Arnobio Rocha Política Prêmio João José Sady a importância dos Direitos Humanos para São Paulo.

1785: Prêmio João José Sady a importância dos Direitos Humanos para São Paulo.


O importante prêmio de Direitos Humanos João Sady, instituído pelo Sindicato dos Advogados de SP

Há dias em que a sorte lhe sorri de forma surpreendente e aleatória, por mero acaso aparece na sua frente algo bom e que compensa vários momentos difíceis.

Ontem foi assim, no final do dia fui convocado para representar a Dra. Ana Amélia Camargos, vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP,  no evento de entrega do prêmio de Direitos Humanos João José Sady, do Sindicato dos Advogados de São Paulo (SASP).

O que já era uma honra representar a Comissão de Direitos Humanos num evento tão importante do nosso Sindicato, virou extrema responsabilidade, pois teria que homenagear um dos laureados com o prêmio, justamente o Padre Júlio Lancelotti, hoje, sem dúvida, o maior ícone dos Direitos Humanos e da dignidade humana de São Paulo, quem sabe do Brasil.

A responsabilidade era enorme, dias antes, tinha acompanhado a Dra. Ana Amélia na entrega em mãos do Prêmio, durante a missa de domingo do Padre Júlio Lancelotti, ele nos recebeu e foi um momento de intensa emoção, a fala da Dra Ana Amélia e a resposta de agradecimento dele, lembrando que o agraciado não era ele, mas a luta que representa, o povo em situação de rua e os vulneráveis da cidade.

Os premiados da noite ali presentes, símbolos de uma cidade tão complexa, a Deputada Luiza Erundina, com o vigor e intensidade aos 86 anos. A paraibana que veio para São Paulo e se engajou na luta pela cidadania e virou sua prefeita, uma das mais importantes da sua história, lembrada e respeitada por sua rica trajetória, incansável e tão lúcida nas palavras e na dedicação à luta por uma sociedade humana e solidária.

O advogado Sinvaldo José Firmino, diretor do sindicato dos advogados, outro grande símbolo da luta pela igualdade racial, uma linda história, tão comum em nossa cidade, das famílias expulsas do campo pelo latifúndio no nordeste, que enfrentam a luta pela sobrevivência e o Dr. Sinvaldo, contra todas as estatísticas, vence, torna-se advogado e militante em defesa de seu povo e não nega suas origens.

Em memória, o advogado e militante das causas populares, o ex-deputado José Mentor, por coincidência meu vizinho de bairro, uma trajetória extraordinária, da militância estudantil, depois advogado dos bairros e comunidades, que se torna líder político, fundador do PT e seu deputado estadual e federal. Infelizmente nos deixou no ano passado, vítima do Covid-19. Minha querida amiga Graça Mello, companheira do Mentor, minha mestra, fez uma saudação emocionada e tão cheia de amor e vida.

Uma seleção de craques, de pessoas com trajetórias e histórias ligadas às pessoas mais simples, os mais vulneráveis e me sentia cada vez mais pequeno, o que direi ao Padre Júlio? O que disser será pouco, ele é merecedor de sempre mais, por tudo que representa.

Chega minha vez, abri meu coração ao dizer que ver o Padre Júlio Lancelotti nas ruas, sem medo, nesses mais de 30 anos em que moro em São Paulo, sempre foi uma inspiração para mim. E que é exemplo para nosso trabalho na Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP, e no Núcleo de Ações Emergenciais e de Direitos Ameaçados.

Ele nos é inspirador ao criar o projeto conjunto da CDH e SASP, dos “Observadores Institucionais”, em que advogadas e advogados saem às ruas para defender os direitos ameaçados, em manifestações, atos políticos, culturais, nos embates de moradia, nas violências que acontecem nas comunidades, nas ruas. Os Observadores servem de mediadores entre manifestantes, populares, cidadãos e o poder público e suas forças de segurança.

Padre Júlio nos ensina a ter altivez, defender o direito e que as pessoas tenham garantias de se manifestar, de fazer seus atos políticos, culturais e esportivos, como fazemos nos plantões jurídicos, na parceria da CDH com o SASP. De certa forma repetimos a atuação do Padre Júlio, que é tornar a cidade mais humana, defender a dignidade das pessoas, acolher os mais vulneráveis e evitar mais violência e violações.

Foi tão rápido que não sei se falei isso, mas era o que deveria e queria dizer a ele e aos demais.

O SASP, seu presidente Fábio Gaspar e a diretoria, estão de parabéns, pela justa homenagem a todos eles, por instituir um prêmio tão importante, dando o nome do grande João Sady, um lutador pelos Direitos Humanos, num momento de tantos ataques à vida e a dignidade humana.

Agradeço à vida essa oportunidade. Obrigado, Padre Júlio Lancelotti.

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