A cada vez que o calendário aponta dia 18, bate uma dor infinita e que vem uma sensação enorme de que o vazio não será preenchido. A morte da Letícia é como se tivesse aberto um buraco no casco de um navio que fica à deriva, não afunda, mas também não navega mais, o limite é o cais.
A vida ficou lenta demais, devagar, quase parando e cada passo é uma pequena vitória, pois não é fácil seguir em frente. Todas as lembranças são tão vivas e que distribuídas no dia a dia, a cada gesto, a cada momento, machucando tanto que o mais simples era se render e desistir de vez, apenas a teimosia ou alguma força sabe-se lá de onde, que nos faz continuar.
As incertezas são gigantes, os desafios parecem maiores até para executar tarefas normais da vida, que se tornam dolorosas. As decisões maiores são adiadas, nenhum movimento brusco é possível fazer, é aguentar a vida vagarosa, é uma adaptação aos novos tempos, buscar uma certa dignidade para os anos que ainda temos a cumprir por aqui.
O que sentimos não é saudade, pois esta é um sentimento de alguém que um dia pode se reencontrar, nesse caso não há esperança alguma de acontecer, não há fé que possa dizer o contrário. É suportar e se alimentar do que vivemos com nossa Letícia, o que ela fez e sua presença em nossas vida.
Amor eterno, te amo, filha.