O Presidente do FED, Ben Bernanke, a verdadeira autoridade econômica dos EUA, foi muito direto e ameaçador quanto aos desdobramentos da Economia, com a mudança de expectativas quanto ao crescimento. Aqui na série sobre a Crise 2.0, já escrevemos um farto material sobre os EUA, tanto no que se refere ao processo geral da crise, quanto na possível recuperação, mas com as mesmas ressalvas de que não parecia duradoura, um movimento apenas de deslocamento, mas em amplitude.
Agora que o próprio Bernanke reconheceu abertamente que “A economia dos Estados Unidos continua a se recuperar, mas a atividade parece ter desacelerado em algum momento no primeiro semestre deste ano.” Fica mais fácil, para debater o tema. Escrevi dois artigos anteriores que serviram de suporte a este, que trata do discurso do Presidente do FED no Senado, ontem. O primeiro Crise 2.0: Desigualdades emperram crescimento dos EUA traz os primeiros alertas dos limites da recuperação e o segundo Crise 2.0: EUA, sete anos depois… uma reflexão de todo este processo de queda e tentativa de recuperação.
Com a fala de Bernanke houve uma queda geral nas expectativas, como demonstra o que se lê hoje nos jornais do mundo, por exemplo, Estadão, que republica a avaliação da Agência Dow Jones, nos conta: “O presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, forneceu uma avaliação desanimadora para a economia dos EUA em seu testemunho desta terça-feira, citando a desaceleração na atividade este ano e a elevada taxa de desemprego. Bernanke forneceu novas pistas diretas ao dizer que o BC pode dar novos passos para dar suporte à recuperação frágil da economia, embora tenha usado um tom mais negativo para descrever o futuro da economia dos EUA em seu testemunho preparado para o Comitê de Bancos do Senado. […] Dados recentes sugerem que o crescimento produto interno bruto subiu para um ritmo de 2% no primeiro trimestre deste ano crescerá em um ritmo mais lento no segundo trimestre, afirmou ele. Bernanke disse na reunião de política monetária do mês passado, as autoridades do Fed basearem suas decisões nas expectativas de que o PIB real poderia crescer entre 1,9% e 2,4% este ano.
Ainda em junho o FED, prorrogou medidas da redução das taxas de juros, adiando o final da Operação Twist,além disso, disse que eles estavam preparados para novas ações se fosse preciso. Até um possível QE( o de número 3), mesmo sem fornecer maiores detalhes “sobre se as atuais deliberações das autoridades do Fed sobre o começo da terceira rodada de compra de bônus, frequentemente chamada de relaxamento quantitativo, ou QE 3. Ele reiterou que o BC está preparado para novas ações se necessário para dar suporte à recuperação econômica, como as autoridades monetárias anunciaram na última reunião em junho”.
Mas a maior preocupação de Bernanke é “com o enfraquecimento do mercado de trabalho, o qual as autoridades do Fed deixaram claro ser a central se eles decidirem adotar mais programas de estímulo. O presidente do Fed previu que o progresso na redução da taxa 8,2% para o desemprego do país “está muito lento”. Ele disse que fatores sazonais, incluindo um inverno quente fora do normal, pode explicar em parte a recente “perda na criação de empregos”
O desemprego, que pouco retrocedeu, é o índice mais preocupante, demonstrando que a atividade econômica teima em não voltar à plena carga, a receita, mais uma vez é inundar o mercado com dólares, captar mais recursos, atrair capital como forma de dinamizar a economia. Mesmo afirmando que “o Fed tem outras opções se não quiser expandir seu portfólio de ativos, o que inclui usar sua janela de desconto para fazer empréstimos ou mudar sua estratégia de comunicação “para falar sobre os planos futuros em relação às taxas de juros”. O presidente do Fed afirmou que não está pronto para decidir os próximos passos em relação a um estímulo adicional à economia dos EUA. “Não chegamos a uma escolha específica” se mais estímulo será necessário, afirmou Bernanke.
Ele admitiu que há um grande debate sobre a eficácia dos programas de estímulo que envolvem a expansão do balanço patrimonial do Fed, mas declarou que sua visão é que esses programas “não deveriam ser usados ligeiramente”. Ao mesmo tempo, defendeu que esses instrumentos e outros fora do padrão “ainda têm alguma capacidade de dar suporte à economia”.
Mesmo com risco inflacionário, ele disse “Eu acho que o risco de inflação é relativamente baixo”, disse, acrescentando que “existe um risco modesto” de deflação. Ao comentar sobre o restante do mundo, Bernanke não perdeu a chance de defender as atitudes do Fed. “O mundo está em um ciclo de relaxamento monetário”, afirmou a autoridade, destacando o recente movimento do Banco da Inglaterra (BoE) para expandir seu programa de relaxamento quantitativo. “O Federal Reserve não tem sido o único banco central a usar essas políticas não convencionais como instrumento” para fortalecer a economia.
Juros
A questão dos juros, sua queda, a exemplo do que o BCE é uma medida bastante provável, mesmo com taxa em 0,25%. Mas o maior problema, além do desemprego, é problema fiscal. Aqui ele foi bem específico “colocou sobre o Congresso americano o ônus de fazer mais para ajudar a economia dos EUA ao sugerir que o banco central poderá não precisar adotar uma terceira rodada de relaxamento monetário quantitativo se os parlamentares fizerem algo para ajudar a economia. Durante sessão de perguntas e respostas dos senadores em seu testemunho semestral perante o Comitê de Bancos do Senado, Bernanke disse que os passos dos parlamentares para evitarem o chamado “impasse fiscal” e outras medidas para auxiliar o crescimento econômico poderão reduzir a pressão sobre o Fed para agir novamente. “O Congresso está no comando aqui, não o Federal Reserve”, disse Bernanke quando pressionado sobre as opções de política disponíveis para o Fed estimular a economia”.
Depois “questionado pelo senador republicano Bob Corker, do Tennessee, que argumenta que cortar o déficit é mais importante do que ajudar a restabelecer o crescimento econômico nos EUA, Bernanke disse que não iria entrar no debate sobre corte de gastos ou aumento da receita. “Não sou contra a disciplina fiscal, mas temo que da forma como a lei está escrita atualmente, a redução do déficit irá prejudicar a economia num momento muito vulnerável”, alertou. Segundo ele, o equilíbrio f
iscal deve ser implementado de forma gradual”.
Ora, para os EUA, FED fala em flexibilidade fiscal, mas para o resto do mundo exige disciplina, que lição, igual ao que faz a Alemanha…este é o mundo, pelo menos de quem o domina.
Vamos supor que Dilma pegasse o superávit primário (economia para pagar juros) e aplicasse no setor produtivo, o mundo viria abaixo! Os especialista que vem isso como salutar para os americanos, europeus, aqui seria o fim do mundo.
Mestres do faça o que eu digo…