Arnobio Rocha Política Lula e Alckmin – A provável chapa?

Lula e Alckmin – A provável chapa?


Lula e Alckmin se aproximam por uma aliança presidencial e nos estados.

Os rumores de uma possível aliança de Lula e Alckmin tem dado combustível a um animado debate na esquerda, em especial. Os professores de deus e da esquerda de verdade, já deram seus vereditos, condenando-a, no alto de seus conhecimentos teórico de tudo, e de seus deslocamentos do mundo real e fático, apenas baseados em pesquisas e números, num cenário eleitoral distante.

Dessa pequena tribuna, proponho uma reflexão e fazer um retrospecto dessa década perdida, buscando respostas sobre a viabilidade de tal aliança, e, principalmente, por que descemos tanto, a ponto de enxergar Alckmin como solução?  Caso seja esse o caminho que Lula e seus aliados tomarão.

Todos os caminhos levam a Roma, diziam os antigos, para o Brasil, nesses últimos 32 anos, todos os caminhos levaram a Lula. O irresistível personagem vindo das camadas mais baixas da população, continua a encantar e ser fator decisivos eleitoral, o líder do Partido dos Trabalhadores, que venceu 4 eleições, foi ao segundo turno em duas, e foi segundo colocado em mais duas, ainda demonstra apetite e disposição para mais uma eleição presidencial em que desponta como favorito, até agora.

As condições são peculiares, bem distintas de todas as outras vezes, não se compara a nenhum dos outros cenário eleitorais, o que requer uma nova tática, pois o enfrentamento com o neofascismo produto da onda ultraliberal que varreu o mundo na década de 10, que aportou no Brasil, de contrabando, nas famigeradas jornadas de junho de 2013.

A crescente derrota da democracia e da política, imposta pelos ventos da extrema-direita, criou uma situação de catástrofe com a perda de direitos fundamentais, sociais, trabalhistas e de destruição de instituições, conselhos, políticas públicas, uma verdadeiro “APAGÃO” Institucional, numa célebre frase cínica de Ayres de Brito, ex-presidente do STF, de que o Brasil vive uma “pausa democrática”.

Essa anestesia política, que levou a um golpe do impeachment sem crime de responsabilidade, teve a participação decisiva do Judiciário em geral, emparedado pela “Lava Jato”, o empoderamento dos demagogos do MP, no falso moralismo de “combate à corrupção”, quando na verdade, foi um movimento que desmoralizou as instituições e destroçou a Economia, quebrando os setores de construção civil pesada e do petróleo, o resultado é a vertiginosa queda do PIB e da importância do Brasil, no cenário econômico mundial, mero coadjuvante.

O melancólico ano de 2021, depois do trágico 2020, teve como precedente o desastroso primeiro ano do bolsonarismo, o irmão siamês do lavajatismo, no governo, uma tragédia para classe trabalhadora e para o povo em geral.

Nem mesmo as revelações das manipulações da lava jato foram capazes de derrubar esse arremedo de governo, ao contrário, consolidou a mediocridade no poder, incapaz de combater uma Pandemia e por sua incompetência e irresponsabilidade ceifou a vida de mais de 620 mil brasileiros e brasileiras, desfazendo lares, sonhos e vida, produzindo mais de 300 mil órfãos e órfãs.

É nesse cenário caótico que Lula ressurge como a esperança de mudar o rumo e colocar o Brasil nos trilhos novamente. Ele que foi a maior vítima desses anos canalhas, perdeu sua liberdade por processos e métodos comprovadamente fraudulentos, simplesmente para afastá-lo das eleições de 2018, em que, mesmo preso, conseguiu reerguer o PT e levar Haddad ao segundo turno.

A situação é gravíssima, a fome e a miséria voltaram com força, assim como a inflação, do ponto de vista político não se está livre de novos golpes ou de fraudes via fakenews, de manipulações grosseiras, a vantagem em pesquisa eleitoral, não significa que é definitiva, vide exemplo do Chile e mesmo dos EUA, quando Trump quase se reelegeu, não se pode subir no salto.

A corrida para ser o candidato ultraliberal, anti-Lula, promete ser baixa e animada, Moro de chapéu de couro nordestino, declamando poesia com sua completa falta de capacidade verbal, dias piores e imagens piores, virão. O candidato já se reuniu com os donos do Itaú, com Eduardo Leite, o candidato derrotado das prévias do PSDB, que teve como feito, ficar à Direita do (Bolso)Dória, que lástima.

 

UM PAÍS EM FRANGALHOS

 

O governo extremista de Bolsonaro e Guedes (um Delfim medíocre), ambos governam apenas para os Ricos, radicalizou os ataques contra o que sobrou de Direitos sociais e trabalhistas, sem gerar nenhum novo emprego ou fonte de renda que pudesse segurar o aumento explosivo da miséria e a fome, que voltaram ao cenário do Brasil.

O preço dos combustíveis, do gás de cozinha à gasolina, com aumento de mais de 50% em dois anos, mesmo com os preços internacionais em queda, a dolarização dos preços é uma armadilha que demonstra a perda de capacidade de controlar os preços ao consumidor. O efeito é deletério em toda cadeia produtiva, perceptível até em questões menores como a dificuldade de se pegar um Uber, pressiona o preço das tarifas dos transportes públicos, passagens de transportes terrestres e aéreos.

O mais dramático para a população mais pobre, além do preço gás de cozinha, são os preços dos alimentos, o churrasco da laje de anos atrás, virou o desespero para comprar OSSOS nos açougues, para virar caldo, literalmente se rói o osso. Ir à feira livre é uma aventura, só é possível na hora da “xepa”, pois nem preço da banana é barato, afinal 10 reais por uma dúzia, ou 8 reais numa dúzia de laranjas, não está fácil pagar.

Os supermercados estão vazios, aquele fenômeno de mercados e shopping lotados, nem a pandemia explica o sumiço do consumidor, são os preços astronômicos, a malandragem empresarial de diminuir o volume dos produtos com o “mesmo” preço, caso de biscoitos, bolachas, papel higiênico, laticínios, ou mudança de qualidade de arroz, feijão, produtos básicos da mesa brasileira.

É fato inconteste de o Brasil empobreceu de forma acentuada nos últimos 5 anos, o emprego substituído pelo subemprego, ou “empreendedor” uberizado, desemprego massivo ou precarizado, com todos os direitos retirados por Temer-Bolsonaro, a situação é catastrófica. Na outra ponta cresceu o número de bilionários no Brasil.

A luta principal hoje é contra a FOME e contra a Carestia, contra os preços em forte alta, a Inflação descontrolada, que atinge os mais pobres e as classes médias, os preços de aluguéis, de serviços e consumo. As pessoas desmaiam nas filas de atendimento de saúde, vitimadas pela fome, é um duro retrato desta triste realidade.

A ALIANÇA LULA-ALCKMIN

 

É preciso, primeiro, descartar o “efeito temer”, sob minha ótica, são situações diferentes e personagens distintos, qualquer aliança hoje, não importa com quem, serão sob condições bem mais rebaixadas e complexas.

A dura realidade brasileira precisa ser respondida pela Esquerda, como enfrentar uma eleição tão complexa, ainda sob a hegemonia do ultraliberalismo, sem uma aliança com o centro-direita? É possível vencer sem se submeter a uma aliança com Alckmin? O que ele pode trazer de positivo para a candidatura do ex-presidente Lula.

O ex-governador de São Paulo, por 4 vezes, concorreu a presidência em 2006, indo ao segundo turno com o próprio Lula, depois teve menos de 5% dos votos, na última eleição, sendo traído ainda no primeiro turno por seu partido, PSDB, em particular por João Dória, que passou a apoiar o candidato fascista, Bolsonaro, o amor Bolso-Dória, durou pouco.

Geraldo Alckmin é um político conservador, suas posições no PSDB eram mais à direita, ligado a direita católica da Opus Dei, fato nunca desmentido por ele e aliados. Trabalhou com linha dura e conservadorismo nos seus governos, como o promotor Saulo de Castro, o desastroso secretário de segurança pública, truculento e incompetente.

Ao mesmo tempo é visto como bom gestor, sem deixar nada marcante, tem obras tocadas e manteve a capacidade de indução do Estado na economia, mesmo sendo responsável por entrega de empresas públicas ao capital privado, tem força no meio empresarial e de certa forma, ajudaria no diálogo com os setores mais conservadores refratários ao Lula e ao PT.

O debate é longo, mas, obrigatoriamente, passa pela necessidade de derrotar o neofascismo, a reconstrução do Brasil, completamente destruído, uma clara carta de intenções e compromissos, para evitar golpismo, tramoias e que se garanta as políticas chaves de garantias de direitos e de recomposição da Democracia e da Política.

Tal chapa, aliança, terá reflexo em São Paulo, Rio de Janeiro e em alguns estados do nordeste, inclusive na política de “federação de partidos”, para eleições ao congresso e nas assembleias legislativas estaduais, é um quebra-cabeça, mas abre essa possibilidade ampla.

Nem um caminho é fácil, nunca foi, não será agora.

PS: Caso se confirme tal aliança, não nos surpreendamos uma aliança de Moro-Ciro, a conferir.

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