francesas mostraram os rumos da Europa, nesse complexo momento em que o Ultraliberalismo cumpriu a sua missão maior, detonar o Estado, criando condições para relações inumanas de trabalho, com validade jurídica, a precarização ampla, a uberização e as formas mais abjetas de trabalho.

Retomar os governos desse países, talvez no Brasil em 2023, por forças políticas mais à esquerda, em condições ainda piores, com políticas econômicas restritivas e imposições do Capital, com todas as dificuldades políticas, cria um receio de que é quase impossível cumprir as mínimas promessas, vide Biden, que sofre um enorme desgaste e pesquisas apontam a possibilidade de Trump voltar à presidência.

São circunstâncias históricas complexas, que é preciso muita paciência e pensar a longo prazer, sem perder de vista a necessidade da ruptura, pois o sistema impôs condições inaceitáveis, até para simples reprodução humana, o que dirá de dignidade. No momento é lutar contra a barbárie, contra as chagas do Ultraliberalismo, que não foi derrotado na Economia, quiçá na Politica, vide nomeação do Ministro da Economia do Chile, pelo “radical” Boric.

Ao debate e à luta.

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