Arnobio Rocha Política Formação Humana (Post 68 – 22/2011)

Formação Humana (Post 68 – 22/2011)

Introdução

 

Pós-muro de Berlim, aqueles que militavam no campo da esquerda passaram a viver num mundo estranho, todos os sonhos e ideologia postos em xeque, a crueza do leste revelada em sua plenitude, houve dois movimentos no começo dos 90 muito significativos na militância:

1) Abandono da perspectiva socialista;

2) Reflexão e volta aos clássicos;

Por volta de 91 e 92 participava de um pequeno grupo, que se propôs a fazer esta reflexão para compreender o que houve no leste europeu, maioria de nós era “pró-soviético” oriundos do PCB. Teve companheiro que em 1986 chegou a dizer que bom mesmo não era Gorbachev, mas sim o prefeito de Moscou, Boris Yeltsin, o verdadeiro revolucionário, sabemos hoje no que deu.

Esta cegueira advinha de uma crença quase religiosa na revolução, em particular na interpretação russa do escritos de Marx, que teve em Lênin grande continuador, mas adstrito a realidade russa, mas que foi tomada como universal.

Aquele impacto de ruir todo o leste europeu fez com que vários companheiros simplesmente abandonarem a luta política, acreditando que aquela era a experiência definitiva do que se convencionou chamar de “socialismo real”. Honestamente derrotados, incapaz de continuarem a militar, se recolheram, trancaram a vida para qualquer nova reflexão.

Como sempre ocorre nestes períodos de crise, um setor que sempre militou quase como 5ª coluna, aderiu de vez ao ideário burguês, no Brasil a ruptura do PCB, já em frangalhos, liderados por Bob Freire, cria o PPS, todos sabemos os seus passos posteriores de traição e alianças preferenciais à direita (PSDB e DEM).

Volta aos clássicos

Vários de nós, em pequenos grupos e círculos intelectuais, voltaram aos estudos dos clássicos, não apenas os escritos de Marx, mas de toda a tradição humanista, revisitar os filósofos gregos, os cânones literários, as fontes únicas do pensamento humano.

Esta dolorosa tarefa no meio militante é sempre muito complicada, cheia de barreiras, parte dos dirigentes despreza a ampliação do conhecimento, pois as tarefas diárias se impõem. A baixa compreensão, da formação política e intelectual também se torna adversário deste “mergulho”.

Fizemos um roteiro longo em que buscávamos ampliar os horizontes para além da teoria política, inserindo novos desafios de entender o homem sob uma perspectiva histórica, filosófica e cultural, que abarcasse a Teoria do conhecimento humano em todos seus vastos campos.

 

 

(Texto de Introdução – escrito em 1992)

 

 

 

Origem dos Homens

 

O Comunismo Primitivo

O início dos tempos tem diversas explicações, desde a dos cristãos, segundo a qual Deus (Jeová) criou o mundo e depois o homem, a partir do barro ( Adão) e de sua costela, a mulher (Eva). Estes entes pecam perante Deus e são expulsos do paraíso – começa propriamente dita a procriação, sendo estes marcados pelo pecado original.

Já para Gregos, Egípcios e Romanos o surgimento do homem é produto dos deuses e semideuses, estes foram criados para adorá-los. Sua relação com os deuses, porém, não é a do medo (como cristãos) do pecado original – homens e mulheres mantêm relações íntimas com estes deuses. Por exemplo, Aquiles, herói grego da guerra de tróia, era filho de Tétis, uma deusa do mar com Peleu, um rei de Ftia (região grega).

Na visão dos materialistas (marxistas ou não) o homem surge, assim como o universo, do produto das transformações da matéria, sendo seu estágio mais elaborado o homem e seu cérebro, pois este foi capaz de criar condições para sua própria existência e transformação. Este processo durou milhões de anos, tendo o homem passado por diversos estágios até chegar ao que é hoje.

Alguns avanços foram fundamentais para este desenvolvimento, como a descoberta do fogo, a linguagem e o começo da vida coletiva. Logo a seguir, a descoberta da roda, as primeiras divisões do trabalho, a caça e a pesca, e depois a lavoura, tudo isso feito por todos em conjunto, talvez não por um desejo consciente de união, mas como único meio de sobrevivência. A este período conhecido vulgarmente como pré-história ou idade da pedra, nós damos o nome de

Sociedade Comunista Primitiva

 

A Divisão dos Homens

A sociedade de classes, o escravagismo, o primeiro estágio

O homem se desenvolve continuamente e surge a grande divisão social do trabalho, que passa a ser o motor de um acelerado desenvolvimento da vida: o trabalho intelectual versus trabalho manual.

Alguns homens começam a se apropriar do excedente da agricultura, pecuária e pesca, e percebem que é melhor pensar como melhor produzir e outros continuarem produzindo. No mesmo instante, nas guerras de tribos já não se libertam os presos inimigos, os quais passam a ser mão-de-obra escrava dos vencedores, dando o poder econômico maior a alguns membros.

As respostas aos fenômenos da natureza, como a lua, sol, rios etc. levam o homem a adorá-los e sendo alguns destacados para organizar estes cultos, o germe do estado-religião começa a ser plantado, as decisões coletivas já não dão respostas às novas fases de produção.

Começam a se gestar decisões individuais, e aqueles que têm seus escravos de tribo inimiga agora escravizam homens de sua própria tribo; os primeiros conflitos desta divisão precisam de autoridades para resolvê-los – eis nosso “poder” de estado em conjunto com os dos sacerdotes estruturam o estado. Em uma palavra, a revolução social está completa.

Nós devemos entender como foi importante esta divisão, pois permitiu ao homem se desenvolver em escala nunca experimentada, se desenvolvem as ciências – a medicina, a astronomia, a matemática, a física – surgem os primeiros filósofos, literatos, historiadores. O mundo se livra da ameaça simples de destruição catastrófica produzida pela natureza, que o homem passa a dominar. É o senhor dos mares, das terras e dos ares.

É neste contexto que vamos estudar a sociedade escravagista: Sua literatura, a história e filosofia da época, a política e a economia

Estudo da Teoria do Conhecimento Humano (corte ocidental)

 

Parte I

Sociedade Escravagista

 

Modulo I – Literatura

Homero: Ilíada e Odisséia

A) Épicos                   Virgílio: Eneida

Heródoto: História

B) Mitologia     Hesíodo: Teogonia e O trabalho e os dias

C) Costumes    Suetônio: A vida dos doze Césares

Modulo II – Teatro

Sófocles: Prometeu Acorrentado

Ésquilo: Oréstia

Eurípedes: As Bacantes

Modulo III – Filmes

Fellini: Satirycon

Pasollini: Medeia

Roma (mini serie – acrescida hoje)

Stanley Kubrick: Spartacus

Modulo IV – Filosofia

Platão: Fedro

Aristóteles: Ética a Nicômaco

Modulo V – Política e Estado

Plutarco: Alexandre e César, vidas comparadas

Tácito: Os anais

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0 thoughts on “Formação Humana (Post 68 – 22/2011)”

  1. Parabéms, Arnobio !!! Sou testemunha dca sua incessante e fundamental luta para que a militância volte a estudar os clássicos ! Sem essa indispensável base teórica qualquer análise da realidade contemporânea será sempre superficial e desprovida de racionalidade !
    Abs
    Jorge
    jaer51

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