Arnobio Rocha Reflexões Nuvem Passageira…

Nuvem Passageira…


Nuvem, neblina e nevoeiro, frio e cor.

Eu sou nuvem passageira
Que com o vento se vai
(Nuvem Passageira – Hermes Aquino)

 

Por volta dos sete anos de idade tive o meu primeiro contato com o frio. Nasci no interior do Ceará, terra do sol, muito quente, na sombra, nem de perto imaginava o que era frio, apenas nos livros de literatura ouvira falar sobre temperatura baixas, neve, agasalhos, essas coisas, mesmo assim, pela tenra idade não pensava em experimentar essa sensação térmica.

Eis que um dia meus pais foram visitar um casal de amigos em Ubajara, um cidade na serra do Ibiapaba, nem sei a razão de tal visita, nem por que acabei indo nessa viagem. É preciso um detalhe, viajar com meu pai, sempre era uma aventura, nem sempre muito agradável para as crianças. Vale até um pequeno parêntese.

Papai saía da nossa Bela Cruz, por exemplo, para ir visitar meu avô materno em Santana do Acaraú, coisa de 50 km, saímos pela manhã cedo (umas 5 da madrugada, meu pai era rígido na hora sair, mas não tinha hora para chegar), quase sempre, lá pelas 19 horas, enfadado, morto de sono e cansaço, parávamos na porta do vovô.

Dessa feita, saímos mais cedo, e chegamos muito rápido, pelos mais de 200 km, para hora do almoço, um recorde. Mas a surpresa, para mim, é que íamos subindo a serra e uma experiência nova, a sensação de frio, e à medida que seguíamos, o frio aumentava, e uma névoa que parecia que estava nas nuvens, mas não tinha chuva e eu não entedia nada.

Durante a viagem, num “toca-fitas” (os mais novos nem têm ideia do que seja isso), uma música grudou na minha mente “Nuvem Passageira” (Hermes Aquino), famosa por conta da novela “O Casarão”. Aqueles versos chicletes, ressoam agora, como se estivesse no carro, principalmente com um novo clima que eu passei a conhecer, o frio, mesmo no Ceará, no momento, em São Paulo.

Hoje, 45 anos depois, essa música ganha um outro significado, a metáfora é bem mais interessante, sobre o que somos, como surgimos, e quando saímos de cena. Entender que somos apenas passagem, não nos fixamos em cargos, posições. Somos como cristais bonitos, mas que se quebram quando caem, é exatamente isso. E mais:

Por isso agora o que eu quero é dançar na chuva
Não quero nem saber de me fazer ou me matar
Eu vou deixar em dia a vida e a minha energia

Vamos em frente sempre, que venha um novo ano e um novo desafio, nem que seja apenas o desafio de viver.

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