Arnobio Rocha Diário de Redenção O dia em que a Leucemia entrou nas nossas vidas.

2427: O dia em que a Leucemia entrou nas nossas vidas.


Letícia era tão grande e valente que nos ensinou a não cair.

Nem sei porque você se foi
Quantas saudades eu senti
E de tristezas vou viver
E aquele adeus, não pude dar
Você marcou em minha vida
Viveu, morreu na minha história
Chego a ter medo do futuro
E da solidão, que em minha porta bate
(Gostava tanto de você – Tim maia)

Era uma sexta-feira, foi quando olhei na tela do celular, 11:11, ao receber a chamada de casa, depois de uma noite sem dormir, pelas dores lancinantes de Letícia Rocha, na região dos quadris, que descia pelas pernas e o seu choro alto acordava a todos em casa, parecia que não adiantava tentar adivinhar do que se tratava, de lhe dar conforto.

Naquele mesmo dia, 11.06.2010, a noite teria abertura da primeira copa do mundo de futebol em solo africano, precisamente na simbólica África do Sul de Nelson Mandela, que nos deixou, em 05 de dezembro de 2013, seria mais um motivo para tão importante evento, quase um tributo ao líder, uma das mais extraordinária figuras desse planeta.

Entretanto, para nosso pequeno mundo e história pessoal e familiar, esse dia não foi nada glorioso, ao contrário, esse dia entrou para nossas vidas, o dia em que conhecemos o MEDO, que se traduzia por uma palavra: LEUCEMIA. Naquela época, ainda é, parecia que era uma sentença de morte, quando nós ouvimos que nossa filha, com 12 anos, recebe o diagnóstico de que tem leucemia, paralisa e nós não tínhamos a menor ideia do que estava porvir.

Infelizmente, daquele dia em diante, descobrimos o significado. Foram 8 ano e meio de tantas lutas, ida e vindas, venceu a primeira vez em dezembro de 2012, depois um retorno em janeiro de 2015. Grandes vitórias pessoais e superação de Letícia, o sonho dela de ser uspiana, entrou em Odontologia, em 2016, ficou três anos espetaculares por lá, mesmo fazendo quimioterapia semanal, nada a abalava.

Por fim, uma nova leucemia, em novembro de 2018, acabou de forma trágica, com os graves erros hospitalares e a morte dela, foi tirada de nós, cortaram um pedaço de nós, como canta Chico, arrumar o quarto do filho que já morreu, é uma repetição diária desse sentimento, às vezes sonhamos com ela…E não é real.

O dia de hoje, passados 14 anos, serve como reflexão de lutas, dores, vitórias e de uma perda irreparável, mas é também dia de ter fé na vida, de como seguir em frente, de ter esperanças em outras coisas do mundo e da necessidade de viver com dignidade.

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