Arnobio Rocha Filmes&Músicas INFÂNCIA INTERROMPIDA

2397: INFÂNCIA INTERROMPIDA


Infância Interrompida, a reflexão sobre adolescentes e violência juvenil.

Há várias séries de países nórdicos no Netflix, quase sempre são de ótimas qualidades, tratam temas com profundidade, trazem realidades distintas, na aparência, do resto do mundo, em particular do Brasil, mas, em essência, há identidade e dores humanas comuns.

Infância Interrompida tem como tema a questão da delinquência juvenil, em especial, nas comunidades de estrangeiros, mais especificamente dos imigrantes africanos, muçulmanos, as identidades raciais, culturais e ,por vezes, religiosas, criam laços, enfrentam preconceitos, racismo e xenofobia.

Esse tema é recorrente e comum, em vários filmes e séries, as suecas com mais ênfase, ou porque a Netflix as distribuí seletivamente. A integração social, racial e religiosa está sob tensão, uma contradição para esses países que mais acolhem imigrantes, por questões de mão de obra, declínio de crescimento populacional, o clima inóspito afasta outros grupos de imigrantes.

As relações de periferia e centro, consumo e tráfico de drogas, extorsão, ameaças, roubos, estão neste contexto, aqui um olhar sobre o uso de adolescentes, pré-adolescentes que servem de intermediários, agentes de leva e traz, com margem de segurança, até mesmo porque são inimputáveis, facilitando a vida dos chefes que atingiram a maioridade penal.

De certa forma, a série traz uma visão, um recorte sobre a hierarquia criminal, as gangues, o racismo na polícia, nos órgãos do judiciário, uma percepção, no limite, de condenação moralista sobre as drogas “ilícitas”, mas demonstra também, a facilidade do acesso e consumo das drogas “lícitas”.

O panorama é sobre os muito jovens que entram no mundo dessas gangues, desagregação familiar, oportunidades limitadas, uma realidade de periferias em quase todo o mundo, não sendo diferente na Suécia ou Dinamarca.

A reflexão nos remete ao Brasil, não apenas pelo tema de drogas e violência, em medidas diferentes, mas a questão racial, o enfrentamento é sempre feito por camadas, quase sempre não é de frente. O convívio interracial, em escolas, nas empresas e na polícia, é tenso, a violência do racismo é latente.

A complexidade de entender e enfrentar a delinquência juvenil, pois a violência, mortes, superam a razoabilidade, mesmo com sistema de proteção e garantias aos jovens, não se percebe a capacidade de ter uma solução, ou soluções, fica-se no vazio. Ali todos são vítimas, vivendo as dores de uma sociedade falida.

Excelentes jovens atores, o roteiro e direção, vale ver, pensar.

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