Arnobio Rocha Estado Gotham City Agentes do Caos – A Teoria da Conspiração dos Democratas.

Agentes do Caos – A Teoria da Conspiração dos Democratas.


A Teoria da Conspiração dos Democratas, justificando uma derrota.

Agentes do Caos, da HBO, dirigido por Javier Alberto Botero, é um documentário que analisa as eleições dos EUA de 2016, mostrando como a máquina de fakenews foi azeitada e como houve criação de Teorias da Conspiração para todos os gostos, inclusive, para a tese central do documentário:

A influência decisiva dos russos para desacreditar a democracia dos EUA.

O documentário da HBO é longo, tem duas partes, junta várias teses sobre o papel da internet nas democracias, os acervos de informações coletadas nos sites (metadados) sobre comportamentos e preferência, entre elas, política. Mostra como funciona a deep web, traz algumas revelações interessantes, especialmente a confusão ideológica de alguns personagens, que viraram ícones no ativismo digital.

Tem uma parte meio tosca que tenta demonstrar como funciona a máquina russa de Hackers, parece meio caricatura, até difícil de acreditar, tente superar esse começo, pois o que virá a seguir é bem interessante sobre como funciona o sistema eleitoral dos EUA e como é confuso o funcionamento do próprio governo dos EUA.

Trago aqui alguns apontamentos do documentário, que vale uma ampla discussão política.

Num dos episódios da eleições, mostra um imbróglio do Wikileaks/Assange que reforçaram uma farsa republicana, que acusava Hillary Clinton pela morte, num assalto, do ativista Seth Rich, que teria vazado informações para Wikileaks.

No pior momento da campanha de Trump, que poderia destruir suas chances, quando apareceu um vídeo do Trump falando sobre as mulheres, quando ver uma linda mulher, vai beijar e apalpar sua vagina. Horas depois, o Wikileaks solta o caso dos “e-mails de Hillary Clinton”, o que claramente tornou as inconfidências canalhas machistas de Trump em nada. A quem servia o wikileaks? É uma das perguntas do documentário.

Há graves acusações das relações de Assange com personagens ligados à extrema-direita dos EUA, a própria “falsa” história de Seth Rich fosse fonte de Assange é um complicador, pois ele não era a fonte, mas Assange tratou como sendo, isso criou um clima de maior desconfiança de ele foi assassinado por obra dos Clintons. O vazamento dos e-mails de Hillary Clinton, apenas 29 minutos depois do vídeo de Trump sobre as mulheres, é outro.

Esse episódio, do Seth Rich, desconhecido por nós no Brasil, ganhou densidade na campanha pois saiu do ambiente de internet e foi amplificado pela Fox News, a porta-voz da campanha Trump, a teoria da conspiração de internet, virou “verdade” na grande mídia, engraçado que a Fox News usa esses termos: A teoria da conspiração é verdadeira.

O documentário, que mira nos russos, afirma que após as eleições Steve Bannon continuou explorando a morte de Seth Rich, com mais poder, pois tinha a “chancela” da Casa Branca, mas quem foi o mentor intelectual, tinha sido mesmo o SVR (Foreign Intelligence Service) Serviço de Inteligência Russo.

Para esse os produtores do “Agente do Caos” a Rússia (Putin) corrompeu as eleições dos EUA em 2016, através de hackers, de um super serviço de inteligência, que pegou a inteligência dos EUA completamente desarmada, incapaz de combater a “invasão” russa.

No fundo, o documentário, diz que a Rússia corrompeu as eleições do EUA com apoio e conivência dos Republicanos, que a eleição de Trump só seria possível daquela forma, um pragmatismo que na verdade era uma traição ao país, pois a soberania estava sendo atacada pelos russos, ao hackear ou tentar o sistema eleitoral dos EUA.

Há questões para se pensar, por exemplo, havia, em 2016, 17 (DEZESSETE) agências de Inteligência nos EUA, o que isso quer dizer? Que não há nenhuma, muita gente fazendo a mesma coisa, ou agência que fiscaliza agência, uma burocracia, que tem tudo, menos inteligência, num cenário assim, arruma-se um CULPADO, de preferência um que seja assimilável e visto como “bad guy”, os russos, por excelência.

A incompetência interna, dos EUA, ficou evidente, o sistema eleitoral ultrapassado, cheio de vícios, nada democrático, esgotado, corruptível e passível de questionamento, enfrentou um inimigo real, as fakenews, as teorias das conspirações, agora propaladas para milhões, tudo isso pôs em xeque o sistema, o mainstream (demoratras) prefere a saída simples, culpar os russos, mais ou menos como os republicanos, culpam os muçulmanos, eixo do mal.

Na verdade, uma campanha suja, sem nenhum princípio básico, favorece o mais baixo, o especialista em mentiras, não precisaria de “reforço” russo. O documentário trata a derrota dos Democratas, como uma conspiração, não como parte do fracasso do modelo eleitoral, de como as redes sociais têm poder destrutivo e é mais fácil culpar os russos, pelo próprio fracasso.

A reposta foi dada em 2020, os mesmo personagens, com resultado distinto, como explicar?

 

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