2538: IA, entre Cila e Caríbdis!

Qual deles é humano?

“Quantos, na nau Sensualidade, que sempre navega com cerração, sem sol de dia, nem estrelas de noite, enganados do canto das sereias e deixando-se levar da corrente, se iriam perder cegamente, ou em Cila, ou em Caríbdis”. (Sermão de Santo António aos Peixes, Padre António Vieira).

É manhã, numa segunda-feira de fevereiro, andando a pé por Brasília rumo ao trabalho vou ouvindo a doce e sedutora música do gênio mexicano, Carlos Santana (Samba pa ti), os acordes, a vibração, o swing, tudo tão perfeito e intenso, a mente viaja para lugares inimagináveis, impossível, não obstante, de se desligar das nuvens carregadas no horizonte, não apenas em aqui, mês de tanta chuvas e trovoadas, mas no mundo incerto e explosivo.

Em tantas épocas a humanidade esteve perto de seu fim apocalíptico, especialmente com o domínio da tecnologia das bombas nucleares, as mais de 10 mil ogivas que possuem os EUA e a Rússia, que podem em pouco tempo destruir o planeta. Esse risco e crises atravessaram décadas na chamada guerra fria, daquele mundo bipolar, a disputa entre as potências nucleares, que fomentou o extremo desenvolvimento bélico e destrutivo, bruto e fatal.

Ninguém nunca apertou o botão do F…-se, ainda.

Por outra mão, não pacífica, subvertendo à ficção científica, em que as máquinas sempre se rebelam contra a humanidade, parece que o oposto é que se faz necessário e urgente.

A humanidade tem que se rebelar frente às maquinas, ou a apropriação dos valores por máquinas, controladas por um punhado de Plutocratas, uma fusão funesta entre um pequeno grupo de trilionários (Big Techs e superbanqueiros) e o governo dos EUA, a maior potência (militar, nuclear, econômica e tecnológica) do planeta, aliás, esse pequeno grupo domina a cozinha da Casa Branca, a Governança e Inovações, além do FED e Tesouro. Como estes controlam o mundo, de forma aparentemente sutil?

Para além do Poder da força bruta, das armas e do Capital, o avanço da tecnologia nos últimos 50 anos, teve seu ponto de superior qualidade nos últimos 20 anos, com a Internet de caráter massivo, conectando cérebros dos confins do mundo, aos de megalópoles cosmopolitas, unido as mentes do sertão seco do nordeste brasileiro, do Saara, dos Balcãs, do Paquistão, ao hype de Nova York, de Shangai, da Faria Lima, da City londrina. Toda essa inteligência do presente e do passado, sugada pela alta tecnologia das GPUs da Nvidia, dos Chipsets da Qualcomm, da Intel, ou holisticamente conectadas pela open source da Deepkeek chinesa.

A assim chamada Inteligência Artificial, uma superconcentração de poderosos computadores, conectados e preparados para processamento integrado como poucas vezes vista, rodando numa camada de dados altamente veloz, em limites inacreditáveis, podem não ser “inteligência”, mas dá resposta e consegue absorver o conhecimento e as expressões de toda a humanidade, nos mais remotos lugares em que se vive, em suas mais variadas condições de vida e de modo de viver, pensar, imagina, elaborar, sentir e de narrar a sua trajetória única nesse planeta, que em oposição ao extremo poder de conhecimento, vai lhe vender o obscurantismo mais cruel, o negacionismo, por exemplo, da vacina, ou mesmo da história e da filosofia.

Esse é o barco de Odisseus que ruma para navegar entre Cila e Caríbdis, enquanto o canto das sereia é entoado em alto bom e refinado som, pelo coro formado por Musk, Zuckerberg, Bezos, Huang. Como resistir se estamos dia a dia mais amofinados nas suas redes sociais, desesperados para encontrar Penélope, Ariadne, Helena, Jasão, Aquiles, pode ser Jolie ou Brad Pitt, mas a vida diz que no máximo seremos empresário de nós mesmos, no ifood ou no Uber, mas somos LIVRES, eles repetem e acreditamos.

Temos a “Liberdade” de sonhar o sonho deles, alimentar seu über poder, acordar miseravelmente e continua a produzir para os mesmo e sempre.

Ora, texto saído do diálogo com Carlos Santana

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Author: admin

Nascido em Bela Cruz (Ceará - Brasil), moro em São Paulo (São Paulo - Brasil) e Brasília (DF - Brasil) Advogado e Técnico em Telecomunicações. Autor do Livro - Crise 2.0: A Taxa de Lucro Reloaded.

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